Venture capital: como funciona o capital de risco?

Tempo de leitura: 5 minutos

Imagem mostra apresentação de um fundo venture capital
Imagem mostra apresentação de um fundo venture capital

Apesar das turbulências do cenário econômico, é cada vez maior a quantidade de interessados no mercado de startups. Nesse contexto, o venture capital atrai tanto investidores que buscam alternativas para rentabilizar o patrimônio quanto empresas em busca de financiamentos para os seus projetos.

De acordo com a Associação Brasileira de Private Equity e Venture Capital (ABVCAP), os aportes dos fundos de private equity e venture capital em empresas brasileiras atingiram R$ 53,8 bilhões em 2021. Ou seja, um crescimento de 128% em comparação a 2020, no qual os investimentos em ambas as modalidades totalizaram R$ 23,6 bilhões.

Em relação a 2022, dados da ABVCAP do primeiro trimestre mostram que esse mercado continua aquecido apesar da instabilidade macroeconômica. De janeiro a março desse ano, foram R$ 11,5 bilhões de investimentos, contra R$ 10,7 no mesmo período do ano passado.

Mas afinal, o que é venture capital? Como funciona e quem pode fazer esse tipo de investimento? É justamente isso o que veremos a seguir!

O que é venture capital?

Também conhecido como capital de risco, o venture capital é um tipo de investimento em empresas (normalmente pequenas ou médias) que possuem um alto potencial de crescimento. Geralmente, essas empresas são iniciantes e, por isso, ainda possuem baixo faturamento. Dessa forma, precisam de recursos para investir, o que faz com que o risco dessa modalidade seja alto.

O objetivo desse formato de operação é trazer rentabilidade à empresa com a entrada de novos investidores. Nesse sentido, o venture capital abre possibilidades para uma venda ou fusão no futuro, ou mesmo para um IPO (abertura de capital) em determinadas situações.

Basicamente, existem dois tipos de venture capital. Um deles é o General Partner (ou parceiro geral), no qual o participante possui certa autonomia e pode selecionar o projeto em que deseja investir. O outro é o Limited Partner (ou parceiro limitado), no qual alguns participantes entram com os recursos e outros, somente com a gestão. Nesse caso, quando o empreendimento tem lucro, somente as partes que aportaram dinheiro recebem os rendimentos.

Como funciona esse investimento?

Como vimos, o objetivo do venture capital é levantar capital para que as empresas possam crescer e se valorizar no mercado. Para isso, o primeiro passo é definir que tipo de investidores farão parte do negócio.

Por exemplo, eles serão parceiros gerais, com mais autonomia e participação nas decisões? Ou haverá grupos com responsabilidades limitadas – quem aporta dinheiro e quem faz a gestão? A partir dessa definição, é formalizada a diretriz do investimento, que contempla as competências de cada investidor e respectivos percentuais, a área de atuação e o foco do empreendimento.

Loco após, tem início a segunda parte do investimento, que é definir a fase na qual a empresa se encontra. Nesse sentido, temos as seguintes classificações:

  • Capital semente: nessa fase, o projeto da empresa ainda é uma ideia. Por isso, é normal que ocorram diversos aportes nesse momento.
  • Incubadoras: aqui, a empresa já está em operação, mas ainda não está consolidada no mercado. Dessa forma, as incubadoras oferecem um ambiente para que os projetos alcancem a maturação.
  • Aceleradoras: em relação às incubadoras, a diferença das aceleradoras é que elas trabalham com empresas que já estão mais avançadas em seus projetos. Ou seja, elas só precisam dar mais velocidade ao desenvolvimento de sua estratégia.

Por fim, o terceiro passo é o que engloba efetivamente a seleção dos projetos. Aqui, não há uma regra, mas normalmente os fundos escolhem startups de segmentos diferentes. Dessa forma, consegue-se diluir o risco do investimento e aumentar as chances de retorno.

Rodadas de investimentos

Outro ponto importante a entender nos investimentos em venture capital são as rodadas de investimentos. Isso porque os aportes são realizados de acordo com o nível de maturidade e grau de risco das empresas, conforme vimos no item anterior.

No capital de risco, podemos identificar cinco principais tipos de rodadas de investimentos. Conforme avançam os estágios, as rodadas passam a se chamar “séries”, e são identificadas pela ordem alfabética, conforme veremos a seguir.

Pré-seed

Nesse caso, os projetos ainda estão em formação ou são incipientes. Ou seja, não existem indicadores concretos que permitam avaliar as possibilidades de êxito. Por isso, no pré-seed, os investidores apostam mesmo nas ideias dos fundadores da empresa.

Nessa fase do empreendimento, é bastante comum que amigos ou familiares invistam na empresa. Além disso, pode haver a participação de investidores-anjo, que entram com recursos financeiros e agregam suas experiências à gestão.

Em relação aos valores, não há uma regra rígida para a sua definição. Normalmente, nessa etapa da rodada, eles costumam chegar até R$ 1 milhão.

Seed

Já nessa etapa, os projetos estão validados e se inicia a prática para a confirmação do modelo de negócio. Em outras palavras, os recursos nessa fase da rodada de investimentos servem para desenvolver os produtos e o crescimento das equipes.

Na fase seed, costuma-se fazer mais pesquisas sobre o público-alvo e adequação do produto ou serviço. Por isso, o empreendedor já deve ter as projeções do negócio e expectativas de oportunidades para mostrar aos investidores.

Aqui, também não há uma faixa de valores predeterminada para o investimento. Porém, pela prática do mercado, eles costumam ficar entre R$ 1 milhão e R$ 5 milhões.

Série A

Nesse momento, o projeto já é conhecido e alcançou o mercado que planejava. Logo, essa etapa da rodada de investimentos busca dar tração para que a empresa atinja novos mercados e consumidores.

Em relação aos parâmetros de decisão, os investidores já começam a olhar números concretos para definir o potencial do negócio. Por isso, o empreendedor precisa mostrar mais detalhadamente qual sua estratégia para gerar resultados no longo prazo.

Quanto aos aportes, a média de investimento na série A costuma ficar entre R$ 5 milhões e R$ 50 milhões.

Série B

Nessa fase inicia a etapa mais acelerada de investimentos. No entanto, para que isso ocorra, a empresa precisa já estar com processos internos bem organizados. Isso porque, quanto mais aumentam os aportes, maiores também são as exigências dos investidores quanto aos critérios de governança.

A partir da série B, os valores dos investimentos costumam superar R$ 50 milhões.

Série C e seguintes

Por fim, quando o venture capital evolui para a série C, a empresa já é reconhecida e busca mais profissionalização e consolidação no seu mercado. Nesse sentido, é comum que ocorram fusões, aquisições, ou mesmo o início de uma atuação internacional.

A partir da série C, o objetivo dos investidores é garantir retornos cada vez maiores. Por isso, os aportes nessa fase podem chegar a centenas de milhões de reais.

É importante entender que não há um prazo específico para cada etapa da rodada de investimentos. Isso porque as fases iniciais podem ser mais rápidas, ao passo que as últimas podem demorar até um ano ou mais.

Qual a diferença entre private equity e venture capital?

Tanto o venture capital quanto o private equity se destinam a captar recursos para financiar projetos de empresas. No entanto, existem algumas diferenças entre as duas modalidades, que são as seguintes:

Fase de desenvolvimento da empresa

De forma geral, o private equity busca investir em empresas mais maduras, que estão expandindo ou reestruturando o seu negócio. Por outro lado, o foco do venture capital normalmente são startups e empresas iniciantes, com alto potencial de crescimento. Dessa forma, teoricamente o seu risco acaba sendo mais alto do que o dos fundos private equity.

Setor de atuação

Outra diferença entre os dois tipos de capital de risco está no setor de atuação das empresas. Nesse sentido, os fundos de private equity não têm um nicho determinado de atuação, pois cobrem todos os setores da economia. Já o venture capital é focado em inovação, como empresas de tecnologia, biotecnologia, entre outras.

Percentual de participação

Em relação à participação, normalmente o private equity adquire o controle ou, em alguns casos, a totalidade da empresa. Ou seja, esses fundos normalmente reivindicam autonomia sobre a gestão da investida. Por sua vez, a participação majoritária não é a prioridade do venture capital, que geralmente ficam com 10 a 20% do capital nas rodadas de investimentos iniciais.

Por que investir em venture capital?

É claro que não existem garantias de que as empresas tenham sucesso no futuro, pois tudo depende da qualidade de seus projetos e gestão e de variáveis macroeconômicas ao longo do tempo. No entanto, quando tudo corre bem, os ativos de risco trazem excelentes resultados aos investidores, muitas vezes bem superiores aos que teriam no mercado de capitais, por exemplo.

No entanto, além do apetite para o risco, um ponto importante a observar é o prazo desse tipo de investimento. Isso porque, tanto no private equity quanto no venture capital, os projetos das empresas precisam maturar até que gerem resultados. Dessa forma, os recursos só são devolvidos ao investidor no período de desinvestimento da empresa, que pode variar de cinco a dez anos, ou mais. Portanto, quem investe nesses ativos deve ter foco no longo prazo.

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