A agência de classificação de risco Fitch rebaixou o rating de crédito da Americanas (AMER3) em moeda nacional de “AA+” para “CC”. Já a nota de classificação de risco em moeda estrangeira passou de ” BB” para “CC”. As alterações no grau de risco da companhia se refletem diretamente nas suas debêntures e bonds e, segundo a agência, as novas notas apontam para risco de crédito elevado e chances de calote.
A ação ocorreu após divulgação de inconsistências contábeis nos balanços da Americanas, que ocasionou a renúncia do CEO Sérgio Rial e do CFO André Covre, apenas nove dias depois de assumirem os postos.
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Pelos critérios da Fitch, as inconsistências contábeis na ordem de R$ 20 bilhões elevariam a dívida líquida ajustada sobre o EBITDAR de 5,5 vezes para 11,9 vezes. De acordo com a agência, é provável que a Americanas entre em acordo para a rolagem de dívidas junto a seus credores, “por conta da situação insustentável de crédito e reputação que se criou. Se isso acontecer, a nota será novamente rebaixada, dessa vez para ‘C'”, diz a nota da Fitch divulgada nessa sexta (13).
O período negro da companhia começou logo após a divulgação das referidas inconsistências nas demonstrações financeiras por meio de fato relevante na noite de quarta (11). Por esse motivo, Sergio Rial deixou a presidência da Americanas, tendo antes anunciado que as inconsistências encontradas se referiam a dívidas bancárias classificadas erroneamente como fornecedores.
Deterioração da estrutura de capital da Americanas
Segundo os analistas da Fitch, de R$ 20 bilhões forem somados ao passivo da companhia, isso acaba com a sua estrutura patrimonial. Em outras palavras, a Americanas ficaria com passivo a descoberto (PL negativo).
No balanço do terceiro trimestre de 2022, a dívida contabilizada era de R$ 3,2 bilhões, e o PL, R$ 14,7 bilhões. Na ocasião, o valor de mercado da companhia somava R$ 15,4 bilhões.
Outro grave problema está na governança da companhia, devido à falta de transparência evidenciada pelo ocorrido. “A estrutura de capital insustentável e a reputação prejudicada da Americanas prejudicam gravemente sua flexibilidade financeira e a capacidade de lidar com obrigações operacionais e financeiras. O apoio dos credores será fundamental”, avalia a agência.
A Fitch também aponta o risco de a empresa perder fornecedores, o que agravaria ainda mais a sua situação financeira. , a Americanas pode ter a sua situação agravada. Para a agência, “uma injeção de capital material em tempo hábil para evitar a inadimplência é altamente incerta”, avalia.