Temporada de balanços do 4T22: confira a performance das empresas mais valiosas da bolsa

Tempo de leitura: 7 minutos

Imagem mostra painel da B3 na temporada de balanços do 3T22
Imagem mostra painel da B3 na temporada de balanços do 3T22

A temporada de balanços do 4T22, iniciada em 26 de janeiro com os números da Cielo (CIEL3), terminará somente no final de março. Mas a equipe da Terra Investimentos já fez uma análise do desempenho das empresas com os maiores valores de mercado da bolsa. Exceto pela Eletrobras, que publicará seu balanço somente do dia 13 de março, todas as outras que compõem o atual ranking das 10 mais valiosas já divulgaram seus resultados.

A seguir, veja os principais aspectos que impactaram a performance das empresas no último trimestre de 2022, segundo os nossos analistas. Logo após, acompanhe também uma síntese dos resultados e das perspectivas para as gigantes mais valiosas da bolsa brasileira.

Temporada de balanços do 4T22: cenário econômico

Para a equipe da Terra, até o momento, a temporada de balanços do 4° trimestre de 2022 vem refletindo a atual situação econômica local e global. No cenário interno, vimos um recuo da economia no último trimestre do ano passado em comparação ao mesmo período de 2021. Em resposta à inflação, induzida pelas políticas expansionistas no período pandêmico, e ao choque de oferta em razão da guerra na Europa, o Banco Central aumentou a taxa básica de juros, que acabou encerrando o ano no seu pico.

“Esse fator, combinado com a incerteza quanto ao novo governo, exerceu uma grande pressão sobre a atividade econômica e penalizou os resultados de diversos segmentos da bolsa brasileira. E esse efeito se fez sentir principalmente nos setores cíclicos, tendo em vista o alto grau de endividamento de boa parte da população”, avalia Luis Novaes, analista da Terra.

Ele também destaca o caso Americanas, que afetou a economia brasileira e cujos efeitos ainda têm vindo em ondas. Isso porque a alavancagem da empresa, muito maior do que a registrada nas demonstrações contábeis, acarretou um elevado nível de provisionamento entre os grandes bancos, o que limitou substancialmente os resultados do setor.

“O evento também fragilizou o mercado de crédito, mas esse impacto ainda não pode ser visto nas divulgações do ano anterior”, observa.

Assim como no Brasil, os juros se mantém em tendência de alta no também exterior. Dessa forma, as grandes economias do hemisfério norte também apresentaram índices menores de atividade econômica.

“Diante esse cenário, as empresas exportadoras brasileiras, que estão entre as mais importantes do mercado local, tiveram seus resultados limitados. A expectativa de retomada da China e custos menores de energia no mercado global possibilitaram resultados melhores no setor de commodities, mas as atenções se voltam mesmo para esse ano, quando o crescimento chinês pode impulsionar as nossas empresas”, diz Novaes.

E como se saíram as empresas mais valiosas da bolsa na temporada de balanços do 4T22?

Confira agora uma síntese sobre o desempenho e perspectivas para cada uma das companhias, de acordo com nossa equipe.

Vale (VALE3)

Embora o lucro da companhia tenha caído no 4° trimestre de 2022, os números continuam demostrando a sua solidez. Nesse sentido, os volumes de vendas subiram, os preços realizados foram maiores e os custos, que haviam pressionado o último resultado, permaneceram estáveis. Além disso, a divisão de metais básicos mantém sua tendência de recuperação. 

Quanto às perspectivas para a Vale, Novaes avalia como positivas. “Estamos em um estágio inicial em relação à recuperação da economia chinesa. Ainda na espera de possíveis incentivos do governo, o mercado projeta um ano positivo quanto ao crescimento da segunda maior potência econômica. Se isso se confirmar, a Vale poderá se beneficiar dos maiores preços do minério com o impulso da demanda”, conclui.

Petrobras (PETR4; PETR3)

Depois de ter encerrado 2022 com o maior lucro de sua história, a Petrobras só confirmou ser uma potência operacional. Nesse sentido, seus resultados foram, novamente, acima do esperado pelo mercado, impulsionados pelo ainda elevado patamar de preços do petróleo no mercado internacional.

Na prática, os resultados dos últimos trimestres possibilitaram a redução da alavancagem da empresa. Para Novaes, apesar de a distribuição de proventos anunciada ter sido coerente com as últimas realizadas, parte do valor poderia ser retido a fim de aumentar a capacidade de investimento da companhia no curto prazo. 

Apesar dos excelentes resultados recentes, a perspectiva da Terra para a Petrobras é neutra. Isso porque ainda existe muita incerteza sobre se esses se repetirão nos próximos trimestres.

“A atual política de preços, principal responsável pelo momento da estatal, pode ser modificada para reduzir os preços ao consumidor final. Além disso, tudo indica que haja uma redução dos dividendos para ampliar a capacidade de investimentos da Petrobras, o que impacta diretamente os acionistas. Por isso, mesmo que a Petrobras seja uma empresa com grande eficiência operacional, seu investimento se torna arriscado diante dessas possíveis decisões do controlador”, avalia Novaes.

Itaú (ITUB4)

Em mais um trimestre, o Itaú entrega um resultado sólido, mesmo que abaixo das expectativas do mercado. O provisionamento total do caso Americanas trouxe um efeito negativo sobre a lucratividade e rentabilidade do banco. No entanto, a Terra avalia isso como positivo, pois o caso não se refletirá mais sobre os próximos resultados.

Fora isso, o resultado se beneficiou de uma carteira de crédito em expansão e favorecida por juros básicos altos, assim como números positivos na tesouraria. 

Ao lado do Banco do Brasil, o Itaú demonstra ser o banco com maior potencial para superar um ano que deve ser desafiador para o sistema financeiro. Por isso, a perspectiva da Terra para a sua performance é positiva.

“Os níveis de inadimplência ainda são altos, mas o Itaú é menos exposto às classes baixas do que os seus pares. Por isso, teoricamente o endividamento crescente da população e das pequenas empresas não devem afetar seus próximos resultados de forma significativa”, observa o analista da Terra.

Ambev (ABEV3)

Mantendo a tendência dos últimos trimestres, a Ambev apresentou crescimento na vendas, fortemente impulsionadas pela Copa do Mundo.

No 4T22, seu lucro ficou acima das projeções do mercado, em razão de efeitos tributários não recorrentes. No entanto, o preço das commodities e a inflação seguem pressionando as margens. Além disso, o mercado também está atento aos possíveis impactos negativos da decisão desfavorável do CADE sobre os pontos de vendas, ao clima mais frio do que o normal e à preferência da população por consumo essencial. Lembrando que há preocupação sobre uma possível retração na participação de mercado em meio a uma firme concorrência com a Heineken.

Mesmo assim, as perspectivas da Terra em relação a Ambev são positivas, visto que há uma tendência de baixa nos preços das commodities agrícolas. “Isso deve gerar um efeito positivo sobre as margens da Ambev e gerar resultados melhores nos próximos trimestres, apesar da incerteza sobre a inflação”, observa Novaes.

Weg (WEGE3)

Em um momento de moderação na atividade industrial global, a Weg expõe sua resiliência ao lucrar R$ 1,19 bilhão no 4T22, alta de 36,5% frente ao mesmo período de 2021.

Tanto no Brasil quanto no exterior, a companhia segue com um volume de vendas positivo, o que pode ser creditado ao incremento de participação de mercado nos últimos trimestres. Além disso, as margens se mostram estáveis, devido ao maior controle de custos, diante dos persistentes efeitos negativos da Guerra da Ucrânia para o setor.

Diante disso, a Weg confirma sua condição de uma das ações defensivas preferidas pelo mercado, podendo se beneficiar da perspectiva econômica global incerta. Por fim, seu posicionamento em relação à transição energética pode ser um importante fator de valorização no longo prazo. 

Bradesco (BBDC4)

No 4° trimestre de 2022, o desempenho do Bradesco ficou bem abaixo do esperado pelo mercado. O principal fator negativo foi a deterioração da qualidade de crédito em suas carteiras de pessoas físicas e pequenas empresas, o que jé é uma tendência do banco. Além disso, o caso Americanas também deixou sua contribuição negativa, mas o provisionamento total da dívida pode ser visto como positivo, pois retira esse efeito das próximas divulgações.

Como ponto positivo, observa-se a melhora dos resultados em tesouraria. Apesar de ainda negativos, seguem sólidos e com favorecimento do ambiente macroeconômico. 

Quanto às perspectivas, a Terra avalia como negativas para o Bradesco neste momento, justamente por estar mais exposto às classes mais baixas do que os seus pares.

“Como os juros permanecem em um patamar elevado, os resultados do Bradesco devem continuar afetados por essa dinâmica. Entretanto, a relação de risco-retorno se mostra como um fator positivo nesse momento, considerando o atual desconto dos papéis”, avalia Novaes.

Banco do Brasil (BBAS3)

Fechando um ano significativamente positivo, o Banco do Brasil supera as expectativas mais uma vez. Nesse sentido, o resultado se deve, sobretudo, ao seu portfólio favorecido pelo ambiente de altos juros básicos.

O caso Americanas também exerceu efeito negativo sobre as provisões do banco, que cresceram no 4T22. No entanto, como a sua exposição não era tão expressiva e o provisionamento foi parcial, esse impacto foi moderado.

Assim como os outros grandes bancos, o BB também sofreu com a deterioração na qualidade do crédito. Porém, de forma bem mais amena do que os seus concorrentes.

Quanto às perspectivas, o banco divulgou seu guidance indicando mais um ano de resultados positivos.

“Havia muita preocupação com a possibilidade de interferência do Estado em decisões importantes, como a política de concessão de crédito. Mas a nomeação de um funcionário de carreira à presidência diminuiu o receio do mercado. Por isso, diante de um cenário desafiador, vemos o Banco do Brasil como uma das melhores escolhas do setor, ao lado do Itaú”, diz o analista da Terra.

Santander (SANB11)

Os números do 4T22 do Santander vieram abaixo do esperado pelo mercado. Após sofrer nos últimos trimestres com a deterioração da qualidade do crédito, o banco adotou uma postura mais conservadora, reduzindo o risco, o que gerou um efeito negativo sobre a lucratividade.

Em relação ao caso Americanas, o banco optou pelo provisionamento parcial da dívida. Dessa forma, poderá haver novos impactos sobre os resultados dos próximos trimestres.

Novaes destaca ainda que o resultado em tesouraria seguiu penalizado pela instabilidade do mercado, enquanto as tarifas com cartão de crédito e gestão de recursos cresceram. 

Sobre as perspectivas para o Santander, a Terra avalia como negativas neste momento. Segundo Novaes, os últimos resultados do banco, combinados ao horizonte de dificuldades para o setor financeiro, levam os investidores a adotarem uma postura cautelosa daqui para frente.

“Se compararmos o Santander com Itaú e Banco do Brasil, vemos que estes têm perspectivas melhores. E o Bradesco possui uma relação risco-retorno melhor do que o banco espanhol”, avalia.

BTG Pactual (BPAC11)

Assim como aconteceu com outros bancos, os números do BTG Pactual foram negativamente impactados pelo provisionamento da Americanas no 4T22. Fora isso, o resultado do banco foi histórico, demonstrando a robustez da instituição mesmo em um momento adverso para o mercado de capitais.

Os segmentos asset e wealth managment, principais responsáveis pelo resultado, mantiveram seu crescimento dos últimos trimestres. Por outro lado, os resultados dos segmentos investment banking e sales & trading tiveram uma desaceleração ante o trimestre anterior, o que pode ser creditado à instabilidade do mercado. 

De forma geral, a Terra avalia como positivas as perspectivas para o BTG. Para Novaes, a estratégia de diversificação ampla entre os segmentos e o controle de custos permitiram ao banco registrar um trimestre positivo, mesmo com toda a instabilidade do mercado de capitais.

“A resiliência demonstrada em 2022 e o seu potencial de crescimento o tornam uma das preferências do setor, além dos grandes bancos”, diz.

Eletrobras (ELET3; ELET6)

Na avaliação da Terra, as perspectivas para a companhia são positivas. De acordo com Novaes, um dos principais fatores que a levaram ao processo de privatização foi a necessidade em torná-la uma empresa mais eficiente.

“Além da atuação dos gestores, as expectativas do mercado também giram em torno dessa revisão dos processos internos da empresa, à espera de que atinja seu potencial de lucratividade. Apesar da discussão frequente entre membros do governo sobre seu processo de privatização, não vemos a reversão desse como provável. Isso porque haveria um alto custo de reaquisição e esforço político para revisão das normas que deram base ao processo”, explica o analista.

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