Quando o assunto é sustentabilidade, a Klabin (KLBN11) é uma das companhias brasileiras mais lembradas, e ela não é referência somente no mercado interno. Em 2022, um dos principais índices de sustentabilidade do mundo – o Dow Jones Sustainability Index World (DJSI World) – incluiu 19 empresas brasileiras em sua composição. Na categoria principal (Golden Class) aparecem duas blue chips da B3: Klabin e Lojas Renner.
Maior produtora e exportadora de papéis para embalagens do Brasil, a Klabin foi uma das companhias que representou o Brasil na 27ª Conferência do Clima da Organização das Nações Unidas (ONU), a COP27. Na comitiva brasileira, ela foi a única integrante do Business Leaders, grupo que tem o objetivo de difundir a sustentabilidade e engajar o setor privado nas mudanças climáticas.
Que tal saber mais sobre essa gigante centenária da bolsa brasileira? Então, continue a leitura e conheça a história, a atividade e confira a análise da Terra Investimentos sobre os números do terceiro trimestre de 2022.
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Quem é a Klabin (KLBN11)?
A Klabin (KLBN4) é líder nos mercados de embalagens de papelão ondulado e sacos industriais, fornecendo produtos que abrangem toda a cadeia produtiva. Ou seja, sua atuação vai desde a extração até o produto que chega ao consumidor. Além disso, também detém 11% do mercado de reciclagem do Brasil, o que a torna a maior recicladora nacional de papéis.
Foi fundada em 1899, pelos irmãos Maurício Klabin e Hessel Klabin e por Miguel Lafer. Inicialmente chamava-se Klabin Irmãos e Cia, e começou suas atividades com a importação de produtos de papelaria e produção de artigos diversos, destinados a escritórios, bancos e comércio de forma geral.
A primeira fábrica de papel e celulose integrada da Klabin foi construída em 1934, quando a empresa adquiriu a Fazenda Monte Alegre, no Paraná. Anos depois, a companhia expande suas atividades pelo Brasil, construindo fábricas nas regiões Nordeste, Sudeste e Sul. Em 1979, acontece a oferta pública de ações (IPO) da Klabin na bolsa.
Atualmente, a empresa possui 24 unidades industriais no Brasil e uma na Argentina.
Áreas de atuação
Em relação ao modelo de negócio, a Klabin atua em quatro segmentos distintos:
- – Florestal: a Klabin atende às indústrias moveleira, laminadora e da construção civil fornecendo toras, e também opera fortemente no setor de celulose. A fim de atenuar o impacto ambiental dessa atividade, utiliza o plantio em mosaico, que mescla áreas nativas preservadas com novos plantios. Segundo a empresa, esse tipo de manejo florestal colabora com a preservação dos recursos naturais e da biodiversidade.
- – Celulose: produz três tipos de celulose: fibra fina (eucalipto), fibra longa (pinus) e celulose fluff.
- – Papéis: o portfólio contempla três tipos de papéis: papel-cartão, kraftliner e embalagens. De acordo com dados da empresa, o segmento de papéis é responsável por mais de 60% do faturamento total.
- – Embalagens: caixas, sacos, soluções para e-commerce e customizadas de forma geral.
Novos investimentos
Recentemente, o conselho da Klabin (KLBN4) aprovou um complemento ao projeto Puma II, o maior investimento da história da empresa (R$ 13 bilhões). O novo aporte será de R$ 183 milhões, dos quais espera-se o desembolso de R$ 77 milhões já em 2023 e o restante em 2024. Por outro lado, a estratégia prevê cerca de R$ 23 milhões de recuperação de impostos.
O início da segunda etapa do Projeto Puma II está previsto para o segundo trimestre de 2023. Nesse sentido, a projeção é de que a capacidade produtiva passe a 460 mil toneladas por ano. Além disso, a partir de setembro de 2024, a planta poderá fazer até 105 mil toneladas de papel-cartão branco em substituição ao marrom.
De acordo com a Klabin, esse investimento possibilitará a sua entrada no segmento de cartões brancos de fibras vegetais. Segundo dados da empresa, esse setor representa um mercado endereçável de mais de US$ 20 bilhões, e com expectativa de alto crescimento para os próximos anos.
Klabin (KLBN11): análise da Terra Investimentos
2022 foi um ano marcado pela desaceleração das principais economias do mundo. Nesse sentido, Luis Novaes, analista da Terra Investimentos, observa que um dos principais motivos foi a fragilização da atividade empresarial durante a pandemia. Isso porque muitas empresas se tornaram mais endividadas ou, na pior das hipóteses, deixaram de operar. Além disso, a guerra entre Rússia e Ucrânia impulsionou os preços de energia, o que impactou negativamente as margens de diversos setores da economia.
“Apesar desse contexto, o ano da Klabin foi sólido, apoiado em altos preços realizados. Isso permitiu que a empresa preservasse a lucratividade fosse preservada mesmo com o aumento significativo dos custos. Além disso, os volumes também surpreenderam no último balanço, tanto no segmento de papel quanto no segmento de celulose”, avalia Novaes.
Em relação aos volumes maiores, o analista explica que aconteceram por causa de maior demanda do exterior. “Isso não estava dentro das projeções do mercado, tendo em vista a situação adversa econômica no exterior”.
Por sua vez, as exportações da Klabin (KLBN4) se beneficiaram da depreciação do real, atingindo sua maior cotação em relação ao dólar no início do terceiro trimestre. Dessa forma, foi possível notar a tendência positiva do mercado de celulose, contando com maiores volumes negociados a preços mais altos.
Como era de se esperar, os custos vieram mais altos no último trimestre. Isso por causa, principalmente, dos preços inflacionados de combustíveis, energia e químicos que fazem parte da produção. Além disso, a companhia teve custos adicionais com a compra de madeira de terceiros.
Perspectivas
Em relação à demanda, ainda restam algumas dúvidas para o próximo ano. Isso porque os índices de atividade das principais economias demonstram que essas ainda se encontram em retração. E, com a manutenção da política restritiva das autoridades monetárias no exterior, essa situação pode ser agravada.
Além disso, a recuperação da China, que poderia impulsionar a demanda, é algo que ainda pode demorar a se concretizar. Portanto, apesar dos resultados resilientes da Klabin (KLBN4) dos últimos trimestres, ainda é incerto se a empresa conseguirá manter essa tendência no curto prazo.
Outro ponto que Novaes destaca é a perspectiva de juros maiores nos EUA e as preocupações sobre a estabilidade fiscal no Brasil. Nesse cenário, o dólar pode se valorizar em relação ao real nos próximos trimestres.
“Esse fator seria de extrema importância para os melhores resultados da empresa, que tem, em média, 50% de sua receita nas exportações. Nesse sentido, a Klabin se tornaria uma provável escolha defensiva, mesmo com as dúvidas sobre a demanda internacional por seus produtos”, observa.
A empresa também assume uma posição de destaque na pauta ESG. Nas duas últimas décadas, a Klabin reduziu significativamente seu consumo de água e emissões diretas nas operações. Além disso, o papel em si é visto como uma das principais alternativas sustentáveis para as embalagens de modo geral, em razão da sua natureza biodegradável e possiblidade de reciclagem.
“Esse posicionamento também permite que a Klabin atraia capital focado em sustentabilidade. Isso pode ser visto como uma importante fonte de recursos para projetos de longo prazo, que podem impactar positivamente na lucratividade e rentabilidade”, complementa Novaes.
Pontos Fortes da Klabin
- – A Klabin é referência ESG no mercado.
- – É uma alternativa para dolarizar a carteira, tendo em vista as receitas em moeda estrangeira.
- – A companhia está entre os maiores produtores de celulose do mundo, e é maior exportadora de embalagens do Brasil.
- – Os seus prazos de crescimento florestal são significativamente menores em relação aos dos concorrentes internacionais.
Pontos fracos da Klabin
- – Eventual queda na demanda internacional por papel e celulose pode afetar lucratividade.
- – Os investimentos significativos realizados pela empresa nos últimos anos pode não trazer os resultados esperados.