Como pagar menos imposto nos investimentos?

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Na hora de apurar os resultados dos investimentos, o que conta é o rendimento líquido, ou seja, aquilo que efetivamente vai para o seu bolso. Muitas vezes, a taxa de um título ou o histórico de rentabilidade de um fundo podem ser interessantes, mas de nada adianta se os impostos consumirem boa parte do que ganhamos.

A boa notícia é que, se com o conhecimento sobre regras de tributação e um planejamento de carteira, dá sim para pagar menos imposto nos investimentos. Neste conteúdo, mostramos alguns dos pontos mais importantes que envolvem a economia de impostos no mercado financeiro. Continue a leitura e confira formas de potencializar os seus ganhos.

O que fazer para pagar menos impostos nos investimentos?

A seguir, você verá aspectos relacionados à forma de tributação dos investimentos, quais são os títulos isentos de Imposto de Renda e que estratégias pode utilizar para reduzir a carga tributária da carteira. Acompanhe.

Tabela regressiva do Imposto de Renda

A tributação regressiva do IR se aplica a títulos de renda fixa, à previdência privada e à maioria dos fundos de investimento. O objetivo dessa sistemática é incentivar o tempo de permanência no investimento, pois, com o passar do tempo, as alíquotas aplicadas aos rendimentos vão reduzindo.

Na renda fixa e nos fundos de investimento, a tabela regressiva possui quatro faixas de alíquotas, que vão de 22,5% a 15% sobre os rendimentos, escalonadas da seguinte forma:

Prazo de resgateAlíquota IR
Até 180 dias22,5%
De 181 a 360 dias20%
De 361 a 720 dias17,5%
Acima de 720 dias15%

Na previdência privada, a tabela regressiva conta com seis faixas de alíquotas, que iniciam em 35% e caem 5 pontos percentuais a cada dois anos, até atingir a mínima de 10%:

Prazo do resgateAlíquota IR
Até 2 anos35%
De 2 a 4 anos30%
De 4 a 6 anos25%
De 6 a 8 anos20%
De 8 a 10 anos15%
Acima de 10 anos10%

Perceba que o objetivo da tributação regressiva é incentivar o tempo de permanência no investimento, pois, com o passar do tempo, as alíquotas aplicadas aos rendimentos vão reduzindo. Portanto, para pagar menos imposto nos investimentos, o prazo de resgate é um fator muito importante a se considerar.

IOF

Outro imposto que pode incidir sobre os investimentos é o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), mas somente quando o resgate ocorre antes de 30 dias do início da aplicação. Nesse caso, a alíquota inicial é de 96% sobre os rendimentos, reduzindo diariamente até zerar no 30.° dia.

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Renda fixa isenta de IR

Na renda fixa, existem opções mais vantajosas do que a poupança que também contam com isenção de IR sobre os rendimentos. Veja a seguir quais são elas.

LCI e LCA

As Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs) são títulos lastreados por recebíveis das carteiras imobiliárias e do agronegócio dos bancos emissores. Elas estão entre os títulos mais conservadores da renda fixa, pois possuem a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), que assegura o ressarcimento de até R$ 250 mil por CPF se o banco emissor tiver problemas de solvência.

Pela característica dos projetos imobiliários e do agronegócio, as LCIs e LCAs são indicadas para formar a carteira de longo prazo. Inclusive, possuem carência que podem ir de 9 a 36 meses, dependendo do título.

CRI e CRA

Os Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs) também são títulos de longo prazo que financiam projetos dos setores imobiliário e agro . A diferença em relação às letras de crédito é que são emitidos por securitizadoras, e não por instituições financeiras. Por isso, não são cobertos pelo FGC, e isso aumenta o seu grau de risco, o que, teoricamente, deve ser compensado por taxas maiores.

Debêntures incentivadas

As debêntures são títulos emitidos por empresas, e fazem parte da categoria de renda fixa chamada de crédito privado. Quando o investidor adquire uma debênture, torna-se credor da empresa, e receberá o dinheiro de volta depois de um tempo, acrescido dos juros inicialmente pactuados.

No caso das debêntures incentivadas, os recursos captados vão para o financiamento de setores de interesse público, como saneamento, construção de estradas, aeroportos e infraestrutura em geral. Por isso, o governo concede isenção de IR sobre os rendimentos desse investimento.

Assim como os CRIs e CRAs, as debêntures também não contam com a proteção do FGC. Na hora de escolher uma debênture, é importante avaliar critérios como rating de crédito e garantias adicionais do título.

Isenção de IR em operações com ações

Outra dica para pagar menos imposto nos investimentos é observar os valores das operações de venda realizadas na bolsa. Isso porque, se o total no mês não ultrapassar R$ 20 mil, não incidirá IR sobre os ganhos.

Essa regra não vale para o lucro das operações no day trade, que sempre serão tributadas independentemente do valor. Além disso, ela alcança somente as operações com ações, ou seja, outros ativos de renda variável como ETFs, BDRs ou fundos imobiliários, por exemplo, não contam com a vantagem fiscal.

Compensação de prejuízos na bolsa

Quando você vende uma ação com prejuízo, pode compensar esse valor com lucros futuros, o que ajuda a reduzir a base tributária dos investimentos. Para utilizar essa vantagem, é preciso declarar essas operações no ajuste anual do IR, pois a Receita Federal precisa saber se você teve lucro ou prejuízo para autorizar a compensação.

Lembrando que somente operações do mesmo tipo podem ser compensadas. Ou seja, se você operou no day trade, não pode abater o prejuízo da ação em uma operação de swing trade, e vice-versa.

Sobre esse aspecto, o professor de Finanças André Massaro dá uma dica importante, relacionada ao um viés de comportamento muito comum nos investimentos: o efeito disposição, ou aversão à perda.

Muitas vezes, as pessoas vendem uma ação assim que ela começa a subir, e continuam carregando as que já estão se desvalorizando há tempos, na esperança de que o preço se recupere. Segundo Massaro, isso pode prejudicar a rentabilidade da carteira como um todo, pois o investidor conserva as ações “perdedoras” e se desfaz das melhores sem que tenham atingido o seu potencial pleno de rentabilidade.

“Se você vende as perdedoras, realiza o prejuízo e acumula créditos fiscais. Quando chegar o momento de vender as vencedoras, já terá explorado todo o seu potencial de valorização, e utilizará esses créditos fiscais para pagar menos imposto”, explica.

Subir o preço médio das ações

Suponha que você seja um investidor do tipo buy and hold, que vem comprando ações ao longo dos anos. Com isso, conseguiu formar um custo médio baixo, e terá que pagar um imposto mais alto quando tiver lucro na venda dessas ações.

Para evitar a tributação sobre os ganhos, você pode utilizar o benefício dos R$ 20 mil mensais e vender suas ações dentro desse limite a cada mês. Se você quiser continuar com a ação, é só comprá-la novamente no dia seguinte, pois a recompra aumentará o seu preço médio. Com preço médio maior, o imposto a pagar em negociações futuras será menor, e você não mexe em sua posição acionária, pois o papel continua na carteira.

Dependendo da quantidade de ações que você tiver acumulado ao longo dos anos, pode ser vantajoso executar essa estratégia durante alguns meses, para garantir um preço médio mais baixo.

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