Ações que não pagam dividendos: vale a pena investir?

Tempo de leitura: 4 minutos

Vale a pena investir em ações que não pagam dividendos?
Vale a pena investir em ações que não pagam dividendos?

Além da valorização das ações, receber dividendos é um dos principais aspectos que motivam os investidores na hora de adquirir esses títulos. Por isso, você pode se perguntar: será que vale a pena investir em ações que não pagam dividendos?

O fato é que nem todas as empresas distribuem lucros, e aqui a gente já dá um spoiler desse conteúdo: uma ação que não paga dividendos pode ser um bom negócio sim. E é sobre isso que falaremos a seguir, acompanhe!

Ações que não pagam dividendos: pode?

Antes de mais nada, é interessante entender como funciona o pagamento de dividendos por parte das empresas, afinal, existe um mínimo definido por lei. De acordo com a Lei das S/A (Lei 6.404/76), quando uma companhia tem lucro, é obrigada a distribuir parte desses recursos aos acionistas. Não há um valor fixo para essa distribuição, mas normalmente o percentual praticado pela maioria das empresas é de 25% sobre o resultado líquido do exercício. Se não houver nenhuma disposição no estatuto a respeito, a empresa deverá distribuir 50% de seu lucro.

E quando uma empresa não paga dividendos?

Na maioria das vezes, uma empresa só não paga dividendos quando encerra o exercício com prejuízo líquido. Obviamente, nessa situação não há resultados a distribuir para os acionistas.

No entanto, em determinados casos, a lei permite que a companhia retenha os lucros para novos projetos ou, simplesmente, para reinvestir no negócio. Nesse caso, é preciso fazer um comunicado aos acionistas em assembleia explicando os motivos da impossibilidade de distribuir resultados.

Afinal, prejuízo é sempre algo preocupante para o investidor?

Logicamente, ações que não pagam dividendos são sempre frustrantes para quem investe com o objetivo de ter uma renda extra. Porém, existem diferentes motivos que levam uma empresa a ter um resultado ruim. Por isso, entender o que ocasionou o mau desempenho ajuda a avaliar o risco do investimento.

Imagine que uma empresa tenha, de fato, falhas na operação que fazem seus produtos perder competitividade. Ou má gestão do caixa, a ponto de se endividar acima de um limite aceitável. Ou ainda, problemas de governança corporativa, como disputas entre sócios ou escândalos de gestão que comprometam sua credibilidade no mercado, por exemplo. Nesses casos, há um alto risco para o investidor, pois os fundamentos da companhia estão se deteriorando.

Agora considere que a mesma empresa tenha apresentado prejuízo não por ineficiência, mas sim por algum evento pontual e inesperado. Nesse sentido, pode ter ocorrido algum sinistro que prejudicou momentaneamente a produção e as vendas. A própria pandemia é um exemplo disso. Dependendo de quanto (e quão rápido) a receita caiu, a empresa pode não ter conseguido readequar custos fixos, e isso pode ter gerado prejuízo.

Em outras palavras, mais do que considerar o prejuízo em si, é preciso entender quais fatores levaram a ele. Dessa forma, você poderá avaliar se uma ação que não paga dividendos pode continuar sendo um bom negócio.

Empresas em fase de maturação

Ainda sobre ações que não pagam dividendos, outro ponto importante a considerar é o estágio de atividade da empresa. Nesse sentido, é bastante comum que companhias que pertençam à “nova economia” (como fintechs e outras ligadas à tecnologia) apresentem prejuízos em seus primeiros anos. Hoje em dia, há diversas que já estão com capital aberto no bolsa.

Apesar desses segmentos terem enorme potencial de crescimento, há muitos players que disputam espaço. Logo, os investimentos dessas small caps precisam acontecer de forma veloz e, normalmente, os desembolsos são altos. Em muitos casos, isso justifica os resultados negativos iniciais dessas empresas.

Se por um lado, as novatas consomem enormes investimentos e distribuem pouco (ou nenhum) resultado, por outro temos as gigantes da bolsa. Também conhecidas como blue chips, essas são as companhias que atuam nos setores mais consolidados da economia, como bancos, telecomunicações e infraestrutura, por exemplo. Nesse caso, já não há mais tanto espaço para investir em crescimento. Por isso, normalmente as blue chips conseguem distribuir mais lucros e com mais constância do que as small caps.

Ações que pagam dividendos são sempre um bom investimento?

Esse é outro cuidado que você precisa ter ao avaliar os dividendos de uma ação. Nesse sentido, não significa que uma companhia que distribui resultados necessariamente tenha boa saúde financeira.

E o que justificaria distribuir lucros nessa situação? O simples fato de que a empresa pode estar com dificuldades de captar recursos no mercado. Nessa situação, uma forma de atrair o investidor e se capitalizar é distribuindo bons dividendos.

Por isso, é bom ficar de olho nos dividendos muito altos, acima da média do setor de atuação da empresa. Não que isso seja sempre um problema, mas pode ser um alerta de potenciais fragilidades financeiras.

Para saber o quanto uma empresa costuma distribuir de dividendos, o indicador mais utilizado por investidores é o dividend yield (DY). Basicamente, esse indicador mostra quanto uma ação para de dividendos proporcionalmente à quantidade de títulos que o investidor possui.

A fórmula do dividend yield é a seguinte:

DY = dividendo por ação / preço da ação

Quanto maior for o indicador, mais dividendos a companhia paga aos seus acionistas. No entanto, o ideal é você utilizar a maior quantidade de indicadores financeiros possível para diversificar a sua carteira de ações. Independentemente de pagarem ou não dividendos, a análise fundamentalista é uma excelente metodologia para você selecionar boas ações.

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