CAPEX e OPEX: o que significam esses indicadores e como utilizá-los na análise dos investimentos?

Tempo de leitura: 5 minutos

Imagem mostra homem calculando CAPEX e OPEX
Imagem mostra homem calculando CAPEX e OPEX

Na análise fundamentalista, existem diversos indicadores que servem para avaliar diferentes aspectos de uma empresa. Quando falamos em despesas, dois dos mais conhecidos e utilizados são CAPEX e OPEX.

Para manter e desenvolver suas atividades, as empresas precisam realizar diversos tipos de gastos. Por exemplo, salários de colaboradores, aluguéis das instalações, matérias-primas para fabricação de produtos, aquisição de equipamentos, impostos, despesas com vendas, e por aí vai. Nesse sentido, CAPEX e OPEX servem para classificar esses gastos de acordo com o destino dos recursos gastos.

Neste conteúdo, explicaremos o que significam esses dois indicadores e mostraremos como calculá-los e analisá-los. Confira a seguir!

O que é CAPEX?

O termo CAPEX é a sigla para a expressão capital expenditure, que significa despesas de capital ou investimentos em bens de capital.

Na contabilidade, chamamos de despesas de capital todos os gastos que servem para produzir novos bens ou serviços. Por exemplo, quando a empresa adquire máquinas, imóveis ou participações societárias, tudo isso contribuirá diretamente para manter ou expandir as suas atividades.

Para que uma empresa possa crescer, é preciso que ela invista antes em estrutura, como máquinas, imóveis, veículos e assim por diante. Por isso, o CAPEX é um indicador importante, pois ele mede o quanto de recursos estão sendo direcionados para a atividade fim da organização.

Ao analisar essas informações, os gestores da empresa podem entender se a estratégia operacional está surtindo o resultado esperado, ou se é necessário realizar alguma ação para melhoria do desempenho. Por outro lado, para o investidor, o CAPEX mostra o prazo médio que uma empresa leva para dar retorno com o investimento que recebeu.

Cálculo das despesas de capital

O cálculo do indicador é relativamente simples e tem relação direta com o ativo imobilizado da empresa. Nesse sentido, é importante entender que o CAPEX considera somente os gastos que a empresa realizou na aquisição de bens. Ou seja, aqui não entram despesas com manutenção ou conservação desses itens.

As informações para o cálculo do CAPEX estão no balanço patrimonial da empresa, e a sua fórmula é a seguinte:

CAPEX: variação do ativo imobilizado (saldo atual – saldo anterior) + depreciação

Lembrando que a depreciação é a perda de valor dos ativos em função do uso, desgaste natural ou obsolescência. Dependendo de sua natureza, os bens do imobilizado terão taxas de depreciação diferentes.

O que é OPEX?

OPEX é a sigla para operational expenditure – ou despesas operacionais. Diferentemente do CAPEX, que se refere somente a novas aquisições, o OPEX está ligado aos gastos corriqueiros da empresa para manter a sua operação. Nesse sentido, gastos com funcionários, impostos, manutenção de máquinas e demais itens do imobilizado, tudo isso entra no cálculo do OPEX.

De acordo com a estratégia do negócio, o foco pode ser um ou outro tipo de gasto. Por exemplo, uma empresa de logística precisa de mais empilhadeiras para expandir a sua atividade. Porém, em vez de comprar os equipamentos, decide alugá-los por determinado período. Dessa forma, haverá um aumento nas suas despesas operacionais (OPEX) e não no seu custo do imobilizado (CAPEX). Para fins de contabilidade, os valores OPEX serão registrados no DRE como despesas operacionais, e não no ativo imobilizado do balanço patrimonial.

Cálculo das despesas operacionais

Da mesma forma que o CAPEX, o cálculo do OPEX é bastante simples, pois basta somar todas as despesas operacionais que a empresa teve em um determinado período.

Um bom exemplo de cálculo do indicador poderia ser o seguinte:

OPEX: salários + impostos + aluguéis + despesas de vendas + reparos e manutenções + seguros + materiais de escritório ….

Para conhecer os gastos operacionais de uma empresa, basta analisar a DRE referente ao período em questão.

Qual a diferença entre CAPEX e OPEX?

Tanto para o investidor que analisa uma empresa quanto para o gestor responsável pela estratégia operacional da organização, é muito importante saber distinguir entre CAPEX e OPEX.

Quando pensamos nos gastos rotineiros que mantêm a empresa em funcionamento (salários, aluguéis, energia e outras despesas), estamos nos referindo ao OPEX. Esses custos são recorrentes e de curto prazo, e envolvem pouca ou nenhuma burocracia para que se possa realizá-los.

Por outro lado, o CAPEX diz respeito aos investimentos que a empresa previu na sua estratégia de continuidade e/ou expansão do negócio. Ao contrário das despesas operacionais, eles não costumam acontecer sempre com a mesma regularidade, pois demandam planejamento específico e volumes mais altos.

Outra característica de cada indicador é o seu tempo de retorno. No caso do CAPEX, o resultado leva mais tempo para ser percebido, pois o investimento tem foco nos resultados da empresa. Por outro lado, o retorno do OPEX ocorre no curto prazo, já que ele se refere aos gastos contínuos necessários para manter o negócio em funcionamento.

Para fins contábeis, também há diferenças entre os dois tipos de gastos. Isso porque, quando adquire um ativo, a empresa não deduz o valor pago integralmente no ano da compra, e precisa depreciá-lo ao longo da vida útil. Já no caso do OPEX, se o regime tributário da empresa for o Lucro Real, todo o valor pode ser deduzido no exercício em que ocorreram os gastos.

Como utilizar o CAPEX na análise de investimentos?

Como vimos, todas as empresas precisam investir para dar continuidade e expandir os seus negócios. Quando uma organização investe mais recursos do que possui em caixa ou do que gera de resultados, isso significa que ela está tomando dinheiro emprestado. Se a empresa tiver uma boa geração de caixa e se o custo do empréstimo for adequado, o endividamento não é necessariamente um problema. Inclusive, dependendo do setor de atuação e do grau de maturidade do negócio, haverá necessidade de elevados investimentos até que a empresa gere resultados e se torne competitiva.

No entanto, se o volume e o custo da dívida superarem a capacidade financeira, isso poderá trazer problemas para a operação no médio e longo prazo. Por isso, na hora de analisar uma empresa para investir em suas ações, é importante observar os investimentos CAPEX que a organização está fazendo. Uma forma de identificar se esses investimentos trazem rentabilidade é analisar também os indicadores ROE e ROIC.

CAPEX ou OPEX: o que é melhor para a empresa?

Em relação ao CAPEX, algumas das vantagens são a previsibilidade dos gastos e os resultados que estes alcançam no longo prazo. Além disso, esses gastos são vistos como investimentos e aumentam o fluxo de caixa dos ativos.

Por outro lado, existe a depreciação dos bens adquiridos, ou seja, eles perdem valor com o tempo. Outro ponto menos favorável é a menor autonomia que o gestor tem quanto ao CAPEX, já que são gastos mais elevados e necessitam de aprovação de esferas superiores.

O mesmo não ocorre com o OPEX, pois esses gastos são mais fáceis de aprovar e não descapitalizam a empresa. Outro ponto favorável é a dedução tributária das despesas operacionais no exercício em que ocorrem e a flexibilização de acordo com as necessidades do mercado. No entanto, dependendo da gestão, eles podem se tornar excessivamente altos no longo prazo, o que comprometerá o resultado do negócio.

Por isso, a resposta dependerá da estratégia que a empresa definir para a sua operação. Normalmente, CAPEX e OPEX andam juntos, pois são complementares. Ou seja, assim como é preciso investir em novos itens do imobilizado periodicamente, existem gastos rotineiros com esses bens e com outros aspectos do negócio.

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