Embora não sejam esperadas grandes novidades em relação aos últimos trimestres, as perspectivas para a temporada de balanços do 3T23 apontam para algumas melhorias pontuais de receitas e margens. Essa é a opinião dos analistas da Terra Investimentos, que veem o cenário macroeconômico ainda desafiador, mas com alguns setores performando melhor do que outros.
Para o analista Luis Novaes, ainda é cedo para que se possa sentir os reflexos da recente queda da Selic. No entanto, ele acredita que esse pode ser o início de um ciclo mais favorável para as empresas, especialmente aquelas que dependem mais do momento econômico atual.
“Do lado positivo, as petrolíferas devem figurar entre os melhores resultados da temporada, diante do impulso da commodity. Já os setores de varejo e tecnologia possivelmente tenham a rentabilidade penalizada pelas condições de crédito”, avalia Novaes.
A seguir, confira mais detalhes sobre a prévia dos resultados do trimestre, que começará na terça-feira, 24 de outubro.
- Conheça 6 estratégias para investir em ações
- Temporada de balanços: 9 expressões que você precisa conhecer
Melhores performances esperadas para temporada de balanços do 3T23
Segundo Novaes, além das petrolíferas, outras empresas de commodities deverão se beneficiar no 3T23, como as exportadoras de açúcar e minério de ferro, por causa do avanço desses itens no mercado internacional. Além disso, os setores de energia elétrica, saneamento e telecomunicações também devem apresentar resultados consistentes.
“Em cenários desafiadores ou instáveis, esses setores costumam ser resilientes historicamente. Nesse contexto as divulgações dos números acabam ganhando mais importância pela possiblidade de indicar tendências de longo prazo para as teses de investimentos”, observa o analista.
De forma mais modesta, também podemos esperar que os segmentos de educação, shoppings e concessões mantenham a tendência positiva, apesar do peso do ambiente macroeconômico.
Quanto à educação, Novaes avalia que, após o aumento da alavancagem nos últimos anos, o setor deve continuar apresentando resultados positivos. Já os shoppings devem manter o movimento de expansão e de recuperação de margens e, por fim, as concessões geram expectativas em relação ao aumento do tráfego, à medida que o mercado busca sinalizações sobre a capacidade de investimentos futuros.
Os bancos com baixa exposição aos perfis mais arriscados de clientes deverão apresentar resultados positivos, enquanto os mais expostos deverão continuar sua trajetória de recuperação de rentabilidade, após os impactos sofridos pelo setor devido à escalada dos juros básicos e eventos específicos no crédito corporativo. Novaes também observa que os investidores continuarão atentos à qualidade dos ativos.
As seguradoras também deverão mostrar números robustos, devido ao efeito dos juros elevados no período. O mesmo se espera das operadoras de planos de saúde, que possivelmente apresentem resultados melhores em comparação ao último trimestre, considerando a melhora nos índices de sinistralidade, dando um novo passo em direção à recuperação das margens.
Performances piores e médias esperadas para a temporada de balanços do 3T23
Ainda sob pressão do cenário macroeconômico desafiador, o varejo deve manter sua tendência de resultados negativos dos últimos trimestres. Para Novaes, mesmo diante dos cortes recentes, o atual patamar da Selic segue elevado e deve contribuir para margens ainda restritas, enquanto o consumo não apresenta um movimento significativo de recuperação.
“A exceção a essa regra seria o consumo de alta renda, que, assim como nas oportunidades anteriores, não se viu sob grande impacto do ambiente”, ressalta.
As empresas de tecnologia também deverão mostrar números fracos no 3T23, pois as condições de crédito penalizam as expectativas em relação ao retorno e perspectivas de crescimento. “No caso dos setores de tecnologia, tudo aponta, novamente, para um período de ajustes à espera de tempos melhores”, diz o analista.
No setor de saúde, a tendência positiva deve perder parte da força, após resultados acima do esperado na última temporada, em razão do alívio dos custos devido à menor inflação.
Já os frigoríficos devem continuar buscando a recuperação das margens no exterior. Por fim, a indústria deve desacelerar, tendo em vista o impacto do aperto monetário ao redor do mundo, com exceção das indústrias automobilísticas de grande porte, que se beneficiam do ambiente de baixa oferta.