Selic a 12,25% ao ano: como investir agora?

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem mostra reais com a Selic a 12,25% ao ano
Imagem mostra reais com a Selic a 12,25% ao ano

Junto do anúncio da Selic a 12,25% ao ano na última quarta-feira (1°), o Comitê de Política Monetária (Copom) reiterou que novos cortes de 0,5 ponto percentual na taxa básica de juros estão previstos para as próximas reuniões.

“Em se confirmando o cenário esperado, os membros do comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões e avaliam que esse é o ritmo apropriado para manter a política monetária contracionista necessária para o processo desinflacionário”, diz o comunicado do Copom divulgado ao final da última reunião. A decisão era esperada pelo mercado, que já projeta Selic a 11,75% para o final do ano.

Como investir com a Selic a 12,25% ao ano?

Mesmo com a trajetória de queda iniciada em agosto, os juros reais brasileiros ainda continuam muito altos, e isso faz com que a renda fixa esteja longe de perder a atratividade. Além disso, algumas variáveis nos cenários doméstico e internacional têm deixado mercado mais cauteloso com a renda variável.

No Brasil, a fala do Presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre um possível ajuste na meta de déficit zero para 2024 trouxe de volta a preocupação com o risco fiscal. “Para o mercado, as afirmações do Presidente denotaram um certo descompromisso com a questão fiscal, e isso repercutiu negativamente, pois o atingimento da meta é muito importante para as expectativas futuras”, avalia Luis Novaes, analista da Terra Investimentos.

Já Ricardo Jorge, especialista em renda fixa e sócio da casa de análise Quantzed, observa que a preocupação fiscal se refletiu na queda da bolsa e na alta do dólar e das perspectivas para os juros. Em entrevista ao Valor Investe, afirmou que a tendência é de que mercado reprecifique os ativos de acordo com o que for sendo anunciado pelo governo daqui para frente.

No cenário internacional, permanece a preocupação com o acirramento das tensões geopolíticas. Ainda que o Federal Reserve (FED) tenha mantido os juros no intervalo de 5,25% A 5,50% – o que deu certo alívio para os mercados emergentes – a perspectiva é de que as taxas continuem altas por lá, devido à resiliência da inflação. Juros altos em economias fortes pressionam a renda variável em países como o Brasil, e, ao que tudo indica, teremos que lidar com essa variável por um bom tempo ainda.

Renda fixa atrelada à inflação

A prévia da inflação de outubro, medida pelo IPCA-15, subiu 0,21%. O valor veio em linha com as expectativas do mercado, e abaixo da inflação de setembro, que fechou em 0,35%.

Mesmo com a inflação hoje sob controle, o risco fiscal brasileiro e o cenário internacional podem trazer instabilidades no médio prazo. Logo, o investidor não pode se descuidar da proteção do dinheiro, principalmente no longo prazo, e daí a importância dos títulos vinculados a índices inflacionários na carteira.

O exemplo clássico é o Tesouro IPCA+, que possui parte da remuneração fixa e parte vinculada ao principal índice de inflação do Brasil. Além disso, o Tesouro Direto também oferece alternativas ligadas à inflação para quem deseja formar uma renda futura, como o Tesouro RendA+ e o Tesouro Educa+.

Para Simone Albertoni, analista da Ágora Investimentos, o risco fiscal brasileiro e os juros e a manutenção dos juros altos nos EUA configuram um bom momento para o investidor entrar na renda fixa. Segundo ela, títulos atrelados à inflação com juros reais de 5% ou 6% proporcionam um bom ganho.

“Os papéis IPCA+ no longo prazo fazem muito sentido, porque você não tem o risco de ter uma deflação em janelas mais curtas”, disse ao Valor Investe.

Renda fixa bancária e crédito privado

De forma geral, a queda dos juros beneficia os títulos prefixados. Porém, como a Selic ainda está alta e considerando as instabilidades econômicas no mercado brasileiro, o investidor deve olhar para os pós-fixados com atenção.

“Se você tem um perfil mais conservador ou moderado, ainda vale a pena estar nos investimentos pós-fixados, com prazos mais curtos ou de mais liquidez, como é o caso de um Tesouro Selic ou CDB com liquidez diária”, disse o analista Alírio, da Nova Futura Investimentos, ao Valor Investe.

Essa também é a recomendação de Carvalho, analista da AVG Capital, principalmente para investimentos de até dois anos. Acima disso, o analista recomenda títulos prefixados ou híbridos.

“Para quem dispõe de um horizonte mais longo, prefiro os ativos remunerados por juros mais correção do IPCA, como os títulos do Tesouro Direto, LCIs, LCAs ou crédito privado (debêntures, CRIs e CRAs)”, afirmou ao Valor Investe.

Lembrando que a renda fixa isenta de Imposto de Renda ajuda a manter a rentabilidade da carteira em momentos de queda dos juros.

Ações de setores defensivos

Mesmo com muitas empresas descontadas na bolsa brasileira, analistas recomendam ações mais defensivas neste momento. Para Rodrigo Cohen, analista e co-fundador da Escola de Investimentos, focar em commodities é uma boa opção para quem deseja investir em ações hoje.

“Eu acho que a China pode surpreender, com isso a gente tem Vale (VALE3) e empresas de mineração que podem se beneficiar. Com o petróleo subindo, tanto as petroleiras quanto as mineradoras e siderúrgicas devem viver um bom momento”, disse o analista ao Valor Investe.

Os bancos também estão entre as recomendações de alguns analistas. Mas, de forma geral, o sentimento do mercado em relação à bolsa é de cautela, por conta do cenário macroeconômico.

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