Fundos de infraestrutura: entenda o que são e como investir

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem mostra projeto de engenharia em referência aos fundos de infraestrutura
Imagem mostra projeto de engenharia em referência aos fundos de infraestrutura

Se você está em busca de alternativas para diversificar a sua carteira de longo prazo, precisa conhecer os fundos de infraestrutura (FI-Infra). Esses fundos são negociados na bolsa e, desde 2020, estão disponíveis para o investidor de varejo, podendo ser negociados diretamente nas plataformas de investimento ou via home broker das corretoras.

Um dos atrativos dos FI-Infra é a isenção de Imposto de Renda, o que pode tornar o seu rendimento mais interessante na comparação com outros investimentos tributados. Para conhecer as peculiaridades desses fundos e saber se fazem sentido ou não para sua estratégia de investimentos, continue a leitura a seguir.

O que são fundos de infraestrutura?

O fundo de infraestrutura é um tipo de fundo de renda fixa que investe predominantemente em títulos de dívida de empresas (debêntures) que atuam na infraestrutura brasileira. O diferencial dessas debêntures é a isenção de Imposto de Renda, concedida pelo governo justamente para incentivar a execução de projetos que tragam benefícios à população, como saneamento, estradas, aeroportos, entre outros.

Para que possa ser considerado um FI-Infra, ao menos 85% do patrimônio do fundo deve estar investido nesse tipo de debênture. Dependendo do regulamento, o gestor pode investir a totalidade dos recursos nesses títulos.

Basicamente, quem adquire cotas de um FI-Infra está ajudando a financiar os projetos de infraestrutura no Brasil. Como esses projetos têm maturação longa, esse tipo de investimento é adequado para compor a parte de longo prazo da carteira.

Como funciona esse investimento?

Os FI-Infra podem ser do tipo condomínio aberto ou fechado. Nos fundos abertos, a aquisição e o resgate das cotas é feito diretamente nas plataformas de investimento. Já os fundos fechados são aqueles listados na B3 e funcionam de forma semelhante aos fundos imobiliários. Nesse caso, o investidor pode adquirir cotas durante as ofertas públicas ou diretamente com outros investidores no mercado secundário, pelo home broker da corretora.

Vantagens dos FI-Infra

Além da isenção de IR, os fundos de infraestrutura possuem outros diferenciais interessantes, os quais veremos a seguir.

Diversificação

Os fundos de infraestrutura oferece uma boa diversificação para a carteira. Isso porque podem estar presentes em diversos setores da economia, como concessões de estradas e aeroportos, construção de usinas hidrelétricas, além de segmentos mais novos e com boas perspectivas de crescimento, como energia eólica, solar ou térmica, por exemplo.

Outro aspecto positivo é o fato de que empresas privadas têm atuado cada vez mais nas concessões de infraestrutura. Dessa forma, as obras passam a não sofrer tanta influência direta do governo, o que dá mais segurança ao investidor em relação à conclusão dos projetos.

Recebimento de dividendos

Embora não sejam obrigados a pagar dividendos, a maioria dos FI-Infra colocou essa previsão no seu regulamento. Ou seja, assim como os fundos imobiliários eles podem ser uma alternativa interessante para quem busca renda passiva com investimentos.

Risco mitigado

É importante lembrar que debêntures e outros títulos de crédito privado não contam com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) e, por isso, carregam mais risco se comparados à renda fixa bancária. Porém, as debêntures incentivadas normalmente possuem garantias reais formadas por ativos que compõem os projetos (como maquinário ou recebíveis, por exemplo), o que dá mais segurança aos FI-Infra.

Outra característica das obras de infraestrutura é o monopólio que geralmente ocorre quando uma concessionária assume uma cidade ou região. Isso traz mais estabilidade aos contratos, o que também contribui para mitigar o risco da operação.

Liquidez

Para vender uma debênture antes do vencimento, o investidor precisa recorrer ao mercado secundário, sendo que não há nenhuma garantia de que encontrará um comprador interessado. Já as cotas dos FI-Infra são negociadas na bolsa, o que faz com que esse investimento tenha mais liquidez, beneficiando quem precisa resgatar rapidamente os recursos.

Desvantagem dos FI-Infra

Assim como todo investimento, os fundos de infraestrutura também possuem pontos menos favoráveis, para os quais os investidores precisam estar atentos. Confira os principais.

Risco

Embora mitigado, o risco de crédito está presente nos fundos de infraestrutura, pois existe a chance de algum emissor vir a ter problemas e ficar inadimplente. Se isso acontecer, o resultado do fundo é penalizado, o que desvaloriza as suas cotas por um determinado período.

Caso as taxas de juros subam durante o prazo do investimento, haverá também o risco de marcação a mercado, pois os títulos em carteira acabam perdendo valor em comparação aos que foram emitidos posteriormente.

Custos

Da mesma forma que ocorre em outros fundos, os Fi-Infra possuem custos que devem ser avaliados com cuidado na hora de investir.

O primeiro deles é a taxa de administração, comum a todo tipo de fundo de investimento. Basicamente, essa taxa serve para remunerar o trabalho do gestor do fundo e custear a estrutura de distribuição das cotas.

Outro custo que pode incidir (não é obrigatório) é a taxa de performance, que representa uma espécie de premiação para o gestor que conseguiu superar o benchmark da aplicação. A exemplo da taxa de administração, a taxa de performance também fica a critério de cada gestor, sendo que, normalmente, fica entre 10 e 20% sobre o valor que ultrapassou o benchmark. 

No link abaixo, explicamos quais são e como funcionam os custos de um fundo de investimento:

Como escolher um FI-Infra?

O primeiro passo para escolher um fundo de infraestrutura ou qualquer outro fundo de investimento é ler com atenção o seu regulamento. Esse documento costuma ser relativamente longo, mas é importante que o investidor o leia pois ele traz todas as informações relativas ao fundo, como público-alvo, política de investimento, fatores de risco, condições para aplicação, custos, e assim por diante. É muito importante não ter dúvidas na hora de investir, e, sem essa leitura, não há como ter certeza de que o investimento faz sentido ou não para o perfil e objetivos financeiros.

Outro ponto importante é conhecer a composição do fundo, para entender se a carteira é diversificada, se há concentração em algum emissor, e qual o risco de crédito dos ativos que formam o seu patrimônio. Quem tem maior tolerância ao risco, pode optar por títulos com classificações de risco mais baixas, em troca de maiores chances de ganhos. Por outro lado, quem prioriza a segurança, deve buscar os melhores ratings de crédito, mesmo que a remuneração possa ser menor.

Por fim, a expertise do gestor é sempre algo importante a ser considerado na escolha dos fundos. Embora os resultados passados não garantam rendimentos no futuro, analisar o histórico do fundo pode nos dar uma ideia sobre a habilidade do gestor em lidar com momentos de volatilidade do mercado.

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