A última reunião do Fed (Federal Reserve) de 2022 foi marcada pela alta dos juros em 0,5 ponto percentual, o que levou a taxa básica norte-americana para o intervalo entre 4,25% e 4,50% ao ano. Para o comitê, a inflação ainda é a principal preocupação, que está bem acima da meta de 2%. Por isso, o banco central dos EUA afirmou no comunicado dessa quarta (14) que continuará subindo os juros para trazer a inflação para a meta.
“O Comitê antecipa que os aumentos em curso da taxa de juro serão apropriados para atingir uma postura de política monetária suficientemente restritiva para retornar a inflação para 2% ao longo do tempo”, diz um trecho do comunicado.
A inflação elevada no país não é novidade e permanece sendo a principal justificativa do Fed para os sucessivos aumentos dos juros em 2022. Nesse sentido, o Fomc (Copom norte-americano) observa que os desequilíbrios entre oferta e demanda ligados à pandemia ainda pressionam os preços de itens básicos, como alimentos e energia. Além disso, o colegiado cita a guerra entre Rússia e Ucrânia e eventos relacionados ao conflito como responsáveis por agravar a alta da inflação.
Em 2022, o Fed aumentou os juros em todas as reuniões, sendo que, de julho a novembro, esses aumentos passaram a ser mais agressivos (0,75 ponto percentual em cada reunião). Veja como se comportaram os juros norte-americanos neste ano:
- – Janeiro: 0 a 0,25%
- – Março: 0,25% a 0,50%
- – Maio: 0,75% a 1,00%
- – Junho: 1,50% a 1,75%
- – Julho: 2,25% a 2,50%
- – Setembro: 3,00% a 3,25%
- – Novembro: 3,75% a 4,00%
- – Dezembro: 4,25% a 4,50%
Outro trecho do comunicado diz que “as avaliações do comitê levarão em consideração uma ampla gama de informações, incluindo leituras sobre saúde pública, condições do mercado de trabalho, pressões inflacionárias e expectativas inflacionárias e desenvolvimentos financeiros e internacionais”.
Inflação acumulada e perspectivas
De acordo com o CPI (sigla em inglês para índice de preços ao consumidor), em novembro a inflação americana acumulava alta de 7,1% em doze meses. No mês passado, a inflação no país subiu 0,1%, abaixo da projeção do mercado, que era de 0,3%. Segundo levantamento do TradeMap feito para o portal G1, novembro foi o terceiro mês seguido que a inflação norte-americana ficou acima da brasileira.
Por outro lado, a pesquisa do Fed divulgada em 12 de dezembro mostra a expectativa de inflação no país recuou 0,7 ponto, para 5,2% em novembro, considerando o horizonte de 12 meses à frente. Já para três anos, a projeção da inflação ficou em 3%, e para 5 anos, em 2,3%.
Afinal, por que o mundo fica de olho nas reuniões do Fed?
Há tempos, a economia norte-americana vem passando por um persistente processo de alta dos preços. Nesse sentido, um dos principais instrumentos que os governos têm para controlar a inflação de demanda é a taxa de juros. Para conter o consumo, os bancos centrais sobem os juros, e isso acaba desestimulando os gastos. Dessa forma, os preços começam a retornar a patamares inferiores gradualmente.
Quando os juros de economias fortes sobem, como a dos Estados Unidos, o capital internacional começa a se deslocar para esses países. Por outro lado, países emergentes como o Brasil veem investimentos internacionais reduzirem nesses momentos. Para entender por que isso acontece, basta pensar no desempenho da renda fixa quando os juros estão em alta. De forma geral, as pessoas migram seus recursos para investimentos mais seguros, pois passa a não valer mais tanto a pena correr o risco da renda variável. O mesmo vale para economias emergentes, pois elas acabam perdendo a atratividade com juros mais altos em países mais estáveis economicamente.
