Rumo (RAIL3): conheça a maior operadora ferroviária do Brasil

Tempo de leitura: 5 minutos

Imagem mostra trem sobre malha ferroviária da RAIL3
Imagem mostra trem sobre malha ferroviária da RAIL3

Um dos destaques da bolsa brasileira, a Rumo S/A (RAIL3) presta serviços logísticos de transporte ferroviário, que abrangem armazenagem e elevação portuária. Atualmente é a maior operadora ferroviária brasileira, com cerca de 13,5 mil km de linhas ferroviárias, mais de mil locomotivas e 33 mil vagões. Sua área de atuação inclui as regiões Sul, Sudeste, Centro-Oeste e Norte, o que a permite atender ao agronegócio, setor extremamente importante para o PIB brasileiro.

Que tal saber mais sobre essa empresa e sobre o setor ferroviário no Brasil? Então, continue a leitura, e confira também a análise dos especialistas da Terra Investimentos sobre a performance da RAIL3 no último trimestre, bem como sobre as perspectivas para o seu negócio. Acompanhe a seguir!

Quem é a Rumo S/A (RAIL3)?

A Rumo S/A foi criada em 2008, como maior operador logístico exportador de açúcar. Um ano depois, firmou parceria com a ALL – América Latina Logística, fusão que veio a ser concluída em 2016. Desde então, a nova estrutura da empresa foi adquirindo concessões já existentes, o que a tornou a maior operadora ferroviária, com o maior número de linhas e extensão de ferrovias no território nacional.

A companhia também opera centros de distribuição, armazéns e terminais de transbordo, de forma direta e em regime de parcerias. Atualmente, sua capacidade de armazenagem é próxima de 900 mil toneladas.

Além disso, a RAIL3 controla dois terminais em Santos e participa de quatro terminais portuários – três localizados no Porto de Santos e um no estado do Paraná. Entre seus ativos, o complexo logístico de Rondonópolis (MT) é um dos destaques, com capacidade de carregamento de mais de um milhão de toneladas/mês.

Desde 2015, a Rumo S/A está listada no Novo Mercado da B3, que abrange as empresas com os melhores níveis de governança corporativa.

Setor ferroviário no Brasil

Historicamente, a malha ferroviária brasileira sempre foi muito importante para o desenvolvimento das regiões. Inclusive, o setor já chegou a ser o principal meio de transporte e abastecimento de diversas regiões. Além disso, o uso desse modal como meio de transporte favoreceu o avanço de setores importantes para a economia brasileira, como a exploração mineral e o agronegócio.

Com o passar do tempo, outras vias de transporte – em especial, a rodoviária – foram crescendo e tomaram espaço do meio ferroviário, o que reduziu os investimentos no setor. De acordo com a Associação Nacional dos Transportadores Ferroviários (ANTF), hoje somente 21,5% do transporte de carga do Brasil é realizado pela matriz rodoviária.

No entanto, a expectativa é de que esse percentual alcance 40% até 2035. Isso porque, segundo a ANTF, o Brasil ainda possui muito espaço para crescer, se o compararmos a outros países de dimensões semelhantes:

Fonte: ANTF

De acordo com o órgão, o setor ferroviário de carga brasileiro mostrou sinais de retomada em 2021. Isso porque o volume transportado de toneladas cresceu 3,6% no comparativo anual, passando de 489 milhões em 2020 para 506,8 milhões no ano passado. Inclusive, 2021 teve desempenho superior em comparação a 2019 (período pré-pandemia), que registrou 494,5 milhões de toneladas transportadas.

Com o novo Marco Legal do Transporte Ferroviário, sancionado no final de 2021, a expectativa é de que fiquem mais fáceis os investimentos privados no setor. Nesse sentido, a Lei 14.273/21 prevê a permissão de construção de ferrovias por autorização, assim como acontece na exploração de infraestrutura de setores como energia elétrica, portuário e telecomunicações, por exemplo.

Em relação aos postos de trabalho, é previsto um salto de 16 mil trabalhadores (número atual) para 225 mil empregados até 2035.

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RAIL3: análise da Terra Investimentos

A produção brasileira de grãos teve um ano de recuperação, apresentando um volume significativamente maior em relação aos últimos dois anos. Segundo Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, essa tendência positiva foi notada durante todo o ano nos resultados da Rumo.

“Os embarques realizados no segmento agrícola apresentaram um crescimento de pelo menos dois dígitos em todos os trimestres até então. Nesse último trimestre, a tendência foi mantida, e os volumes de embarques apresentaram crescimento expressivo no segmento agrícola e moderado no segmento industrial. A rentabilidade das principais operações da Rumo também aumentou, o avanço nos custos com combustíveis em decorrência da escalada do petróleo no ano foi compensado por ajustes em eficiência operacional e melhor diluição de custos fixos”, explica Novaes.

O analista ainda observa que, apesar da melhor rentabilidade, a operação Sul não apresentou o crescimento de volume como a operação Norte, refletindo a deficiências na safra de soja brasileira no último trimestre. Além disso, as despesas financeiras no período estiveram além do esperado, o que pode ser considerado aceitável, tendo em vista a maneira inesperada como o ciclo de alta de juros tomou forma. 

Perspectivas

Após não atingir o guidance por dois anos consecutivos, os resultados positivos da RAIL3 no ano incentivaram a sua revisão para cima para o fim do ano. Isso porque a companhia espera agora um volume maior transportado e um resultado operacional mais positivo, enquanto a estimativa de dispêndio de capital se mantém. 

Logo após a divulgação dos resultados, a Rumo S/A anunciou que irá executar a primeira fase de expansão do seu projeto no Mato Grosso, que deverá ligar as cidades de Rondonópolis e Campo Verde. Nesse projeto, o investimento estimado foi ajustado para cima e será financiado pelo caixa, geração de resultados operacionais dos próximos períodos e linhas de crédito de longo prazo. Para Novaes, a expectativa é de que esse projeto tenha um retorno positivo no longo-prazo, mas os custos seguem como ponto de atenção. 

Por outro lado, os volumes registrados devem continuar crescendo, considerando as novas projeções de produção e exportação de grãos brasileiros. Nesse sentido, a guerra entre Rússia e Ucrânia está durando muito mais do que se imaginada no início do ano. Dessa forma, isso acaba colocando o agronegócio brasileiro em uma posição de vantagem no mercado internacional.

Além disso, questões regulatórias da China também podem ser um importante catalisador para a Rumo nos próximos anos, o que poderia impulsionar as exportações no futuro. 

Outro ponto destacado por Novaes é o investimento do governo brasileiro em infraestrutura, que também poderia ser um fator positivo para a valorização do ativo. “Na última década, o nível de investimento foi baixo, refletindo as dificuldades orçamentarias do Estado. Por isso, a defasagem na infraestrutura ferroviária poderia ser um fator estimulante para novos investimentos”, observa o analista.

Pontos fortes da companhia

  • – Operação em tendência positiva. 
  • – Perspectiva favorável para a safra brasileira, o que poderia impulsionar volumes. 
  • – Políticas ambientais poderiam forçar transição do modal rodoviário para o ferroviário no longo-prazo. 

Pontos fracos da companhia

  • – Juros altos desestimulam investimentos e tornam o dispêndio de capital maior em projetos já iniciados. 
  • – Infraestrutura brasileira defasada poderá gerar gargalos e limitar volumes embarcados. 

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