A cada ano, aumenta a importância do Brasil como produtor mundial de alimentos, sendo que a proteína animal é um de nossos principais itens de exportação. Por aqui, temos algumas gigantes do segmento, como a JBS (JBSS3), maior produtora de proteínas e segunda maior empresa de alimentos do mundo.
Dona de marcas famosas – entre elas Seara e Friboi – a companhia atua no mercado de proteína animal há mais de 60 anos. Além do Brasil, possui unidades produtivas em diversos outros países e expressiva participação no mercado norte-americano.
A seguir, saiba mais sobre a história e perspectivas para a JBS, de acordo com a análise da equipe da Terra Investimentos.
Quem é a JBS (JBSS3)?
Fundada em 1953, a JBS atua no processamento de proteína bovina, ovina, suína e frango e na produção de alimentos prontos. Além disso, comercializa itens de higiene e limpeza, couros, biodiesel, embalagens metálicas, embalagens metálicas, entre outros.
Ao todo, possui mais de 240 mil colaboradores, distribuídos em mais de 400 unidades em aproximadamente 20 países. Seus produtos estão presentes em mais de 190 países, nos quais possui quase 280 mil clientes.
A companhia possui portfólio bastante diversificado, que vai desde carnes in natura a congelados e pratos prontos para o consumo. Entre as marcas mais conhecidas no Brasil e exterior, estão Seara, Friboi, Swift, Maturatta, Primo, Pilgrim’s Pride, Just Bare, Gold’nPlump, Beehive e Pierce.
Em 2007, a JBS realizou o seu IPO (oferta pública inicial), tendo sido a pioneira do setor frigorífico a negociar ações na bolsa brasileira. No mesmo ano, adquiriu as operações da Swift & Company nos Estados Unidos e na Austrália, consolidando-se como a maior companhia do setor de carne bovina do mundo.
Em 2009, com a operação de proteína animal já consolidada, a companhia começa a diversificar sua atuação. Nesse sentido, ingressou no setor de frangos no exterior com a compra da Pilgrim’s Pride, e no de lácteos e biodiesel, com a incorporação da brasileira Bertin.
Com o arrendamento da Doux-Frangosul em 2011, a JBS passa a atuar no setor de frangos também no Brasil. Já em 2013, expandiu sua capacidade de processamento de frangos e produtos de maior valor agregado com a compra da Seara. A aquisição da empresa também permitiu à JBS ingressar no mercado de suínos.
De 2013 a 2020, diversas aquisições permitiram à JBS expandir os negócios em regiões novas e nas quais já tinha presença. Além disso, diversificou o portfólio, com foco em produtos de maior valor agregado.
Análise da Terra Investimentos
Os últimos anos foram substancialmente positivos para os frigoríficos com exposição ao mercado americano, como a JBS e a Marfrig. Isso porque o ciclo do gado estava em expansão nos Estados Unidos e, consequentemente, a oferta de bovinos estava acima da média histórica.
Segundo Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, esse fator foi determinante para impulsionar a lucratividade das empresas do setor, que viram seus custos diminuir. Por outro lado, as receitas se mantiveram, tendo em vista o concentrado mercado de carnes do país.
“No entanto, o ciclo do gado agora está em declínio nos EUA. Isso resulta em uma disponibilidade menor de bovinos, o que impacta as margens dos frigoríficos no mercado no mercado norte-americano, como pudemos ver nos resultados da JBS no terceiro trimestre de 2022“, observa Novaes.
O analista ainda destaca os efeitos negativos do pós-Covid e da guerra entre Rússia e Ucrânia sobre a já fragilizada economia americana. “Esses eventos contribuíram para uma repentina alta nos índices de preços, o que impactou os custos de diversas empresas que possuem operação no país, incluindo os frigoríficos”, explica.
Portanto, o último balanço da JBS evidenciou ainda mais essas dificuldades na operação americana. Nesse sentido, os resultados piores em relação aos últimos trimestres refletiram as menores margens do período, como efeito dos maiores custos com o gado e gerais.
Já no Brasil, os resultados da Seara vieram muito acima do esperado, em razão do aumento de preços de vendas no mercado interno. Porém, não foram suficientes para compensar a operação americana, que possui grande relevância para os resultados operacionais da companhia.
Perspectivas
Novaes observa que números da JBS não são historicamente ruins, mas o ciclo americano impulsionou os resultados recentes além das médias históricas do setor. Segundo ele, essa tendência negativa nos resultados deverá continuar se refletindo na cotação dos papéis na bolsa, ou, pelo menos, impedirá a retomada de uma forte valorização.
Isso porque não há perspectiva de melhora de margens no curto prazo, pois o setor não costuma apresentar mudanças expressivas de produção repentinamente. Por isso, possivelmente muitos investidores aguardão um melhor momento para ingressar no papel.
Para o analista, outro ponto preocupante para investidores de longo prazo está na adequação da JBS às melhores práticas de sustentabilidade e normas legais. “Não só a JBS, mas outros grandes frigoríficos estão sendo pressionados por diversos órgãos e associações ao redor do mundo para que suas ações não gere, ou não contribuam para gerar, um impacto negativo no meio ambiente. Além disso, as investigações recentes e em andamento no Brasil e exterior elevam as preocupações de investidores”, alerta.
Pontos fortes da JBS
- – Entre as empresas do setor, a JBS é a que possui o portfólio mais diversificado, o que a torna mais resiliente frente a oscilações do mercado.
- – As receitas dolarizadas podem se beneficiar da instabilidade fiscal do Brasil.
- – A companhia é um dos quatro grandes conglomerados que controlam o mercado norte-americano.
- – Historicamente, a JBS é reconhecida por uma ótima gestão de margens.
Pontos fracos da JBS
- – O fim do ciclo do gado nos Estados Unidos deve prejudicar os resultados dos próximos trimestres.
- – O endividamento alto das famílias inibe o consumo de linhas de produtos mais caras.
- – A companhia possui risco legal e ambiental, sendo que esse último é alvo de investigações no Brasil e nos Estados Unidos.