Depois de formar a reserva de emergência, o próximo passo importante para o investidor é pensar na diversificação dos ativos que formam a sua carteira. Para isso, é fundamental conhecer a sua tolerância ao risco, e isso é feito por meio de uma ferramenta chamada suitability.
Neste conteúdo, falaremos sobre o que é o suitability e de que forma ele pode lhe auxiliar na prática em relação aos seus investimentos. Portanto, se você já está pensando em diversificar o seu patrimônio, continue a leitura e entenda a importância dessa ferramenta para fazer as melhores escolhas.
O que é suitability?
Traduzida literalmente, a palavra significa “aptidão” ou “adequação”. No mundo dos investimentos, o conceito tem a ver com as modalidades mais adequadas ao perfil de cada cliente, levando em conta fatores como situação e objetivos financeiros, grau de conhecimento sobre produtos e, principalmente, de tolerância ao risco.
Devido à volatilidade característica da bolsa de valores, normalmente se associa o risco nos investimentos à renda variável. No entanto, existe risco também na renda fixa, pois essa categoria contempla tanto modalidades mais conservadoras (como Tesouro Direto e CDBs) quanto mais arrojadas (como debêntures e outros títulos de crédito privado). Por isso, na hora de investir, entender a tolerância ao risco é tão importante quanto conhecer os tipos de ativos financeiros.
A obrigatoriedade do suitability consta na Resolução CVM n° 30, cujas diretrizes foram estabelecidas pela Anbima, entidade que regula os mercados financeiro e de capitais. Como vimos, o objetivo dessa ferramenta é zelar pela proteção do patrimônio dos investidores, adequando os produtos ao seu nível de tolerância ao risco.
A partir das respostas ao questionário, define-se o perfil de investidor, conforme veremos no próximo tópico.
Quais são os perfis de investidor?
De forma geral, as instituições financeiras classificam o perfil de investidor em três tipos: conservador, moderado e arrojado. A seguir, conheça as características de cada um deles.
Perfil conservador
O perfil conservador busca rentabilidade com a máxima segurança possível. Ou seja, esse é o tipo de investidor que prefere não arriscar o patrimônio, buscando alternativas mais estáveis de investimentos, mesmo que sejam menos rentáveis.
Nessa categoria também podemos classificar os investidores que precisam de mais liquidez. Dessa forma, acabam abrindo mão de chances de maiores ganhos em modalidades mais arrojadas. Basicamente, a carteira desse perfil é formada por modalidades de baixo risco, como CDBs, Tesouro Direto e fundos DI, por exemplo.
Perfil moderado
O perfil moderado também procura segurança, mas já tem uma maior tolerância ao risco do que o conservador. Dessa forma, consegue traçar duas estratégias distintas. Ou seja, coloca parte de seus recursos em aplicações mais seguras e de menor rendimento e investe a outra parte em ativos teoricamente mais rentáveis, normalmente de longo prazo.
Portanto, esse perfil de investidor pode investir tanto em renda fixa quando em renda variável. Nesse sentido, o grau moderado se dará pelo volume de recursos destinados a cada uma dessas categorias.
Aqui, já podemos falar em ações, fundos imobiliários e outros ativos negociados na bolsa.
Perfil arrojado
Por fim, o perfil arrojado normalmente é mais experiente, e seu maior foco está no longo prazo. Por isso, costuma aceitar de forma mais tranquila eventuais oscilações em seus rendimentos, ou até mesmo alguma perda do capital que investiu.
Outra característica desse perfil é o fato de não precisar dos recursos imediatamente. Isso significa que ele tem fôlego financeiro para aguardar o melhor momento para resgatá-los, de acordo com a rentabilidade.
Entre as alternativas para esse tipo de perfil, predomina a renda variável. Além disso, modalidades mais sofisticadas e arrojadas como opções, mercado futuro, fundos cambiais, BDRs, entre outras podem fazer parte do seu portfólio.
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Guia do Investimento (parte 1): como começar a investir?
Guia do Investimento (parte 2): como diversificar a carteira?
Atenção: o perfil de investidor pode mudar com o tempo!
Na maioria das vezes, ocorrem transformações no perfil de investidor, o que é muito natural. Isso porque, durante a vida, surgem mudanças que definem novas prioridade.
Por exemplo, quando você é jovem e está poupando para pagar a faculdade, precisa de segurança e liquidez nos investimentos. Tempos depois, com os estudos concluídos e tendo alcançado mais estabilidade financeira, já pode pensar em correr algum risco para obter maiores ganhos. Pode ser esse o momento de começar a investir em ações, fundos imobiliários ou algum outro ativo de renda variável.
Mas, para isso, é importante fazer uma reavaliação do perfil de investidor periodicamente. Dessa forma, pode-se garantir que os investimentos estejam em linha com as novas necessidades.
Por que o suitability é importante?
Para quem começa a diversificar o patrimônio, o suitability é um importante apoio na hora de escolher os ativos mais adequados ao perfil de investidor. Dessa forma, pode-se evitar tomar decisões equivocadas e que possam trazer prejuízos por desconhecimento sobre os riscos das aplicações.
O suitability também presta um importante auxílio no sentido de enxergar as reais oportunidades de ganhos da carteira. Nesse sentido, existe um conceito chamado de tripé financeiro, que explica os atributos básicos de todo investimento: rentabilidade, segurança e liquidez. Para não criar falsas expectativas, é fundamental entender que risco e rentabilidade estão diretamente relacionados. Ou seja, quanto maior a predisposição ao risco, maiores também são as chances de ganhos que se pode obter com os investimentos. Por outro lado, quem prioriza a segurança deve ter claro que não alcançará os maiores rendimentos possíveis no mercado.
Outro aspecto importante sobre a ferramenta é permitir que o investidor conheça eventuais pontos de melhoria. Isso porque as respostas mostrarão o seu nível de conhecimento e o que ele precisa aprender para fazer uma boa gestão de seu patrimônio.
Como é o questionário do suitability?
De acordo com a CVM, o questionário deve abordar aspectos relacionados ao patrimônio, aos objetivos financeiros e ao grau de conhecimento sobre o mercado financeiro. E, é claro, o quanto o cliente estaria disposto a perder do patrimônio no pior cenário possível. Com isso, é possível orientá-lo na escolha das modalidades mais apropriadas para o seu perfil.
Cada instituição financeira desenvolve o seu próprio suitability, pois não existe um padrão determinado no mercado. Por exemplo, na Terra Investimentos, as perguntas básicas que você precisa responder para a definição do seu perfil são as seguintes:
– Qual seu objetivo ao investir?
– Em quanto tempo pretende usar seus investimentos?
– Quais produtos você mais possui familiaridade e/ou investiu nos últimos 24 meses?
– Sobre sua formação e experiência profissional, o que melhor se adequa?
A partir das respostas acima, nossa assessoria de investimentos poderá lhe orientar em relação à escolha dos produtos que distribuímos.
Teste de Personalidade do Investidor (TPI)
É importante considerar que existem nuances dentro de cada perfil de investidor. Ou seja, mesmo entre os perfis arrojados, por exemplo, encontramos pessoas que pensam e agem de maneiras diferentes.
Além de fatores comportamentais, o momento de vida de cada um também interfere nas decisões financeiras. Pensando em todos esses aspectos, a Terra Investimentos desenvolveu o Teste de Personalidade do Investidor, em parceria com a B3. Essa ferramenta considera pontos relacionados ao processo de decisão além do perfil de risco em si.
A partir de 36 perguntas, cada uma com duas alternativas de respostas, o teste leva a 16 tipos de personalidades, e a sua análise serve como um complemento importante ao suitability. O TPI pode ser feito gratuitamente por qualquer pessoa, inclusive o educador financeiro André Massaro explicou como funciona o teste no vídeo abaixo: