Dona das marcas Sadia e Perdigão, a BRF (BRF3) reportou lucro líquido de R$ 754 milhões no 4° trimestre de 2023 (4T23), valor que reverte o prejuízo de R$ 956 milhões auferido no mesmo período do ano anterior.
De acordo com o balanço divulgado na noite da segunda-feira, 26, a melhora do indicador deve-se à recuperação do preço da proteína de frango no Brasil e no exterior e à redução do custo de produção (CPV) e das despesas financeiras.
“Os resultados foram impulsionados por uma melhor performance operacional e pela disciplina financeira que, em sequência ao follow-on, contribuíram para a redução significativa da alavancagem, atingindo 2,01 vezes”, declarou a BRF.
A companhia destacou também o efeito da hiperinflação na Turquia e do hedge accouting no ano passado. Os dois fatores trouxeram impacto negativo aos resultados de, respectivamente, R$ 68 milhões no 4T23 e de R$ 362 milhões no acumulado do ano.
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O EBITDA ajustado da BRF alcançou R$ 1,90 bilhões no 4T23, alta de 76,3% em relação ao último trimestre de 2022. Por sua vez, a margem EBITDA avançou 5,9 pontos percentuais, passando de 7,3% para 13,2% na comparação ano a ano.
Entre as melhorias operacionais realizadas, a companhia destaca a maior integração entre planejamento de produção e vendas, tendo conseguido reduzir o estoque de produto acabado em 77 mil toneladas. Ocorreram também fatores positivos relacionados ao comercial, como a maior disponibilidade de produtos e ganho de espaço em loja em comparação ao último trimestre de 2022.
Já a receita líquida recuou 2,4% no período, fechando o 4° trimestre em R$ 14,4 bilhões. No acumulado do ano, o indicador somou R$ 53,61 bilhões, queda de 0,4% em comparação ao exercício de 2022. Em que pese o maior volume total vendido em 2023 (4,85 milhões de toneladas contra 4,75 milhões em 2022), o preço médio praticado no ano recuou 2,5% do acumulado de 2023.
O resultado financeiro da BRF foi um dos principais impulsionadores do lucro no 4T23. Merecem destaque as receitas financeiras, que cresceram R$ 150 milhões em comparação ao último trimestre de 2022 e R$ 120 milhões no acumulado anual. O aporte recebido via follow-on aumentou o caixa e, consequentemente, a rentabilidade das aplicações de curto prazo a partir de julho do ano passado.
Ao final de 2023, a dívida líquida da BRF era de R$ 9,47 bilhões contra R$ 14,59 bilhões em dezembro de 2022, um recuo de 35,1%. Na divulgação dos últimos resultados, a companhia reiterou a utilização dos recursos do follow-on para a redução do endividamento.
A alavancagem líquida da companhia, medida pela dívida líquida / EBITDA ajustado, atingiu 2,01 vezes no 4T23 contra 2,66 vezes no trimestre anterior. Segundo a BRF, esse é o menor patamar de dívida dos últimos sete anos.
Aumento da participação da Marfrig (MRFG3) na BRF (BRFS3)
No final de 2023, a Marfrig elevou a sua participação no capital votante da BRF de 45% para pouco mais de 50%. De acordo com o fato relevante publicado em 28 de dezembro, o objetivo da Marfrig é somente o aumento da participação societária, sem a intenção de alterar a estrutura administrativa da BRF.
“Abrimos um novo capítulo da nossa história, marcado pela consolidação da Marfrig como acionista controlador com 50,06% de participação, avançando em direção a uma empresa que tem se tornado cada vez mais competitiva. Continuaremos nossa jornada de evolução com empenho, agilidade, simplicidade e eficiência”, declarou o CEO da BRF, Miguel Gularte.