A Natura &Co (NTCO3) reportou prejuízo líquido de R$ 890,4 milhões no 4° trimestre de 2022 (4T22), revertendo o lucro líquido de R$ 695,5 milhões do mesmo período do ano anterior. De acordo com release de resultados, divulgado na noite da segunda (13), a piora do resultado deve-se principalmente à queda do EBITDA (com impairment não caixa de R$ 383 milhões), ao aumento das despesas financeiras líquidas e a perdas com operações descontinuadas.
No acumulado do ano, o prejuízo da NTCO3 foi de R$ 2,85 bilhões, contra lucro líquido de R$ 1,04 bilhão auferido no ano de 2021.
Na divulgação dos resultados, o CEO da Natura &Co, Fabio Barbosa, destacou os desafios macroeconômicos de 2022, com forte impacto da guerra na Ucrânia e das mudanças de comportamento do consumidor no pós-pandemia, que trouxeram incertezas sobre algumas unidades de negócios do grupo.
“Nesse ambiente, decidimos em meados de 2022 reavaliar o modelo de crescimento do grupo para entrar em um novo ciclo de estabilização. Desde então, mudanças importantes foram realizadas, como um maior foco na rentabilidade e conversão de caixa (com incentivos ajustado em conformidade), revisão da estrutura de custos e do papel da holding, além de revisões importantes em nossa presença global, a fim de posicionar o negócio para o sucesso daqui para frente”, declarou.
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No 4T22, a receita líquida da Natura &Co (NTCO3) foi de R$ 10,38 bilhões, queda de 10,8% na comparação com o mesmo trimestre do ano anterior. De acordo com a companhia, a piora do indicador se deve principalmente às performances da The Body Shop e Avon, cujas receitas caíram, respectivamente, 8,4% e 9,9% no período. Com operações em aproximadamente 100 países, 42% da receita líquida veio de fora da América Latina.
O EBITDA ajustado do período foi de R$ 1,09 bilhão, com margem de 10,5 % (-2,8 pontos percentuais frente ao 4T21) e 29% menor do que o do mesmo trimestre de 2021.
Nos últimos anos, as aquisições feitas pela NATCO3 – como Aesop, the Body Shop e Avon – comprometeram sua rentabilidade. De forma geral, ainda há dúvidas no mercado sobre a real capacidade de a Natura promover sinergias entre todas as suas operações. Para completar, a performance instável foi agravada pelo cenário macroeconômico mais adverso, que atingiu todas as marcas do grupo.
As despesas financeiras líquidas no 4T22 somaram R$ 524 milhões, um aumento de 74,2% na base anual. A companhia destaca como principais causas do aumento do custo financeiro o aumento da taxa de juros, perdas com derivativos e o agravamento da hiperinflação na Argentina.
Como ponto positivo, observa-se a melhora do fluxo de caixa livre, que fechou 2022 em R$ 1,2 bilhão, contra R$ 944,7 milhões no final de 2021. Nesse sentido, a companhia explica que, apesar da reversão do resultado positivo, a melhoria do capital de giro se deve em grande parte à otimização de estoques e à melhoria significativa do Imposto de Renda e da Contribuição Social.
A dívida líquida da Natura &Co fechou em R$ 7,44 bilhões no 4T22, contra R$ 5,96 bilhões ao final de 2021. Já o índice de alavancagem (dívida líquida / EBITDA) saltou de 2,19x para 7,83x no final do ano passado.
“É importante destacar que o EBITDA reportado em 2022 foi particularmente impactado por despesas não estruturais (incluindo R$ 383 milhões de impairment no 4T), que não deveriam ser recorrentes no longo prazo. Como mencionamos previamente, estamos trabalhando para melhorar nossa estrutura de capital enquanto continuamos a focar nas melhoras de margem e conversão de caixa”, explicou a Natura.
Novas emissões de títulos da NTCO3
Como parte da estratégia de melhora da estrutura de capital, em novembro último a companhia assinou um club loan (empréstimo sindicalizado) no valor de US$ 250 milhões, com vencimento em 2025. A operação é garantida por Natura &Co Holding e por Natura Cosméticos S.A. Segundo a empresa, os recursos foram utilizados principalmente para pagar um empréstimo de US$ 150 milhões de Revolving Credit Facility do grupo com vencimento em 2024 e um empréstimo de GBP 70 milhões da The Body Shop com a agência UK Export Finance.