Cap rate: conheça esse importante indicador de fundos imobiliários

Tempo de leitura: 4 minutos

imagem mostra prédio comercial em alusão ao indicador cap rate
imagem mostra prédio comercial em alusão ao indicador cap rate

Na hora de escolher um fundo imobiliário (FII), existem diferentes indicadores que podem facilitar a análise do potencial de retorno do investimento. Um deles é o cap rate, cujo significado e funcionamento você verá no conteúdo a seguir.

O que cap rate?

Cap rate é a abreviação de capitalization rate, que significa taxa de capitalização ou taxa de retorno. Esse indicador costuma ser utilizado somente no mercado imobiliário, e demonstra o retorno médio dos recursos que foram investidos em um imóvel. Na prática, sua função é semelhante à do ROIC (retorno sobre o capital investido), um dos indicadores de rentabilidade mais importantes da análise fundamentalista.

Cálculo do indicador

Para calcular o cap rate de um imóvel, você precisará do valor do bem e do somatório dos aluguéis recebidos nos últimos 12 meses. Com isso, basta aplicar a seguinte fórmula:

Cap rate = (aluguel total recebido em 12 meses / valor do imóvel) x 100

Exemplo: considere um imóvel adquirido por R$ 500.000 e que tenha um contrato de aluguel de R$ 2.000 por mês. Ao final de um ano, o aluguel total recebido terá sido de R$ 24.000. Com isso, podemos calcular o cap rate do imóvel:

(24.000 / 500.000) x 100 = 4,8%

Cálculo do cap rate nos fundos imobiliários

Exceto por um ou outro caso específico, os fundos imobiliários são compostos por diversos imóveis. Logo, é preciso fazer alguns ajustes na fórmula para calcular o cap rate desse investimento. Nesse caso, a receita anual do fundo entra no lugar dos aluguéis recebidos e o valor de mercado do portfólio substitui o valor unitário do imóvel.

Suponha que determinado FII gere uma receita média mensal de R$ 5 milhões, e que o seu valor de mercado seja de R$ 600 milhões. Para calcular o cap rate, precisamos anualizar a receita média mensal (R$ 5 milhões x 12 = R$ 60 milhões) e dividi-la pelo valor de mercado do fundo imobiliário, o que nos leva ao seguinte resultado:

Cap rate =(R$ 60.000.000 / R$ 600.000.000) x 100 = 10%

Como utilizar o indicador na avaliação de fundos imobiliários?

Embora seja um importante indicador de rentabilidade, o cap rate não deve ser utilizado isoladamente para tomar uma decisão, mas sim em conjunto com outros indicadores de FIIs.

Isso porque diversos outros aspectos influenciam no retorno e na valorização dos fundos de tijolo ao longo do tempo. Por exemplo, para fundos corporativos, é importante que os imóveis estejam localizados em centros comerciais movimentados, e que as construções sejam de alta qualidade e ofereçam facilidades como estacionamentos, portaria e recursos tecnológicos. Por sua vez, os fundos de logística devem ter galpões em localizações estratégicas, de fácil acesso, carga e descarga, além de possibilidade de customização, dependendo das necessidades de cada locatário.

Outros fatores importantes a considerar na análise de um FII são a vacância e a taxa de inadimplência dos imóveis, que também impactam diretamente o potencial de retorno para o investidor.

Qual o cap rate ideal?

Teoricamente, quanto mais alto o cap rate, maior é o potencial de rentabilidade de um fundo imobiliário. No entanto, não existe um patamar ideal para o indicador, pois a sua avaliação precisa também levar em conta o risco do investimento.

De forma geral, um FII com imóveis de alta qualidade e boa localização oferecem menos risco. Nesse caso, o retorno médio exigido tende a ser menor e, consequentemente, o cap rate também.

O importante é comparar o indicador entre fundos imobiliários de características semelhantes, ou entre imóveis localizados na mesma região. Nesses casos, é possível enxergarmos com mais clareza qual deles possui maior potencial de rentabilidade, pois estamos analisando variáveis próximas.

Alguns analistas aconselham também a sempre comparar o cap rate com os juros dos Tesouro Direto de longo prazo. Como esse investimento é considerado o mais seguro do mercado, para ser atrativo, o ideal é que o fundo imobiliário tenha cap rate acima das taxas desses títulos.

O que mais é importante saber para investir em fundos imobiliários?

Além do cap rate, utilizar indicadores como vacância (física e financeira), dividend yield, preço/valor patrimonial e outros auxilia a fazer uma análise completa do FII.

Outro aspecto importante é conhecer os ativos do fundo, para entender o real potencial de retorno do investimento. Nos fundos de tijolo, é preciso avaliar os aspectos que vimos anteriormente – qualidade dos imóveis, localização, adaptação ao locatário, entre outros). Já nos fundos de papel, o ideal é conhecer os títulos que formam o patrimônio (como LCIs e CRIs), para sabermos se há uma boa diversificação, se o rating de crédito é bom, se eventualmente existem problemas de inadimplência, e quaisquer outros aspectos que possam ter reflexos na rentabilidade.

 Por fim, aconselha-se também conhecer o histórico do fundo e do gestor, pois ele é o responsável por definir toda a estratégia do investimento. De acordo com o regulamento do FII, a gestão escolhe os ativos que formam o patrimônio e acompanha sistematicamente as respectivas performances.

Nos fundos de tijolo, por exemplo, é possível que seja preciso substituir um ou outro imóvel eventualmente, seja porque a estratégia prevê a venda, ou porque o ativo pode já não ser mais interessante ou rentável. Já nos fundos de papel, quando se acompanha a performance dos recebíveis periodicamente, consegue-se evitar que uma possível inadimplência prejudique os ganhos dos cotistas. E todo esse trabalho deve ser feito pelo gestor dos fundos imobiliários.

Nos fundos imobiliários ou em qualquer outro ativo de renda variável, o histórico de bons resultados não é garantia de lucros no futuro. No entanto, ao analisar a retrospectiva de um fundo, o investidor pode ter ideia da habilidade da gestão para lidar com momentos mais turbulentos do mercado.

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