Quem opera no trading, precisa dominar conceitos básicos da análise técnica relativos às tendências dos preços de um ativo. Entre os mais importantes e utilizados, estão suporte e resistência, fundamentais para entender como funciona a lei da oferta e procura no mercado.
Identificar os níveis de suporte e resistência permite ao investidor realizar movimentos mais assertivos quanto a entrar ou sair de determinado ativo. Neste conteúdo, mostraremos o que significam esses conceitos e como aplicá-los nas operações de trading da bolsa. Continue a leitura e saiba mais sobre o tema.
- Trader: entenda o que faz esse profissional
- Tributação de day trade e outras operações na B3: conheça
O que são suporte e resistência?
Dependendo dos ciclos de mercado, os ativos apresentam uma tendência de preço, e oscilam dentro de determinada faixa. Quando a movimentação desses preços encontra dificuldades de ultrapassar essa faixa, seja para cima ou para baixo, encontramos topos e fundos que representam os valores pelos quais investidores estão dispostos a vender ou comprar esses ativos.
Na análise técnica, chamamos a linha de baixo dessa faixa de suporte, e a linha de cima, de resistência. O suporte demonstra um piso psicológico para a desvalorização do ativo, ou seja, a partir dele a cotação encontra dificuldade em continuar a queda. Já a resistência representa o contrário, pois nessa faixa os preços perdem a força para subir mais e ultrapassá-la.
Podemos interpretar o suporte como uma zona que possui volume de compra suficiente para segurar a queda do preço. Já a resistência é a zona que mostra o volume de venda que atende a demanda e impede a alta da cotação. Ambas as linhas são temporárias, podendo durar mais ou menos tempo, dependendo da fase do ciclo de mercado.
Em outras palavras, na zona de suporte existe uma concentração de demanda, e na zona de resistência, uma concentração de oferta. É a motivação dos participantes do mercado que determinará qual a tendência do ativo.
Se o entusiasmo pela compra for maior, quem está negociando começa a aceitar pagar cada vez mais pelos ativos, e o preço sobe até encontrar uma nova resistência, que é quando toda a demanda é satisfeita. Por outro lado, se o sentimento é de medo, o objetivo dos investidores é liquidar rapidamente suas posições, mesmo que a preços cada vez mais baixos. Quando isso acontece, os preços despencam e rompem o suporte, até que um novo fundo se estabeleça.
Como identificar níveis de suporte e resistência?
Antes de mais nada, é preciso entender que as linhas de suporte e resistência são regiões de preços, e não uma linha fixa em determinado ponto do gráfico. Como os preços se movimentam o tempo todo, dizemos que essas linhas são dinâmicas, pois é entre elas que, teoricamente, ocorrerão as oscilações do ativo.
O primeiro passo para traçar as linhas de suporte e resistência é identificar no gráfico quais foram os pontos em que as cotações atingiram as máximas e as mínimas. Nos pontos mínimos, teremos os suportes, e nos máximos, as resistências.
O desenho abaixo representa um ativo que está em tendência de queda:
Veja agora algumas dicas para determinar os valores dessas linhas.
Suporte e resistência tendem a se transformar um no outro, dependendo da tendência
Observe que o preço vem em queda, passa do suporte “A”, faz novo suporte em “B”, volta para “A” mas não tem força para romper a linha. Dessa forma, continua caindo até testar um novo suporte em “C” e, dependendo da intensidade da queda, novos suportes podem se formar nos próximos tempos.
Como vimos, as linhas acima são imaginárias, pois nada garante que os preços realmente respeitarão as barreiras de topo ou fundo. No entanto, ao analisarmos o comportamento do mercado, verificamos que, em uma tendência de queda, um fundo anterior tem potencial de virar topo na trajetória do ativo. No caso acima, a força vendedora era tão grande que rompeu o primeiro suporte (A) e o ativo conseguiu recuperar preço somente até o topo. Ou seja, quando o preço retornou ao patamar “A”, os investidores rapidamente venderam, pois não acreditavam que ele pudesse subir mais.
Nesse caso, “A” deixou de ser suporte e passou a ser a resistência de uma parte do ciclo de queda. O mesmo aconteceu com “B”, quando o ativo novamente rompeu a linha e buscou suporte em “C”. Logo, “B” passou de suporte à resistência.
A mesma lógica vale para uma tendência de alta. Se olharmos o gráfico ao contrário, podemos afirmar que, quando um ativo segue trajetória de valorização, as resistências vão virando suportes, até que o ciclo novamente se inverta.
Topos e fundos costumam se formar em números redondos
Embora os preços dos ativos estejam diretamente relacionados aos ciclos de mercado, existem fatores de natureza psicológica que influenciam diretamente as decisões dos investidores. Dessa forma, é bastante comum que aa quantidade de negociações se altere quando o preço atinge um valor redondo, formando muitas vezes um novo suporte ou resistência.
E o impacto emocional ainda pode ser maior se um novo dígito é acrescentado ao valor redondo. Ou seja, é puramente efeito da psicologia sobre os investidores.
Observar quantas vezes a linha foi testada
Outro aspecto importante para determinar essas linhas é a quantidade de vezes que os preços tocaram em determinado nível. Se foram muitas, tudo leva a crer que ali existe uma barreira considerável, seja de suporte ou resistência. Analisar o book de ofertas ajuda a avaliar se estamos diante de um novo rompimento de preços, para cima ou para baixo.
Utilizar indicadores técnicos para confirmar a tendência
Um dos indicadores mais utilizados para avaliar os níveis de suporte e resistência é a média móvel, pois ela ajuda a entender se uma tendência continuará ou será interrompida. Ao desconsiderar oscilações mais fortes, a média móvel ajuda o investidor se é hora de entrar ou sair de um determinado ativo.
Embora seja muito utilizado no day trade e swing trade, o indicador também pode ser eficiente para que adota estratégias de longo prazo. Veja abaixo como calcular e interpretar a média móvel:
A importância do suporte e resistência no pullback
Mesmo em uma tendência, os preços não se comportam de forma linear. No gráfico acima, vimos que, mesmo em trajetória de queda, o ativo fez alguns picos para logo depois voltar a cair novamente.
Esse movimento de curta duração que contraria a tendência do ativo é chamado de pullback. Trata-se de uma pequena correção temporária no preço, que pode durar minutos, horas, dias ou mesmo semanas, mas que não interrompe a trajetória de alta ou de queda.
O pullback é justamente aquele caminho contrário que o ativo faz antes de bater no fundo ou topo e continuar a sua trajetória, Quando o investidor consegue identificar o suporte e resistência, fica mais fácil programar a negociação do ativo antes que chegue a esses níveis.
Por exemplo, se uma ação está em tendência de alta, podemos aproveitar o pullback de baixa (breve recuo do preço) para comprá-la e continuar surfando na sua valorização. Por outro lado, em uma trajetória de queda, o pullback de alta pode ser uma boa oportunidade para se desfazer do título com algum ganho.