Com a economia global cada vez mais conectada, os países emergentes têm atraído investidores de todo o mundo. Com recursos naturais abundantes, economia em expansão e alto potencial de consumo, esses mercados podem ser boas alternativas para quem busca diversificação internacional além do dólar e do euro.
Embora os emergentes tenham como característica as perspectivas de crescimento, há diferentes estágios de desenvolvimento de suas economias. Por isso, é importante conhecer as oportunidades e riscos de cada um deles antes de investir.
Para saber mais sobre quem são esses países e como funcionam os mercados emergentes, continue a leitura a seguir.
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O que são países emergentes?
Os países emergentes são aqueles que ainda não alcançaram o pleno desenvolvimento econômico, mas que possuem potencial de crescimento e exercem grande influência na economia mundial.
Podemos pensar nos mercados emergentes como economias em transição. Ou seja, esses países não são considerados subdesenvolvidos, mas ainda têm um bom caminho a trilhar para que alcancem a solidez e prosperidade das economias mais desenvolvidas.
Quais as características dos mercados emergentes?
Não há parâmetros fixos que determinam a partir de que estágio um país pode ser considerado emergente. Inclusive, podemos encontrar economias emergentes em diferentes graus de evolução, que apresentam várias discrepâncias econômicas e políticas entre si.
De forma geral, podemos apontar algumas características comuns a esses países, tais como:
- – Forte ciclo de industrialização e uma significativa abertura comercial nas últimas décadas.
- – População e Produto Interno Bruto (PIB) em expansão, acima das nações mais desenvolvidas.
- – Histórico recente de reformas econômicas e na política monetária, buscando atingir a estabilidade e sustentabilidade da economia.
- – Aprimoramento recente (ou em andamento) da infraestrutura, com o objetivo de alavancar a capacidade produtiva.
- – Mercado consumidor em expansão e, normalmente, maior do que o das economias desenvolvidas.
- – Forte demanda por serviços de toda ordem, com destaque para os financeiros (falta bancarização em muitos emergentes).
- – Abundância de recursos naturais e grande peso de commodities na economia.
- – Mão de obra mais barata.
Além dessas, podemos apontar diversas outras características dos mercados emergentes. Independentemente de especificidades, o fato é que alguns desses países, embora ainda tenham bastante a se desenvolver, já estão entre as maiores potências econômicas do mundo, conforme veremos mais adiante.
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Qual a importância dos países emergentes?
Todos os aspectos que vimos no item anterior nos fazem perceber o grande potencial econômico dos mercados emergentes. Atualmente, esses países representam cerca de 50% do PIB mundial, e suas perspectivas de crescimento podem impulsionar a atividade econômica e reduzir a desigualdade em diversas regiões no mundo.
Muitos investidores que utilizam o value investing conseguem encontrar boas oportunidades nesses países. Isso porque há grandes empresas que ainda nem abriram o capital, ou o fizeram recentemente e suas ações ainda estão descontadas frente às blue chips internacionais. Ou seja, além de representar um importante motor para a economia mundial, os emergentes podem proporcionar ganhos interessantes, desde que bem avaliados os riscos.
Quais são os principais países emergentes?
O BRICS é o principal grupo de países emergentes do mundo. A seguir, veja o que significa e como funciona essa estrutura, e conheça os países que o compõem.
BRICS
BRICS é a sigla para seis países emergentes – Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul – que se uniram para conquistar mais força no cenário econômico e político internacional. Na verdade, a estrutura não é propriamente um bloco econômico, como a União Europeia ou o Mercosul, por exemplo, pois não possui um registro formal. O objetivo do BRICS é incentivar as relações econômicas, sociais e políticas entre os seus membros, unindo forças nos fóruns internacionais para representar as economias em desenvolvimento.
Em agosto de 2023, mais seis países se juntaram ao grupo: Argentina, Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes, Etiópia e Irã. Atualmente, com 11 países, o PIB do BRICS passou a representar cerca de 36% do total mundial, e a sua população, que correspondia a 41% do planeta, passou para 46%.
Assim como em outros mercados emergentes, os países que formam o BRICS também são heterogêneos, seja quanto ao tamanho, potencial de crescimento ou grau de desenvolvimento. Por exemplo, a China é hoje a 2° potência econômica mundial, e, desconsiderando a pandemia, o seu PIB vem crescendo a mais de 6% ao ano desde 2013.
Já a Índia desbancou a Inglaterra e tomou o posto de 5° economia do mundo em 2022. E, segundo estimativas da Organização das Nações Unidas (ONU) de maio de 2023, o país ultrapassou a China em 3 milhões de pessoas e é hoje o país mais populoso do mundo. Isso sem falar no Brasil, que é a maior economia da América Latina e bastante diversificada, apesar da dependência das commodities.
Por outro lado, a Etiópia, recém chegada no grupo, tem ainda a economia quase 80% focada no agronegócio. No entanto, tem a segunda maior população da África (mais de 120 milhões de pessoas) e uma das economias que cresce de forma mais rápida no continente.
Ou seja, o que define os países emergentes não são, necessariamente, as suas semelhanças, mas sim as condições que oferecem para o desenvolvimento. No caso do BRICS, podemos observar uma abundância de recursos naturais, como terras férteis, grandes reservas de petróleo, minério de ferro, gás natural, água, até a enorme diversidade de commodities agrícolas e proteína animal.
Vantagens de investir em mercados emergentes
A principal vantagem de investir nos mercados emergentes é o alto potencial de crescimento em comparação às economias mais maduras. Sem dúvida, as empresas mais valiosas do mundo estão em países como Estados Unidos e integrantes da União Europeia. Mas a maioria das gigantes mundiais já alcançou o topo e não consegue mais se expandir com a velocidade de um mercado mais jovem, com renda média ainda em ascensão.
A diversificação da carteira é outro ponto positivo das economias emergentes. Como vimos, nesses países podemos encontrar empresas menos conhecidas e, portanto, mais baratas do que os grandes players internacionais.
Por fim, a moeda local menos valorizada e o diferencial de taxa de juros também costuma atrair investidores para esses países.
Desvantagens de investir em mercados emergentes
Em qualquer tipo de investimento, as chances de retorno estão diretamente relacionadas ao risco do ativo, e isso não é diferente quando falamos de países em desenvolvimento.
Como essas economias são mais jovens e ainda em fase de consolidação, é natural que seu risco político e econômico seja maior do que o das grandes potências. O fato de ainda não terem alcançado a maturidade econômica faz com que esses países sejam mais vulneráveis a crises ou oscilações do mercado internacional.
O câmbio desvalorizado é outro aspecto a se avaliar nesses países. Dependendo da calibragem da política econômica, a moeda menos valorizada pode promover ataques especulativos de curto prazo. Quando isso acontece, o risco país aumenta, o que influencia negativamente o rating de crédito desses mercados.
Por todos esses motivos, é preciso conhecer bem a região na qual se pensa em investir, e avaliar se o diferencial de remuneração realmente compensa o risco.
Como investir em países emergentes?
Antes de mais nada, é importante entender que a diversificação internacional é algo para se pensar no médio e longo prazo. Isso vale mais ainda para os mercados emergentes, que possuem mais volatilidade do que as economias mais fortes.
Para o investidor brasileiro, os ETFs (Exchange Traded Funds) são uma das formas mais práticas e acessíveis de investir nesses países. O objetivo desses fundos é replicar determinado índice ou ativo financeiro, e existem ETFs que rastreiam índices de mercados emergentes.
Há também BDRs (Brazilian Depositary Receipts) que investem em cotas de ETFs – os chamados BDRs de ETFs. Essa é mais uma alternativa para quem deseja diversificar em moeda estrangeira sem precisar abrir conta lá fora.