Perspectivas para a Selic e mercado internacional: o que dizem os analistas da Terra Investimentos

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Imagem mostra reais e remete a como investir de acordo com a taxa Selic
Imagem mostra reais e remete a como investir de acordo com a taxa Selic

Nas vésperas de mais uma reunião do Copom, uma nova queda nos juros é praticamente dada como certa. Mas, dessa vez, as perspectivas para a Selic dividirão os holofotes com outros importantes eventos.

Isso porque o mercado também estará de olho nos efeitos da alta de juros promovida pelo Banco Central Europeu e na possibilidade de o Japão interromper a política de juro negativo. Além, é claro, da dúvida sobre o término do aperto monetário nos Estados Unidos, diante dos últimos indicadores econômicos.

Confira a seguir a opinião dos especialistas da Terra Investimentos sobre o que podemos esperar do cenário econômico nos próximos tempos.

Taxa Selic

Para Luis Novaes, analista de Research da Terra, tudo aponta para um novo corte de 50 pontos-base na próxima reunião do Copom, tendo em vista o controle da inflação nos últimos meses.

“Ao iniciar o ciclo de queda da Selic com um corte de 50 pontos-base, o mercado entendeu que o Banco Central estaria satisfeito com o processo desinflacionário até o momento. Teoricamente, isso justificaria novos cortes de igual magnitude nos meses subsequentes”, diz.

No entanto, o analista observa que, apesar do bom comportamento dos índices de inflação no curto prazo e dos juros reais altos, ainda não há suficiente visibilidade quanto à inflação no longo prazo. Por isso, é provável que não ocorra uma intensificação no ritmo dos cortes da Selic ao menos por enquanto, pois ainda existe uma pressão do aspecto fiscal sobre a política monetária do Banco Central.

Segundo Novaes, mesmo com a aprovação do novo arcabouço fiscal, existem muitas dúvidas sobre a capacidade de o governo federal atingir as metas fiscais estipuladas. Isso porque, enquanto a arrecadação perde força e as medidas do Ministério da Fazenda ainda estão sendo implementadas, as projeções de despesas para o ano que vem não estão muito alinhadas com os recentes déficits que o governo apresentou.

“Diante desses fatores a trajetória dos juros segue incerta no médio prazo, e a comunicação do Banco Central após a decisão deverá ter um árduo trabalho no sentido de esclarecer melhor alguns pontos aos participantes do mercado”, avalia.

Estados Unidos

Nos últimos meses, o mercado internacional se mostrou otimista em relação à política monetária americana. Porém, falas recentes de dirigentes do Federal Reserve (FED) e dados econômicos acima do esperado geraram dúvidas sobre se o aperto monetário teria realmente chegado ao fim.

Além dos resultados positivos da economia americana, a perspectiva de redução na oferta do petróleo elevaram novamente as projeções para a inflação. Isso fez com que as autoridades monetárias alertassem para a possibilidade de uma nova alta nos juros básicos, como forma de garantir que os preços possam convergir para a meta estipulada pelo FED.

“Não muito distante da realidade brasileira, o endividamento dos governos no exterior também pesa na condução da política monetária dos países desenvolvidos, contribuindo para o horizonte turvo dos juros globais”, alerta Novaes.

Europa

Os países europeus têm enfrentado um dilema entre o controle rígido da inflação e potenciais novos danos que o aperto monetário pode causar na economia. Em meio a esse cenário, o Banco Central Europeu decidiu por uma alta de 25 pontos-base na semana passada, o décimo incremento consecutivo dos juros na Zona do Euro.

Enquanto a inflação segue persistentemente elevada na Europa, a atividade econômica demonstra sinais preocupantes de enfraquecimento, especialmente na principal potência continental, a Alemanha. Após décadas, o país retoma o apelido de “o homem doente da Europa”, refletindo o fraco desempenho econômico por conta da retração de seu setor industrial.

“Como forma de atenuar esses efeitos, os dirigentes adotaram uma comunicação clara quanto à trajetória dos juros no bloco, afirmando que as taxas deverão ser mantidas nesse patamar com o comportamento da inflação dentro do previsto, uma explícita sinalização do fim do aperto monetário”, analisa Novaes.

China e Japão

Nas principais economias asiáticas, os cenários não são nada parecidos.

Por um lado, o desempenho econômico da China se mostra menor do que o esperado após superada a pandemia de Covid-19, mesmo com os diversos estímulos econômicos até o momento. “Apesar da inflação controlada ao longos dos últimos meses, a autoridade monetária chinesa hesita em fornecer estímulos à base de cortes de juros em razão do elevado endividamento dos governos locais, que poderiam ser ainda maiores diante de um cenário estimulante”, observa Novaes.

Em situação quase oposta, o Japão passa por um processo de decisão difícil com uma perspectiva não vista em décadas no país. Com os níveis de inflação em patamares historicamente altos e desvalorização expressiva da moeda, a autoridade monetária demonstra dúvidas em promover um aperto monetário. No país, o elevado endividamento local pressiona, o que introduz mais elementos de incerteza quanto à perspectiva dos juros globais, em especial, nos mercados desenvolvidos. 

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