EBITDA: o que é e para que serve esse indicador financeiro

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem mostra cálculo do EBITDA
Imagem mostra cálculo do EBITDA

Na hora de escolher ações para investir, um dos indicadores mais utilizados pela análise fundamentalista é o EBITDA. Na prática, ele serve para demonstrar a produtividade do negócio da empresa e, por isso, é uma métrica muito importante de eficiência operacional.

Neste conteúdo, mostraremos como calcular e utilizar esse indicador na análise das empresas. Portanto, se você pretende começar a investir em ações, ou se já investe e está em busca de mais conhecimentos para diversificar a sua carteira, continue a leitura a seguir!

O que significa EBITDA

A sigla vem do inglês, e significa earnings before taxes, interests, depreciation and amortization. Na tradução literal, lucro antes dos impostos, juros, depreciação e amortização. Inclusive, as iniciais em português dão origem à outra sigla – LAJIDA – que tem o mesmo significado. Porém, a expressão em inglês é mais utilizada para se referir ao indicador.

A essa altura, você já deve estar pensando: mas afinal, o que tudo isso significa? Em outras palavras, EBITDA representa o caixa que a empresa consegue gerar somente a partir da sua atividade operacional. Isso porque o seu cálculo exclui juros, impostos, depreciação e amortização, ou seja, variáveis que não dependem da operação em si.

Para tornar mais fácil o entendimento, basta pensarmos nas fontes de receita e nas despesas de uma empresa. Teoricamente, a maior parte das receitas vem da própria atividade, seja ela indústria, comércio ou serviços. No entanto, é muito comum que, depois de distribuir dividendos, a empresa faça investimentos no mercado financeiro. Ou seja, as aplicações também são uma fonte de receita, embora não sejam oriundas da atividade operacional.

Em relação às despesas, existem gastos intrínsecos à atividade, como salários, aluguéis, comissões de vendas e vários outros que fazem parte do dia a dia das empresas. E existem também aqueles que não estão diretamente ligados à operação. Por exemplo, se a empresa toma um crédito bancário, os juros dessa transação serão contabilizados como despesas financeiras. Por isso, ficarão de fora do cálculo do EBITDA, pois não há conexão entre essas despesas e o caixa operacional da empresa, ainda que o crédito possa ter sido utilizado para fomentar a produção.

Importância de conhecer o caixa operacional da empresa

Para avaliar o desempenho de uma empresa, não basta só analisarmos a evolução da sua receita e a geração de lucro líquido. Mais do que isso, é importante saber de que forma a empresa atinge o seu resultado, se é por meio de sua atividade fim ou de outros eventos.

Imagine que, em determinado exercício, o lucro líquido de uma empresa tenha crescido consideravelmente em relação ao ano anterior. Ao analisar suas receitas, a companhia percebeu que o motivo da melhora do resultado foi o expressivo crescimento das receitas financeiras. Isso porque ela investiu um bom excedente de caixa em títulos indexados à Selic e ao CDI. Com a rápida alta dos juros no ano, a receita dessas aplicações impactou mais o lucro do que nos anos anteriores.

Ou seja, não foi por causa de sua operação que o lucro líquido da empresa aumentou no ano, mas sim por efeito dos seus investimentos. Conseguir fazer essa análise é muito importante para avaliar a eficiência operacional, fator diretamente ligado às perspectivas do negócio.

Cálculo do EBITDA

Agora que já entendemos o que é e qual a importância do EBITDA para a análise das empresas, é hora de calcularmos esse indicador financeiro.

Para chegarmos ao EBITDA, precisamos do valor do lucro operacional líquido e dos juros, impostos, depreciações e amortizações. Esses quatro itens representam:

  • Juros: resultado financeiro líquido (despesas – receitas) provenientes de empréstimos ou aplicações financeiras;
  • Impostos: despesas com impostos do exercício;
  • Depreciação: perda de valor de ativos que estão no imobilizado da empresa, em virtude do uso, tempo ou desgaste natural;
  • Amortização: perda de valor de ativos intangíveis, como um direito com prazo determinado.

Já o lucro operacional líquido é obtido da seguinte forma:

Receita Líquida de Vendas

(-) Custo dos Produtos/Mercadorias Vendidas

(-) Despesas operacionais

= Lucro Operacional Líquido

Todas as informações acima constam no Demonstrativo de Resultado do Exercício (DRE) da empresa. Com esses dados, já podemos calcular o EBITDA:

EBITDA = Lucro Operacional Líquido + juros + impostos + depreciação + amortização

EBITDA ajustado

Para tornar o indicador mais transparente, a CVM padronizou o cálculo do EBITDA em 2002. No entanto, algumas empresas possuem particularidades em suas operações, o que pode demandar ajustes em algumas situações. Dessa forma, para não distorcer o indicador, é permitido que essas empresas publiquem também o EBITDA ajustado junto com o tradicional.

Como não há uma fórmula específica para o EBITDA ajustado, a empresa que o faz precisa também publicar os critérios que utilizou para o ajuste.

Como utilizar o indicador na análise de empresas

Como vimos, o EBITDA permite conhecer a geração de caixa operacional das empresas. Dessa forma, é possível comparar a eficiência do negócio de cada concorrente. Além disso, o indicador pode ajudar também no valuation e na avaliação da dívida de uma companhia, por exemplo.

Outro ponto importante sobre o indicador é o fato de que ele serve de base para outros índices da análise fundamentalista, como Dívida Líquida/EBITDA, EV/EBITDA e Margem EBITDA, por exemplo.

Vantagens e limitações do indicador

Ao excluir os efeitos de juros, impostos e deduções contábeis, o EBITDA permite conhecer o quanto a empresa efetivamente gerou de caixa. Por exemplo, as despesas com depreciação possuem somente efeito econômico, e não financeiro. Ou seja, a perda de valor do ativo não influencia o caixa da empresa, e considerar isso evita possíveis distorções na análise de empresas que tenham um elevado imobilizado.

Outro exemplo é o recebimento ou pagamento de juros que podem acontecer esporadicamente nas empresas. Nesse sentido, ao deixar esses itens de fora do cálculo, a geração de caixa fica bem mais fidedigna.

Por outro lado, ao desconsiderar o resultado financeiro, o EBITDA pode mascarar a alavancagem das empresas. Dependendo do nível de endividamento, o resultado pode ser bastante comprometido, e isso não é evidenciado pelo indicador. Na pior das hipóteses, pode ser até que a empresa esteja no vermelho por causa de despesas financeiras, fato que o EBITDA não aponta. Embora a geração de caixa operacional seja fundamental para o negócio, o pagamento de juros altos por muito tempo podem prejudicar a geração de valor para o acionista.

Por isso, da mesma forma que outros indicadores financeiros, o EBITDA não deve ser utilizado isoladamente na análise de uma empresa. Para saber mais sobre como investir em ações, clique no link abaixo e confira o material que os especialistas da Terra Investimentos prepararam para lhe ajudar a escolher os melhores títulos para a sua carteira!

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