Como já era esperado pelos analistas da Terra Investimentos, a temporada de balanços do 2T23 encerrou pálida, mostrando praticamente mais do mesmo.
Queda no preço de commodities importantes para o Brasil e juros ainda altos foram alguns dos principais aspectos que potencializaram as adversidades do cenário econômico, e demandaram bastante esforço por parte das empresas no sentido de retomarem plenamente suas performances. Algumas se saíram melhor; outras, deixaram a desejar, e é sobre isso que Luis Novaes, analista de Research, falou neste conteúdo. Continue a leitura e confira as melhores e piores performances da bolsa brasileira no 2° trimestre de 2023.
- Nubank (NUBR33) lucra US$ 224,9 milhões no 2t23
- JBS (JBSS3) fecha o 2T23 com prejuízo de R$ 263,6 milhões
- Ultrapar (UGPA3): lucro cai 48% no 2T23 e vai a R$ 239 milhões
Melhores desempenhos do 2T23
WEG (WEGE3)
A WEG novamente demonstrou resiliência diante um ambiente macroeconômico adverso, entregando resultado acima das expectativas.
“As receitas cresceram no período, refletindo a consolidação da presença global da empresa como fornecedora no segmento de bens de capitais. Além disso, as margens permaneceram saudáveis, com o controle eficiente dos custos por parte da companhia, mesmo diante do apreciamento do real ao longo do período. Por isso, as expectativas de longo prazo para a Wegempresa seguem elevadas com a perspectiva de crescimento consistente”, avalia Novaes.
- Petrobras (PETR4): queda do petróleo faz lucro cair 47% no 2T23
- Itaú (ITUB4) supera projeções e entrega lucro de R$ 8,7 bi no 2T23
Eletrobras (ELETR3)
A Eletrobras apresentou os primeiros sinais de que a busca por maior eficiência operacional poderá gerar resultados expressivos para o negócio. As margens se expandiram ao longo do último trimestre com os custos recorrentes menores, apesar dos preços médios caírem com a oferta ainda alta no mercado de energia.
“A empresa contou também com eventos não recorrentes que potencializaram o resultado. Dessa forma, as expectativas quanto aos resultados futuros se elevam, à espera de que novas melhorias operacionais sejam atingidas”, observa o analista.
BTG (BPAC11)
O BTG Pactual segue sua tendência de resultados positivos, destacando-se pelo desempenho em diferentes segmentos e aproveitando ao máximo sua estratégia de diversificação dentro do mercado de capitais.
“Os custos apresentaram alta, mas foram compensados pelo nível de receitas recorde, que culminaram em lucratividade também histórica para o período”, ressalta Novaes. Segundo o analista, as expectativas do mercado seguem elevadas em relação ao banco, com a possibilidade de retornos ainda maiores em um ambiente de negócios mais saudável.
Embraer (EMBR3)
A Embraer teve um trimestre positivo, com o maior número de entregas no segmento de aviação comercial e executiva. Segundo Novaes, apesar da menor receita no segmento de defesa, a produção de aeronaves comerciais e executivas foi suficiente para impulsionar o faturamento, enquanto as margens foram expandidas com a maior diluição dos custos e despesas.
“Após o primeiro resultado no ano elevar as preocupações quanto ao cumprimento das expectativas, a perspectiva para a empresa se tornou mais positiva, observando a possibilidade de uma evolução do mercado de aviação executiva”, explica.
Rede DOR (RDOR3)
A Rede DOR destacou-se no segundo trimestre com a sinalização de recuperação em segmentos importantes do negócio. As receitas com hospitais seguem em alta, com a maior taxa de utilização, lucratividade e aumento de leitos operacionais.
Por sua vez, o segmento de seguros apresentou uma importante redução no índice de sinistralidade médica, elevando as expectativas do mercado quanto a esse novo nicho a ser explorado. Enquanto isso, a alavancagem segue caindo, tornando a pressão menor sobre as margens da companhia.
Piores desempenhos do 2T23
Braskem (BRKM5)
A Braskem segue com sua operação pressionada pelo ambiente macroeconômico e petroquímico adverso e pelo novo provisionamento para o acidente em Alagoas. Os spreads internacionais permanecem em patamares baixos, afetando a lucratividade das empresas do setor.
Além disso, Novaes aponta o alto endividamento da empresa como um agravante. “A dívida em níveis recordes aumentaram as provisões, o que reprime a lucratividade da empresa e torna a sua perspectiva de médio e longo prazo cada vez mais incerta”, alerta o analista.
Bradesco (BBDC4)
O Bradesco registrou um trimestre fraco como projetado, demonstrando que a recuperação de sua lucratividade não será um processo rápido. Nesse sentido, Novaes observa que o aumento sistêmico da inadimplência do banco com a elevação dos juros básicos abalou os seus resultados recentes, considerando sua maior exposição às classes baixas da economia.
“Para reverter esse quadro, o Bradesco adotou uma postura mais conservadora em relação à concessão de crédito, o que trouxe efeitos negativos para a lucratividade no curto prazo, alinhados também às despesas maiores do que o esperado no período”, diz.
Vale (VALE3)
O resultado da Vale também veio abaixo das expectativas, ainda sob influência do ambiente de baixa demanda na China e da pressão nos custos de produção e transporte.
O volume produzido apresentou evolução no segundo trimestre, após a companhia superar dificuldades operacionais e sazonalidade que impactam negativamente a produção. No entanto, suas margens seguem pressionadas pelos preços realizados do minério de ferro, que enfrenta os efeitos negativos da perspectiva incerta sobre a demanda chinesa, e por custos ainda elevados na produção e transporte do minério.
Magazine Luiza (MGLU3)
A Magazine Luiza mantém sua perspectiva negativa com mais um resultado trimestral fraco. O ambiente de altos juros básicos permanece afetando a lucratividade da companhia, apesar da melhora refletindo o aumento de sua participação no mercado com o colapso de um dos seus principais concorrentes no setor.
Novaes também observa que os gastos da varejista seguem altos, e as despesas não recorrentes pioraram ainda mais o resultado. “Diante dos últimos números, que vieram abaixo do esperado, as expectativas para a Magalu foram ajustadas, e os investidores passam a enxergar uma recuperação ainda lenta para o setor varejista”, avalia.
Alpargatas (ALPA4)
A Alpargatas teve novamente um trimestre ruim, demonstrando que os efeitos negativos já conhecidos pela companhia seguem pressionando os resultados.
Após sucessivas performances abaixo das expectativas, com volume de vendas baixos e custos elevados, existia a expectativa de que o desempenho no trimestre poderia ser uma sinalização de recuperação. Entretanto, segundo Novaes, os números mais recentes não trouxeram mudança significativa nos resultados. Isso levou os investidores a refazerem suas projeções de recuperação para a empresa, aguardando a evolução das medidas com foco na eficiência dos custos e recuperação da demanda.