Inflação: o que é e como isso impacta a sua vida?

Tempo de leitura: 7 minutos

Dinheiro, reais
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Inflação é a explicação para o aumento dos preços de bens que consumimos e de serviços, como aluguéis ou transportes, por exemplo. Dependendo do momento, ela reduz o poder de compra de nosso dinheiro com maior ou menor intensidade.

Mas o que causa a inflação? Por que ela existe, e quais os seus efeitos na economia? Dá para controlar a inflação? Será que ela é sempre ruim?

Nesse conteúdo, você saberá mais sobre esse fenômeno tão temido e presente na vida das pessoas. Continue a leitura e confira!

O que é inflação?

Como vimos, a inflação está relacionada à alta generalizada de preços de bens e serviços em um determinado período. Vale destacar que o fenômeno não se refere ao aumento de preços de determinados itens, mas sim a um conjunto de bens e serviços considerados importantes no nosso dia a dia.

Esse conjunto se chama “cesta de produtos”, e é formado por itens como alimentação, moradia, saúde, transportes, educação e outros gastos pessoais. Nesse sentido, o que determina quais itens farão parte dessa cesta é justamente os hábitos de consumo da população. Dessa forma, quando mudamos esses hábitos, mudam também os componentes que se utilizam para medir a inflação.

O que causa a inflação?

O reflexo da inflação é um só: a alta de preços, que sacrifica nosso poder de compra ou, em outras palavras, desvaloriza a nossa moeda. No entanto, esse fenômeno pode ter diferentes origens, e entender isso é o ponto de partida para que os governos ao redor do mundo tracem estratégias eficientes de controle.

A seguir, falaremos sobre algumas das principais causas da inflação: aumento da demanda, aumento dos custos, taxa de câmbio elevada, emissão de moeda e falhas nas políticas governamentais. Acompanhe.

Inflação de demanda

Quando o consumo de bens ou serviços aumenta e não há um volume suficiente desses itens para atender a todas as pessoas, temos o que se chama de inflação de demanda.

Em outras palavras, a falta de bens e/ou serviços gera uma disputa por parte dos consumidores. Por sua vez, as empresas, ao perceberem essa disputa, aumentam os preços dos seus produtos, pois sabem que, independentemente dos valores altos, as pessoas não deixarão de consumir.

É importante ressaltar que a inflação de demanda não é, necessariamente, algo ruim. Isso porque ela costuma ocorrer em momentos de expansão econômica, e, dessa forma, pode indicar um aumento do nível de renda da população.

Quando ocorre inflação de demanda, o governo pode atuar basicamente de duas formas para controlá-la. Uma delas é com o aumento da oferta, por meio do estímulo à produção. No entanto, esse processo não é rápido, pois muitas vezes, para aumentar capacidade produtiva, as empresas precisam fazer investimentos.

A outra maneira de controlar a inflação de demanda é pelo aumento da taxa de juros. Nesse caso, quando o dinheiro se torna mais caro, as pessoas reduzem o consumo, e isso tende a equilibrar novamente a demanda.

No conteúdo abaixo, explicamos detalhadamente como e por que os juros sobem ou caem de acordo com a inflação:

Inflação de custos

Também chamada de inflação de oferta, a inflação de custos acontece quando fica mais caro produzir um bem ou fornecer um serviço. Nesse caso, os preços sobem mesmo se a demanda permanecer estável.

Um dos exemplos mais comuns de inflação de custos é o aumento do petróleo no mercado internacional. Isso porque a commodity é utilizada como matéria-prima em diversas indústrias, e também influencia o preço dos transportes. Logo, eventos que mexem com o preço do petróleo (como guerras ou sanções internacionais, por exemplo) acabam gerando reflexos não só na bomba de combustível, mas em inúmeros setores da economia.

É importante notar que isso vem acontecendo recentemente, com a alta do preço da gasolina superando mais de 70% nos últimos três anos nas refinarias. Essas altas tem se refletido em um aumento generalizado dos preços, muito por conta do aumento do preço do frete dos produtos internamente. Uma alta da gasolina, portanto, acaba “contaminando” vários outros setores por conta dessa transmissão de preços.

Taxa de câmbio elevada

Uma taxa de câmbio elevada estimula exportações, o que traz benefícios para a economia do país. Por outro lado, o dólar mais alto também encarece produtos e serviços, principalmente quando um país não é autossuficiente na produção de determinado insumo.

Por exemplo, o Brasil precisa importar mais de 60% do trigo que utiliza. Com o dólar mais alto, a tendência é que todos os produtos que dependem dessa matéria-prima (como o pãozinho de todo dia) também fiquem mais caros. Uma alta da moeda americana acaba, então, gerando aumento do preço de produtos importados ou que são precificados externamente, mesmo que a produção seja nacional.

Emissão de moeda

Basicamente, o governo emite moeda para manter uma quantidade de dinheiro em circulação que atenda à demanda das pessoas. Isso significa que o volume de dinheiro em circulação deve ser compatível com o ritmo da economia.

De tempos em tempos, as cédulas e moedas danificadas precisam ser substituídas. Nessa situação, não há expansão monetária, somente a troca do dinheiro em circulação.

Porém, em determinadas situações, um país emite moeda não para substituição, e sim para impulsionar a economia. Foi o que vimos, por exemplo, na fase mais crítica da pandemia, quando governos precisaram incentivar a atividade econômica a fim de evitar uma recessão. No entanto, se não há um limite para a emissão de moeda, o excesso de dinheiro em circulação pode provocar uma alta generalizada nos preços. Isso porque dinheiro em excesso aumenta a demanda por consumo. E, como vimos, quando a quantidade de consumidores é maior do que a de produtos e serviços, isso joga os preços para cima.

Falhas nas políticas governamentais

Instabilidades políticas e excesso de gastos públicos são deficiências que podem provocar ou acentuar a inflação, principalmente em países emergentes.

De forma geral, a economia desses países é fortemente dependente de capitais estrangeiros. Logo, crises políticas, sociais ou financeiras colocam em risco a estabilidade econômica dessas nações. E o motivo é simples: ao sentir insegurança, investidores estrangeiros migram seus recursos para locais mais estáveis. Com menos dinheiro disponível na economia, empresas reduzem a produção, e isso pode levar ao desemprego e à inflação de demanda ao mesmo tempo.

Além disso, se essas crises acontecerem em grandes produtores de commodities, teremos também uma inflação de custos. Como vimos, a escassez de matéria prima também faz subir os preços, mesmo que não haja aumento na demanda.

Outra falha de política governamental que pode causar inflação são os gastos públicos. Da mesma forma que o setor privado, os governos também precisam financiar os seus gastos. Por exemplo, programas sociais e subsídios governamentais melhoram a infraestrutura de negócios e aquecem a economia.

No entanto, se o poder público gastar mais do que arrecada, as chances de isso causar uma alta generalizada dos preços são grandes. Para cobrir altos gastos, o governo tem basicamente duas opções: emitir mais moeda (cujas consequências vimos anteriormente) ou aumentar a arrecadação.

Ao aumentar a carga tributária, empresas repassarão esse gasto adicional aos preços de seus produtos. Consequentemente, os consumidores sentiram esse aumento no bolso, e, dessa forma, já temos um quadro de inflação.

Como medir a inflação?

Podemos monitorar a inflação por meio de índices relacionados aos preços de bens e serviços. Cada um desses índices considera diferentes aspectos, como itens, regiões, faixa de renda da população, entre outros.

Os índices de inflação mais conhecidos são o IPCA e o IGP-M, pois são os que mais impactam o nosso dia a dia.  A seguir, veja como cada um deles funciona.

IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo)

O IPCA, calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) todos os meses, é utilizado pelo governo para avaliar se a meta de inflação está sendo cumprida. Por isso, ele é considerado o índice oficial da inflação brasileira.

Quando ouvimos que a inflação de um determinado período foi de “X%”, é justamente sobre a variação do IPCA que se está falando. Mensalmente, o IBGE faz uma pesquisa sobre o que consomem as famílias que ganham entre um e 40 salários mínimos. Essa pesquisa contempla itens de primeira necessidade de naturezas diversas, como saúde, alimentação, moradia, vestuário, transportes, entre outros.

Para detalhar ainda mais a medida da inflação, o IPCA possui duas subdivisões: o IPCA-15 e o IPCA-E. O primeiro também é calculado mensalmente, servindo como uma prévia para o IPCA. Nesse caso, a diferença está no período de corte, pois o IPCA-15 abrange dois meses seguidos – os dados são coletados do dia 16 do mês anterior ao dia 15 do mês corrente.

Já o IPCA-E (Índice de Preços ao Consumidor Amplo – Especial) faz um balanço trimestral da inflação do país, representando o acumulado de cada trimestre do IPCA-15.

IGP-M

Por sua vez, o IGP-M acompanha os preços praticados no varejo, atacado e construção civil. Calculado pela FGV (Fundação Getúlio Vargas), ele contempla não só os itens que chegam ao consumidor, mas também todos os custos envolvidos na cadeia produtiva. Dessa forma, ele é considerado um indicador mais abrangente do que o IPCA.

O IGP-M esse é o referencial mais utilizado para o reajuste de contratos, aluguéis, energia elétrica, mensalidades escolares e outros serviços considerados essenciais. Por isso, é comum ouvirmos referências sobre ele como “índice do aluguel” ou “inflação do aluguel”, por exemplo.

E dá para se proteger da inflação?

Por mais assustadora que possa ser a inflação, a boa notícia é que dá sim para proteger o patrimônio da alta dos preços. Algumas das possibilidades são os títulos atrelados a índices de inflação, conforme veremos a seguir.

Tesouro Direto

Atualmente, há três títulos públicos federais que têm parte dos seus rendimentos atrelados à inflação: o Tesouro IPCA+, o Tesouro RendA+ e o Tesouro Educa+.

O Tesouro IPCA+ é o mais antigo do programa, e oferece duas alternativas de resgate: ou o investidor recebe juros a cada seis meses e principal no final, ou todo o montante capitalizado no resgate do título. A primeira forma pode ser interessante para quem busca renda passiva nos investimentos. Mas se puder esperar para resgatar todo o valor no final, o ganho será maior, pois a aplicação se beneficiará mais do poder multiplicador dos juros compostos.

Já o RendA+ e o Educa+ foram criados com o objetivo de formar uma renda mensal para o futuro. Ambos funcionam praticamente da mesma forma; o que muda são os prazos de acumulação e de conversão (resgate) de cada um.

Renda fixa bancária e privada

Na renda fixa de emissão bancária, também podemos encontrar Certificados de Depósito Bancário (CDBs) e Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs) com parte da remuneração atrelada à variação do IPCA. O mesmo ocorre com títulos de crédito privado, pois algumas debêntures e Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs) também podem ter os rendimentos vinculados ao índice.

Renda variável

Alguns fundos imobiliários possuem contratos atrelados ao IPCA e ao IGP-M, e, por isso, os seus rendimentos podem se beneficiar com o aumento da inflação. Isso também acontece com ações de companhias que fornecem produtos ou serviços reajustados por índices inflacionários.

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