Abertura de capital: por que e como as empresas fazem isso?

Tempo de leitura: 5 minutos

Apresentação de empresa em road show para abertura de capital.
Apresentação de empresa em road show para abertura de capital.

Sem dúvida, o IPO (oferta inicial de ações) é um dos momentos mais importantes na vida de uma empresa, pois marca a sua estreia na bolsa de valores. Mas afinal, o que leva uma companhia à abertura de capital? E de que forma isso acontece?

Normalmente, as empresas que fazem IPO já estão em uma fase mais adiantada de maturação. Isso porque há muito trabalho a ser feito até que uma organização possa começar a vender suas ações na bolsa.

Neste conteúdo, falaremos sobre os motivos que fazem uma empresa abrir seu capital, e quais os passos que ela precisa percorrer até que isso se realize. Confira a seguir!

Por que uma empresa faz abertura de capital?

Um dos principais motivos que levam à abertura de capital é o acesso a novas fontes de financiamento.

Digamos que uma empresa planeje expandir as atividades, ou mesmo investir em algum projeto específico. Para obter os recursos, ela poderá recorrer ao caixa, aos atuais sócios ou a fontes externas de financiamento.

Por sua vez, as fontes externas podem vir de financiamentos bancários, da emissão de debêntures (títulos de dívida) ou de recursos de novos sócios. É justamente aí que a abertura de capital surge como uma alternativa mais acessível. Se a venda das novas ações for bem sucedida, a empresa terá os recursos de que precisa sem ser necessário recorrer a fontes mais onerosas.

Ao abrir o capital, a empresa passa a ter mais visibilidade no mercado, e essa é outra vantagem de um IPO. Com maior visibilidade, o mercado consegue precificar as suas ações, e isso ajuda a medir a expectativa dos investidores. Além disso, o valor das ações também contribui para que a empresa determine estratégias para sua gestão.

Em relação à gestão, a abertura de capital também acaba promovendo a profissionalização de áreas importantes. Isso passa mais credibilidade para o mercado e auxilia no processo sucessório de muitas empresas familiares. E, dependendo do mercado de atuação, a profissionalização acaba repercutindo internacionalmente. Dessa forma, a imagem da companhia se torna mais forte junto a investidores, clientes e demais participantes de seu ecossistema.

O que é preciso para que uma empresa possa abrir o capital?

Como falamos no início, o processo que leva uma empresa à abertura de capital passa por diversas etapas. Nesse sentido, existem critérios básicos a serem cumpridos pelas empresas, entre os quais destacamos os seguintes:

Retrospecto de resultados / potencial de crescimento

Naturalmente, um bom histórico de resultados acaba sendo mais atrativo para os investidores. No entanto, há empresas ainda não consolidadas no mercado e que pertencem a setores da “nova economia”, como fintechs e outras ligadas à tecnologia.

Nesses casos, é comum que apresentem prejuízos nos primeiros anos de operação. Porém, se o setor de atuação é promissor, há chances de que essas empresas tenham uma abertura de capital bem sucedida na bolsa.

Governança corporativa

Outro critério de extrema importância para uma empresa que deseja abrir capital é o seu nível de governança corporativa.  Nesse sentido, a empresa é avaliada em quatro princípios básicos.

O primeiro deles é a transparência, que diz respeito à capacidade de a empresa disponibilizar informações financeiras e de gestão às partes envolvidas. O segundo é a equidade, que determina tratamento justo e equânime a todas as pessoas, independentemente se seu lugar na hierarquia.

O terceiro princípio é a prestação de contas (ou accountabilty), que atribui à administração a responsabilidade de prestar contas sobre a movimentação financeira de forma clara. Por fim, o quarto princípio fala sobre a responsabilidade corporativa, que diz respeito à busca pelos melhores resultados de forma responsável e sustentável.

Padronização e controles das demonstrações contábeis

Para que possa abrir o capital, a empresa precisa seguir critérios rígidos definidos pela CVM em relação à apresentação das demonstrações contábeis. Por sua vez, esses critérios seguem o padrão contábil internacional definido pela IFRS (na tradução, Normas Internacionais de Relatório Financeiro).

Além de ser capaz de cumprir com essa padronização, a empresa deve apresentar um calendário de divulgação das mesmas. Nesse documento, deverá constar inclusive o prazo de auditoria dos relatórios.

A CVM determina também que, para a abertura de capital, a empresa comprove a eficiência de seus controles internos no que diz respeito à preparação das peças contábeis. Isso deve ser feito anualmente pelo presidente e pelo diretor de relações com investidores, por meio de um documento formal.

Requisitos da B3 para a abertura de capital

Depois de atenderem a todos os aspectos vistos anteriormente, a bolsa ainda determina seis requisitos específicos para que a empresa possa abrir o capital:

– A constituição deve ser sob a forma de S/A.

– Seus três últimos balanços deverão passar por uma auditoria independente. Se a empresa for mais jovem, isso vale desde o início da operação.

– A empresa deve obter registro de companhia categoria “A” na CVM. Essa categoria possibilita a emissão de ações e debêntures.

– É preciso fazer a solicitação do segmento de listagem na B3.

– Deve ter conselho de administração e diretor de relações com investidores.

– Por fim, deve definir a estratégia do IPO e fazer o registro na CVM.

Passo a passo para a abertura de capital

No processo de abertura de capital, há quatro passos bem definidos, que são os seguintes:

1 – Preparação da empresa

O primeiro passo é designar uma equipe que cuidará somente da oferta inicial. Essa equipe terá uma tarefa complexa, pois trabalhará inclusive na mudança da cultura organizacional.

Isso porque a vida da organização muda totalmente depois de um IPO. Logo, os funcionários precisam estar preparados para a nova realidade, que envolve mais exposição e, por isso, precisa de controles mais rígidos.

Depois de preparada a equipe, ela já estará pronta para trabalhar em exigências externas. Basicamente, essas exigências englobam a análise da conveniência da abertura de capital e a escolha do auditor independente e do coordenador líder.

2 – Preparação da documentação e divulgação da oferta

Essa é a fase na qual a empresa prepara o prospecto com todos os documentos e informações sobre a oferta inicial. Entre esses documentos, estão as demonstrações contábeis e o formulário de referência. Esse último é obrigatório para todas as empresas de capital aberto, que devem enviá-lo à CVM todos os anos.

No formulário de referência, constam informações sobre a atividade, gestão, estrutura de capital, fatores de risco, e assim por diante.

Encaminhadas as demonstrações contábeis e o formulário de referência, inicia o processo de due dilligence. Essa fase visa entender se a empresa atende a todas as regras de compliance que exige um IPO. Ou seja, é basicamente uma auditoria externa mais aprofundada. Se os auditores detectarem alguma inconsistência nessa fase, a empresa ainda tem tempo de tomar ações corretivas antes da abertura de capital.

Estando tudo ok com o due dilligence, a empresa já pode protocolar o pedido de oferta pública junto à CVM. Em paralelo, também precisa solicitar a listagem de suas ações na B3, para que possa começar a negociá-las.

3 – Início do road show

Como o nome sugere, esse é o momento de sair em busca de investidores. Ou seja, é no road show que a empresa apresenta a sua estratégia para o IPO.

A princípio, o road show é planejado com foco nos potenciais investidores. No entanto, também costumam participar dessa fase também analistas de mercado e gestores de fundos de investimento. Isso porque ambos também podem auxiliar a empresa a ser mais conhecida pelo público em geral.

Ao final das apresentações, a companhia já consegue estimar quanto o mercado pagaria por suas ações. Por isso, esse é o momento em que normalmente precifica os seus títulos.

4 – Estreia na bolsa

Depois de todos os passos anteriores cumpridos, finalmente a empresa pode fazer a sua abertura de capital. A partir de sua oferta inicial, passa a ter todas as obrigações de uma companhia de capital aberto na bolsa.

Deu para entender os motivos pelos quais uma empresa abre capital, e de que forma isso acontece? Para mais conteúdos como esse, acompanhe o blog da Terra Investimentos e a nossa seção de conteúdos!

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