Se você está pensando sobre como investir em 2024 e deseja receber dividendos, saiba que o ano promete boas oportunidades nesse sentido. Segundo Luis Novaes, analista de research da Terra Investimentos, o otimismo quanto à distribuição de proventos se deve à expectativa de melhores resultados por parte das empresas, principalmente devido à queda dos juros.
No entanto, Novaes observa que o valuation das empresas pagadoras de dividendos pode ser um desafio nos próximos tempos. Isso porque muitas foram a preferência dos investidores em tempos de desempenho ruim dos mercados.
“Com a volatilidade dos últimos anos, os investidores passaram a comprar ações defensivas, como saneamento e energia, por exemplo. Isso encareceu os papéis e diminuiu o retorno para o acionista que comprá-los nesse momento. Porém, no longo prazo, não faz tanta diferença, considerando que o investidor vá comprando recorrentemente”, avalia.
Quais as melhores ações para dividendos em 2024?
Nossa equipe selecionou cinco nomes para quem decidiu dar foco na estratégia de dividendos em 2024. Confira a seguir.
Itaúsa (ITSA4)
Depois de um período de dividendos menores em relação a níveis históricos, nossa equipe vê com bastante otimismo o investimento em Itaúsa para 2024. Nesse sentido, Novaes observa que a concretização dos planos de desinvestimento na XP torna a perspectiva mais positiva para a distribuição de dividendos, ao mesmo tempo que o portfólio da holding deve ser favorecido pelo ciclo de queda da Selic.
“Em relação ao seu principal ativo – o Itaú (ITUB4) – temos uma visão positiva para os próximos anos, e isso pode ser refletido em suas ações”, diz o analista.
Telefónica (VIVT3)
Devido à capacidade de geração de receita e potencial de distribuição de proventos, a Telefónica é a preferida da equipe da Terra no setor de telecomunicações.
Recentemente, a empresa anunciou uma redução de capital, o que pode vir a aumentar a remuneração aos acionistas. Além disso, a administração se mostra otimista com o final das concessões, e não acredita que isso possa se tornar uma pressão para o ativo.
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Bradespar (BRAP4)
A opção pela holding na lista de melhores ações para dividendos em 2024 tem a ver com a visão positiva para o minério de ferro, o que, consequentemente, favorecerá a Vale (VALE3). No entanto, a preferência pela Bradespar – que detém participação na mineradora – se deve ao retorno com base no dividendo historicamente maior.
“O setor de siderurgia da China demonstrou robustez durante esse ano, mesmo diante do cenário adverso para o setor imobiliário local, impulsionando o minério de ferro. Nesse contexto, alinhado à perspectiva de custos menores para a Vale, esperamos uma melhora gradual nos resultados da mineradora e maior distribuição de proventos”, explica Novaes.
BB Seguridade (BBSE3)
A equipe da Terra destaca o bom desempenho em todos os segmentos de operação da BB Seguridade. Devido à solidez dos resultados recentes, a expectativa é de que uma possível aceleração no corte dos juros não gere impact negativo sobre os resultados financeiros.
Novaes também ressalta como ponto positivo a exposição da empresa ao agronegócio, em meio ao seu crescimento expressivo nos últimos anos, além de seu histórico de pagamentos de proventos.
Engie (EGIE3)
Considerando o retorno em relação à remuneração ao acionista, a equipe da Terra entende que o investimento na maior produtora privada de energia elétrica do Brasil é positivo.
“Mesmo diante das pressões no curto prazo, vemos uma oportunidade para posicionamento com foco no longo prazo na Engie. Em 2024 teremos novos leilões de energia elétrica e a possibilidade de novas discussões sobre a regulamentação do setor, fatores que podem influenciar na perspectiva de longo prazo para as empresas”, avalia.
Ações para dividendos se beneficiam de juros mais baixos
Ao longo dos últimos anos, empresas de diversos setores viram suas margens pressionadas por despesas financeiras. Isso aconteceu devido ao aumento do endividamento corporativo após a pandemia e à elevação dos juros em praticamente todas as economias do mundo.
No entanto, os resultados vêm se recuperando gradualmente nos últimos anos, e a melhora no ambiente macroeconômico deve contribuir para a continuidade dessa tendência. Por isso, segundo Novaes, os próximos anos deverão ser favoráveis para o investimento com foco em dividendos, considerando que as taxas básicas se encontram numa tendência de queda ou atingiram o pico nas economias relevantes.
“A menor pressão sobre as margens em razão da redução das despesas financeiras tornará possível uma maior distribuição de proventos. Além disso, a menor percepção de risco pelo mercado permite a capitação de novos recursos a um custo inferior. Isso faz com que as empresas possam ampliar sua capacidade de investimento e melhorar sua geração de caixa no futuro”, observa o analista.
Não que o cenário à frente seja fácil, pois os juros ainda estão em patamares elevados, o que deverá continuar pressionando os resultados. Mas a clara trajetória de queda nas taxas deverá aliviar a pressão sobre a economia ao longo dos próximos anos.
Pontos importantes a monitorar
Por fim, é preciso acompanhar alguns fatores de risco que poderiam impactar o retorno aos acionistas, como o atual nível de preço de alguns ativos e a incerteza fiscal brasileira.
“Diante do cenário adverso dos últimos anos, os investidores preferiram ativos defensivos, que normalmente dão mais retorno aos acionistas a partir de dividendos. Devido à precificação desses ativos, os retornos podem ser comprometidos no curto prazo. Já o risco fiscal pode se refletir em maior carga tributária sobre as empresas e acionistas, além de prejuízos para a rentabilidade das empresas, o que pode significar menos recursos a serem distribuídos”, alerta Novaes.