A Petrobras (PETR4) reportou lucro líquido de R$ 31,04 bilhões no 4° trimestre de 2023 (4T23), queda de 28,4% em comparação ao último trimestre do ano anterior. O indicador também veio abaixo das expectativas do mercado – o consenso de analistas ouvidos pela Bloomberg apontava para lucro líquido de R$ 33,41 bilhões no período.
De acordo com a companhia, despesas com impairment e abandono de áreas impactaram negativamente o lucro do trimestre na ordem de R$ 9,9 bilhões, além da queda da receita líquida.
Já o lucro líquido recorrente do 4T23 fechou em R$ 40,98 bilhões, queda de 6,3% em relação ao mesmo período de 2022. No acumulado do ano, o resultado recorrente somou R$ 136,03 bilhões, um recuo de 24,2% frente ao ano anterior.
Ambev (ABEV3): lucro líquido cai 11% no 4T23 e vai a R$ 4,52 bi
BRF (BRFS3) reverte prejuízo e lucra R$ 754 milhões no 4T23
Vale (VALE3): lucro líquido cai 35% no 4° trimestre de 2023
A receita líquida da petroleira atingiu R$ 134,25 bilhões no 4T23, valor 15,3% abaixo do apurado no último trimestre de 2022 e acima da projeção do mercado, que era de R$ 131,65 bilhões . Em relação ao petróleo, diversos fatores afetaram a performance das vendas, não só no último trimestre, mas durante todo o ano de 2023.
Primeiramente, segundo a Petrobras, preocupações sobre a dinâmica da economia global e sobre a retomada de consumo do petróleo na China impactaram as vendas já no início do ano passado. Além disso, ocorreram interrupções na oferta da commodity e cortes voluntários por parte da OPEP+.
Por fim, a partir do 3° trimestre de 2023, os preços começaram a se recuperar, apesar de persistirem preocupações sobre a economia. No mercado interno, a redução do volume de vendas para a Acelen e a queda do Brent também influenciaram negativamente o indicador.
Já no caso do gás, a queda da receita se deve, basicamente, à menor demanda dos setores termelétrico e não termelétrico e à desvalorização do Brendt.
O EBITDA ajustado do 4T23 foi de R$ 66,85 bilhões, um recuo de 8,5% na comparação anual. Já o EBITDA ajustado recorrente fechou em R$ 74,26 bilhões, queda de 3,3% na mesma base. Segundo a companhia, a desvalorização do Brent e as margens menores de derivados impactaram negativamente o indicador, que foi parcialmente compensado pelo maior volume de óleo exportado.
Em comparação a 2022, as despesas operacionais da Petrobras saltaram no ano passado. No 4T23, a cifra chegou a R$ 33,65 bilhões, alta de 79,6% em relação ao mesmo trimestre de 2022. Já no acumulado do ano, a alta foi de 92,3%, com o indicador totalizando R$ 79,11 bilhões contra R$ 41,13 bilhões de janeiro a dezembro de 2022.
Segundo a petroleira, o maior volume de despesas operacionais em 2023 deve-se, principalmente, ao aumento de despesas tributárias, impairment, despesas com pessoal, despesas exploratórias e menores ganhos de capital especialmente na coparticipação nos campos de Sépia e Atapu.
Ao final de 2023, a dívida líquida da Petrobras era de US$ 44,69 bilhões, alta de 7,7% na comparação anual. Já a alavancagem financeira, medida pela dívida líquida / EBITDA ajustado, ficou em 0,85 vezes em dezembro de 2023 contra 0,63 um ano antes.
Dividendos menores em 2024
O conselho de administração da Petrobras recomendou a distribuição de R$ 14,2 bilhões em dividendos, valor a ser validado pela Assembleia Geral Ordinária, que ocorrerá em 25 de abril. O pagamento deverá ocorrer em duas parcelas: em 20 de maio e 20 de junho.
Se aprovada a proposta, serão distribuídos ao todo R$ 72,4 bilhões em dividendos referentes a 2023. Com isso, a companhia fica em linha com a política de remuneração aos acionistas aprovada em julho do ano passado, que prevê distribuição de 45% do fluxo de caixa livre se o endividamento for de até US$ 65 bilhões. Desde 2011, o percentual distribuído era de 60%.