IPCA e IGP-M: afinal, qual a diferença entre os dois índices?

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem mostra gráfico e remete aos índices IPCA e IGP-M
Imagem mostra gráfico e remete aos índices IPCA e IGP-M

Uma das formas mais eficientes de proteger o patrimônio da inflação é investir em ativos atrelados a índices inflacionários. No mercado brasileiro, há diferentes indicadores que ajudam a medir o poder de compra do dinheiro, sendo IPCA e IGP-M os mais importantes.

Ambos medem a variação de preços de bens e serviços que consumimos, mas cada um deles se comporta de forma diferente. Isso pode parecer estranho, pois, teoricamente, inflação é inflação, não é mesmo? Na verdade, essas diferenças têm uma razão de ser, e é importante conhecê-las para entender o que acontece com nosso dinheiro e de que forma podemos protegê-lo corretamente.

O que são IPCA e IGP-M?

O motivo de existirem diferentes índices para medir a inflação é que cada um deles possui determinado escopo em relação aos itens que medem. Isso nos faz enxergar melhor a inflação, pois nem todos os itens sobem da mesma forma.

Por exemplo, o índice que mede a alta dos preços de itens de consumo não é o mesmo que acompanha a produção industrial ou o custo dos aluguéis. Para ficarem mais claras essas diferenças, veremos separadamente como funcionam o IPCA e IGP-M a seguir. Acompanhe!

IPCA

IPCA é a sigla para Índice de Preços ao Consumidor Amplo, e esse é considerado o índice oficial da inflação no Brasil. Ele mede a variação de preços dos produtos e serviços que chegam ao consumidor final. Em outras palavras, quando ouvimos que a inflação de um determinado período foi de “X%’”, é sobre a variação do IPCA nesse período que está se falando.

Cálculo do IPCA

Todos os meses, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) faz o cálculo do IPCA e o divulga entre a primeira e a segunda semana de cada mês. Para isso, a entidade pesquisa os itens de consumo de famílias que recebem entre um e 40 salários mínimos. Esses itens – também chamados de “cesta de produtos” – são de diversas naturezas, e abarcam os gastos de primeira necessidade, como alimentação, habitação, saúde, vestuário, transportes, entre outros.

O peso que cada componente da cesta de produtos tem no índice depende de sua relevância. Por exemplo, os gastos com alimentação e saúde costumam representar mais do que comunicação e vestuário.

Os preços que o IBGE utiliza para calcular o IPCA vêm de uma pesquisa realizada entre o primeiro e o 30° dia do mês em estabelecimentos comerciais e concessionárias de serviços públicos e privados. Essa pesquisa é feita em 16 capitais brasileiras, que representam as principais áreas urbanas do país: São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Belo Horizonte, Curitiba, Porto Alegre, Salvador, Fortaleza, Aracaju, Recife, Vitória, Belém, Rio Branco, São Luís, Goiânia e Campo Grande.

O IBGE identifica os itens que farão parte da cesta de produtos a partir da Pesquisa de Orçamentos Familiares (POF), que visa medir o padrão de consumo e os rendimentos das pessoas. Dessa forma, consegue-se traçar um perfil de consumo a partir dos orçamentos domésticos.

Atualmente, há cerca de 380 itens na cesta de produtos, classificados em nove grupos:

  • – alimentação e bebidas;
  • – habitação;
  • – artigos de residência;
  • – vestuário;
  • – transportes;
  • – saúde e cuidados pessoais;
  • – despesas pessoais;
  • – educação;
  • – comunicação.

IGP-M

O IGP-M (Índice Geral de Preços-Mercado) é considerado um indicador mais abrangente do que o IPCA. Isso porque, além dos itens que chegam ao consumidor, ele engloba também os custos envolvidos na cadeia produtiva do processo.

É comum ouvirmos referências ao IGP-M como “índice dos aluguéis” ou “inflação do aluguel” justamente porque ele é o mais utilizado nos reajustes de contratos. Além disso, ele também serve como indexador de serviços como energia elétrica, mensalidades escolares e outros considerados essenciais.

Cálculo do IGP-M

O cálculo do IGP-M também é mensal, mas quem o realiza é a Fundação Getúlio Vargas (FGV). Em relação ao IPCA, a sua metodologia é um pouco mais complexa, pois utiliza a média ponderada de outros três índices: IPA-M (Índice de Preços ao Produtos Amplo-Mercado), IPC-M (Índice de Preços ao Consumidor-Mercado)e INCC (Índice Nacional de Custo da Construção-Mercado), que também são calculados pela FGV.

O IPA-M representa 60% do IGP-M, e demonstra as variações de produtos agropecuários e industriais no atacado. Ou seja, o índice verifica o preço desses itens antes da venda ao consumidor final.

Já o IPC-M tem peso de 30% no IGPM, e ele mede evolução dos preços no varejo para famílias com renda entre um e 33 salários mínimos mensais. Os itens medidos são os mesmos do IPCA, porém a pesquisa para pesquisa para cálculo do IPC abrange somente oito capitais: São Paulo, Rio de Janeiro, Belo Horizonte, Brasília, Salvador, Recife e Porto Alegre.

Por fim, O INCC-M, que responde por 10% do IGP-M, visa acompanhar a evolução dos custos dos insumos utilizados na construção de imóveis. Ou seja, ele mostra quanto custam os materiais e a mão de obra utilizados no projeto.

Qual a diferença entre IPCA e IGP-M?

De forma simplificada, podemos dizer que o IPCA mede somente a variação dos preços finais de venda. Por outro lado, o IGP-M demonstra a variação de todos os preços compreendidos na cadeia produtiva, desde a produção até a venda ao consumidor final. Em outras palavras, IPCA e IGP-M medem a inflação a partir de perspectivas diferentes, e isso faz com que, em alguns momentos da economia, eles se distanciem bastante.

Por exemplo, imagine que, em determinado período, o dólar dispare em relação ao real. Como o IGP-M abrange mais itens do que o IPCA, a alta da moeda estrangeira acaba o impactando mais fortemente, pois há custos dolarizados nos processos produtivos, o que não se aplica a muitos produtos contemplados pelo IPCA.

Ainda em relação ao dólar, a alta da moeda torna as exportações mais vantajosas. Dessa forma, dependendo de quão forte seja o movimento de vendas ao exterior, os produtos podem ficar escassos no mercado interno, o que também contribui para que os preços fiquem mais altos.

E como IPCA e IGP-M afetam os investimentos?

Em tempos de inflação alta, é muito importante buscar proteção contra a desvalorização do dinheiro, principalmente no longo prazo.

Suponha que você tenha investido em um título de longo prazo que paga 8% ao ano, e que, em determinado ano, a inflação acumulada tenha sido de 10%. Nesse caso, o investimento não teve ganho real, pois o rendimento ficou 2% abaixo da inflação do período. Ou seja, por desconsiderar o efeito da inflação nos investimentos, a sua carteira teve resultado negativo.

Para não correr o risco de que isso aconteça, é preciso buscar ativos que tenham rendimentos atrelados à inflação. Clique nos link abaixo, e saiba mais a respeito!

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