Quando se fala em investir para a aposentadoria, a previdência privada é uma das formas mais lembradas. Mas a modalidade não se restringe a esse fim, pois também pode ser um instrumento de diversificação da carteira no médio e longo prazo e, até mesmo, de planejamento sucessório.
Embora o investimento seja amplamente conhecido, existem algumas dúvidas sobre previdência privada que as pessoas costumam ter. Se esse é o seu caso, a leitura a seguir vai lhe ajudar a saber mais sobre o produto. Acompanhe!
1 – Previdência privada vale a pena depois de certa idade?
Não só para a previdência, mas para qualquer tipo de investimento, o ideal é começar o mais cedo possível. Quanto mais tempo o dinheiro permanecer aplicado, maior será o efeito multiplicador dos juros compostos sobre o montante total.
Porém, isso não significa que a previdência privada deixe de ser interessante para quem já não é tão jovem. Quem já construiu patrimônio e tem dependentes, pode utilizar a modalidade para auxiliar no planejamento sucessório.
Os valores investidos em previdência, em regra, não entram no processo de inventário. Ou seja, a família pode ter acesso rápido a esses recursos para pagar impostos, honorários advocatícios e demais custos comuns nessa situação. Só quem já passou por um inventário sabe o quanto processos sucessórios podem custar caro.
2 – Qual tipo de previdência privada é melhor para mim?
O PGBL (Plano Gerador de Benefício Livre) e o VGBL (Vida Gerador de Benefício Livre) são os dois tipos de previdência privada que existem no mercado. A principal diferença entre eles é a forma de incidência do Imposto de Renda.
O PGBL é indicado para quem utiliza a declaração completa do IR. Nesse caso, é possível deduzir o valor investido da base de cálculo do tributo em até 12% da renda bruta do ano. Na verdade, o que ocorre é uma postergação do imposto, pois ele será cobrado no resgate e sobre o valor total do investimento.
Já no VGBL, o IR incide apenas sobre os rendimentos, mas esse tipo de previdência não entra como despesa dedutível. Por isso, acaba sendo a melhor alternativa para quem é isento do tributo ou faz a declaração simplificada.
3 – Previdência privada é igual em todos os bancos?
Essa costuma ser uma das dúvidas sobre previdência privada que afasta muitas pessoas do investimento.
No passado, muitos investidores fugiam da previdência privada, pois ela costumava ser empurrada por gerentes de bancos que precisavam cumprir metas.
Com o surgimento das corretoras e assessorias de investimentos, vieram novos produtos e o mercado ficou mais competitivo. Atualmente, existem fundos de previdência de diferentes composições e para todos os perfis de investidores, inclusive em uma mesma instituição financeira.
4 – Posso alterar os valores mensais quando quiser?
Além de acessível, a previdência privada é um investimento bastante flexível. Você pode alterar os valores e a periodicidade dos aportes, fazer contribuições extras, ou mesmo suspender temporariamente as aplicações, de acordo com as suas necessidades.
5 – Previdência privada tem risco?
Como todo investimento, a previdência privada também possui riscos. Um deles é a possibilidade de a instituição responsável pelo plano vir a quebrar. Isso causaria prejuízo aos investidores, pois os fundos de previdência, ao contrário de alguns ativos de renda fixa, não contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC).
No entanto, existem instituições envolvidas no controle e fiscalização desses planos. A principal é a Superintendência de Seguros Privados (Susep), que reúne valores significativos depositados como lastro pelas entidades que comercializam o produto. Outro fator que mitiga o risco da previdência privada é o fato de a maioria dos planos estarem nas mãos de instituições financeiras e seguradoras confiáveis.
Há também o risco inerente ao investimento, ou seja, a possibilidade de que os ativos que formam o fundo performem mal. Nesse caso, uma boa e experiente assessoria de investimentos pode dar mais segurança na escolha do fundo, com a diversificação adequada e em linha com o perfil do investidor.
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6 – Investir em previdência privada tem custo?
Sim, há dois tipos de custos para investir em previdência privada: as taxas e a tributação. Veja a seguir como funcionam.
Taxas
Assim como os demais fundos de investimento, os planos de previdência privada possuem uma taxa de administração, que serve para remunerar o trabalho do gestor e do administrador. Essa taxa incide sobre o patrimônio total do fundo de previdência, e é descontada de maneira diluída, todos os dias úteis do ano.
Alguns fundos de previdência também podem cobrar taxa de performance, que é um percentual sobre o resultado do investimento que ultrapassar o referencial do fundo. E há também uma taxa de carregamento em alguns casos, cobrada sobre as movimentações financeiras (entradas e saídas) da aplicação. De tempos para cá, muitas instituições financeiras estão reduzindo ou isentando essa taxa – é importante sempre checar essa cobrança antes de contratar um plano.
Tributação
Nos planos de previdência privada, o Imposto de Renda pode seguir a tabela progressiva ou regressiva.
A tabela progressiva é a mesma que se aplica aos salários, com uma faixa de isenção e quatro faixas de tributação, que vão de 7,5% a 27,5% da renda total (salário + previdência).
Para 2024, os valores e respectivas alíquotas da tabela progressiva são os seguintes:
Base de cálculo (R$) | Alíquota IR | Valor a descontar (R$) |
Até R$ 2.259,20 | isento | – |
De R$ 2.259,21 a R$ 2.828,65 | 7,5% | 169,44 |
De R$ 2.828,66 a R$ 3.751,05 | 15% | 381,44 |
De R$ 3.751,06 a R$ 4.664,68 | 22,5% | 662,77 |
Acima de R$ 4.664,68 | 27,5% | 896,00 |
Por sua vez, na tabela regressiva, as alíquotas caem de acordo com o tempo que o dinheiro fica investido, na seguinte proporção:
Prazo do investimento | Alíquota IR |
Até 2 anos | 35% |
De 2 a 4 anos | 30% |
De 4 a 6 anos | 25% |
De 6 a 8 anos | 20% |
De 8 a 10 anos | 15% |
Acima de 10 anos | 10% |
Atualmente, quem investe em previdência privada pode escolher a forma de tributação no momento do resgate, não sendo mais obrigatória essa escolha na contratação do plano. Essa é uma ótima notícia para quem pensava em contratar um plano de previdência mas tinha receio de ser penalizado com um IR mais alto se precisasse resgatar antes os recursos.
7 – Como eu recebo a renda da previdência no futuro?
Você pode escolher o tipo de renda que deseja receber ao final de suas contribuições.
Se você contratar uma renda vitalícia, por exemplo, receberá um valor mensal pelo resto da vida a partir do início do benefício. Dependendo do seu plano, essa renda vitalícia também pode ser reversível ao cônjuge, menores dependentes ou outro beneficiário.
Há também a opção de receber uma renda mensal temporária ou por prazo certo. Ou seja, a previdência privada oferece bastante flexibilidade, inclusive na forma de resgate do investimento no futuro.
8 – Minha previdência não está rendendo o que eu esperava. O que posso fazer?
Nesse caso, não é preciso resgatar o valor investido e começar do zero uma nova aplicação. Em vez disso, você pode solicitar a portabilidade da previdência privada, trocando de fundo dentro da mesma instituição ou procurando uma alternativa melhor na concorrência.
Na portabilidade, o tipo de previdência deve ser o mesmo. Ou seja, se você contratou um PGBL no seu banco ou corretora, só poderá migrar para outro PGBL. Outra exigência da operação é de que ela seja feita durante o período de acumulação da renda.
9 – Se eu morrer, minha família recebe o que investi na previdência?
Quando o titular da previdência morre e o investimento ainda está no período de acumulação, o montante é transferido aos beneficiários. Se o benefício já estiver sendo pago, vai depender do tipo de renda contratado no plano, conforme vimos anteriormente (se reversível ao cônjuge ou a outros beneficiários).
E também existe a possibilidade de se contratar uma cobertura de risco, que funciona como um seguro. Essa cobertura garante uma indenização ao titular do plano no caso de invalidez ou aos seus familiares no caso de morte.
A cobertura de risco assegura que não ocorram perdas por conta da inflação ao longo do tempo. No caso de rendas mensais, os valores pagos têm a correção anual conforme o indexador do plano.
10 – Se eu parar de pagar o plano, perco tudo o que investi?
Mesmo com a popularidade do investimento hoje em dia, essa ainda é uma das dúvidas sobre previdência privada que permanece no imaginário de muita gente.
Se você tiver algum imprevisto financeiro e o orçamento apertar, pode suspender as suas contribuições sem que isso lhe traga qualquer prejuízo. O seu dinheiro continuará rendendo juros, mesmo sem os aportes mensais.
Para não parar totalmente de pagar o plano, você também tem a opção de reduzir o valor das contribuições ou determinar a periodicidade dos seus aportes. Em nenhuma dessas situações você perderá dinheiro.