Se você está em busca de alternativas para diversificar a sua carteira de longo prazo, precisa conhecer os fundos de infraestrutura (FI-Infra). Esses fundos são negociados na bolsa e, desde 2020, estão disponíveis para o investidor de varejo, podendo ser negociados diretamente nas plataformas de investimento ou via home broker das corretoras.
Um dos atrativos dos FI-Infra é a isenção de Imposto de Renda, o que pode tornar o seu rendimento mais interessante na comparação com outros investimentos tributados. Para conhecer as peculiaridades desses fundos e saber se fazem sentido ou não para sua estratégia de investimentos, continue a leitura a seguir.
O que são fundos de infraestrutura?
O fundo de infraestrutura é um tipo de fundo de renda fixa que investe predominantemente em títulos de dívida de empresas (debêntures) que atuam na infraestrutura brasileira. O diferencial dessas debêntures é a isenção de Imposto de Renda, concedida pelo governo justamente para incentivar a execução de projetos que tragam benefícios à população, como saneamento, estradas, aeroportos, entre outros.
Para que possa ser considerado um FI-Infra, ao menos 85% do patrimônio do fundo deve estar investido nesse tipo de debênture. Dependendo do regulamento, o gestor pode investir a totalidade dos recursos nesses títulos.
Basicamente, quem adquire cotas de um FI-Infra está ajudando a financiar os projetos de infraestrutura no Brasil. Como esses projetos têm maturação longa, esse tipo de investimento é adequado para compor a parte de longo prazo da carteira.
Como funciona esse investimento?
Os FI-Infra podem ser do tipo condomínio aberto ou fechado. Nos fundos abertos, a aquisição e o resgate das cotas é feito diretamente nas plataformas de investimento. Já os fundos fechados são aqueles listados na B3 e funcionam de forma semelhante aos fundos imobiliários. Nesse caso, o investidor pode adquirir cotas durante as ofertas públicas ou diretamente com outros investidores no mercado secundário, pelo home broker da corretora.
Vantagens dos FI-Infra
Além da isenção de IR, os fundos de infraestrutura possuem outros diferenciais interessantes, os quais veremos a seguir.
Diversificação
Os fundos de infraestrutura oferece uma boa diversificação para a carteira. Isso porque podem estar presentes em diversos setores da economia, como concessões de estradas e aeroportos, construção de usinas hidrelétricas, além de segmentos mais novos e com boas perspectivas de crescimento, como energia eólica, solar ou térmica, por exemplo.
Outro aspecto positivo é o fato de que empresas privadas têm atuado cada vez mais nas concessões de infraestrutura. Dessa forma, as obras passam a não sofrer tanta influência direta do governo, o que dá mais segurança ao investidor em relação à conclusão dos projetos.
Recebimento de dividendos
Embora não sejam obrigados a pagar dividendos, a maioria dos FI-Infra colocou essa previsão no seu regulamento. Ou seja, assim como os fundos imobiliários eles podem ser uma alternativa interessante para quem busca renda passiva com investimentos.
Risco mitigado
É importante lembrar que debêntures e outros títulos de crédito privado não contam com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) e, por isso, carregam mais risco se comparados à renda fixa bancária. Porém, as debêntures incentivadas normalmente possuem garantias reais formadas por ativos que compõem os projetos (como maquinário ou recebíveis, por exemplo), o que dá mais segurança aos FI-Infra.
Outra característica das obras de infraestrutura é o monopólio que geralmente ocorre quando uma concessionária assume uma cidade ou região. Isso traz mais estabilidade aos contratos, o que também contribui para mitigar o risco da operação.
Liquidez
Para vender uma debênture antes do vencimento, o investidor precisa recorrer ao mercado secundário, sendo que não há nenhuma garantia de que encontrará um comprador interessado. Já as cotas dos FI-Infra são negociadas na bolsa, o que faz com que esse investimento tenha mais liquidez, beneficiando quem precisa resgatar rapidamente os recursos.
Desvantagem dos FI-Infra
Assim como todo investimento, os fundos de infraestrutura também possuem pontos menos favoráveis, para os quais os investidores precisam estar atentos. Confira os principais.
Risco
Embora mitigado, o risco de crédito está presente nos fundos de infraestrutura, pois existe a chance de algum emissor vir a ter problemas e ficar inadimplente. Se isso acontecer, o resultado do fundo é penalizado, o que desvaloriza as suas cotas por um determinado período.
Caso as taxas de juros subam durante o prazo do investimento, haverá também o risco de marcação a mercado, pois os títulos em carteira acabam perdendo valor em comparação aos que foram emitidos posteriormente.
Custos
Da mesma forma que ocorre em outros fundos, os Fi-Infra possuem custos que devem ser avaliados com cuidado na hora de investir.
O primeiro deles é a taxa de administração, comum a todo tipo de fundo de investimento. Basicamente, essa taxa serve para remunerar o trabalho do gestor do fundo e custear a estrutura de distribuição das cotas.
Outro custo que pode incidir (não é obrigatório) é a taxa de performance, que representa uma espécie de premiação para o gestor que conseguiu superar o benchmark da aplicação. A exemplo da taxa de administração, a taxa de performance também fica a critério de cada gestor, sendo que, normalmente, fica entre 10 e 20% sobre o valor que ultrapassou o benchmark.
No link abaixo, explicamos quais são e como funcionam os custos de um fundo de investimento:
Como escolher um FI-Infra?
O primeiro passo para escolher um fundo de infraestrutura ou qualquer outro fundo de investimento é ler com atenção o seu regulamento. Esse documento costuma ser relativamente longo, mas é importante que o investidor o leia pois ele traz todas as informações relativas ao fundo, como público-alvo, política de investimento, fatores de risco, condições para aplicação, custos, e assim por diante. É muito importante não ter dúvidas na hora de investir, e, sem essa leitura, não há como ter certeza de que o investimento faz sentido ou não para o perfil e objetivos financeiros.
Outro ponto importante é conhecer a composição do fundo, para entender se a carteira é diversificada, se há concentração em algum emissor, e qual o risco de crédito dos ativos que formam o seu patrimônio. Quem tem maior tolerância ao risco, pode optar por títulos com classificações de risco mais baixas, em troca de maiores chances de ganhos. Por outro lado, quem prioriza a segurança, deve buscar os melhores ratings de crédito, mesmo que a remuneração possa ser menor.
Por fim, a expertise do gestor é sempre algo importante a ser considerado na escolha dos fundos. Embora os resultados passados não garantam rendimentos no futuro, analisar o histórico do fundo pode nos dar uma ideia sobre a habilidade do gestor em lidar com momentos de volatilidade do mercado.