Swap: o que é e como funciona esse tipo de operação?

Tempo de leitura: 5 minutos

Imagem mostra possibilidades de swap
Imagem mostra possibilidades de swap

No mercado financeiro, existem alguns instrumentos que servem como forma de proteção em determinadas situações. Um deles é o swap, que pode estar associado à variação cambial, a commodities, a índices ou mesmo a taxas de juros.

À primeira vista, pode parecer complicado, certo? De fato, a estrutura do swap é mais sofisticada, mas a lógica dessas operações é bastante simples. Inclusive, elas estão presentes no dia a dia de muitas empresas e investidores, e até mesmo o governo promove leilões de swap de tempos em tempos.

Para explicar o que são, como funcionam e quais os tipos de swap, preparamos este conteúdo. Acompanhe a seguir.

O que é swap?

Na tradução, a palavra swap remete à “troca”, e é justamente esse o mecanismo dessas operações. Na prática, o swap é um tipo de derivativo, que envolve a troca de fluxos de caixa ou de riscos com base em parâmetros como valor de referência, rentabilidade, prazo, entre outras condições.

Para entender de fato como isso funciona, nada melhor do que um exemplo, conforme veremos a seguir.

Exemplo

Imagine que uma fabricante de máquinas venda toda a sua produção no mercado nacional, mas 70% dos componentes que utiliza nos equipamentos são importados. Ou seja, toda a sua receita é em reais, mas 70% dos seus custos de produção são dolarizados.

Suponha que a empresa faça hoje uma importação no valor de US$ 500.000 para pagar daqui a 30 dias, e que, na data de hoje, o dólar esteja valendo R$ 5,00. Nesse caso, o melhor dos cenários seria se, no dia do pagamento dessa fatura, o dólar estiver abaixo de R$ 5,00. No entanto, pode ser que o dólar suba ou mesmo dispare até o vencimento da obrigação.

Essa falta de previsibilidade dificulta a gestão financeira, pois os custos estão sempre expostos, à variação cambial. Em outras palavras, a empresa sempre sabe exatamente o que irá receber pelas vendas, pois a sua negociação é toda no mercado interno. No entanto, o mesmo não acontece em relação a suas importações.

E o que fazer nessa situação, uma vez que não há como adivinhar quanto o dólar estará valendo na data dos pagamentos? Para se proteger, a empresa pode fazer um swap para trocar o risco das moedas, de forma que, se houver uma variação cambial expressiva, os custos dolarizados não prejudiquem o seu resultado.

Nesse exemplo, utilizamos o swap prevendo uma possível alta do dólar, o que prejudicaria quem tem dívidas na moeda. No entanto, pode-se utilizar a ferramenta também na situação contrária, ou seja, em um cenário de queda do dólar. Nesse caso, o swap seria vantajoso para empresas exportadoras, pois protegeria a receita da desvalorização da moeda estrangeira.

Qual o objetivo do swap?

A função principal do swap é proteger uma operação. O exemplo que vimos anteriormente se trata de uma transação comercial, mas o mecanismo também pode ser utilizado para proteger um empréstimo ou até mesmo um investimento.

Tipos de swap

Agora que já vimos o que é e como funciona o swap, é hora de conhecer quais são os tipos existentes no mercado. Acompanhe.

Swap cambial

Esse é um dos tipos de swap mais utilizados no mercado financeiro. Basicamente, ele consiste na troca da variação cambial por um indexador pré-definido, que pode ser o CDI, uma taxa prefixada, ou mesmo outra moeda.

O exemplo que vimos anteriormente mostra a necessidade de trocar a variação cambial por uma taxa. Mas imagine se essa mesma empresa, ao invés de vender no mercado interno, exportasse toda a sua produção para a Zona do Euro? Nessa situação, o ideal seria swap entre moedas, para evitar o descasamento entre receitas em euro e custos em dólar. Dessa forma, ela não estaria vulnerável às oscilações de uma moeda em específico.

O swap cambial é uma ferramenta muito importante para o controle das oscilações de moedas estrangeiras e da inflação. Veremos isso mais adiante, quando falarmos sobre swap tradicional e swap reverso.

Swap de índices

O swap de índices segue a mesma lógica do swap cambial. No entanto, o que muda é que a troca ocorre índices, como os acionários, ou indexadores como IPCA, IGP-M, INPC ou algum outro índice de inflação.

Um exemplo desse tipo de swap pode ser uma operação de CDI contra Ibovespa, o principal índice da bolsa brasileira. Nessa situação, as partes estariam trocando um fluxo de caixa atrelado à variação do CDI por outro que segue o retorno do Ibovespa.

Swap de taxas de juros

No swap de taxas de juros, a troca ocorre entre taxas prefixadas e pós-fixadas. Isso significa que uma parte da operação assumirá a posição da taxa prefixada, enquanto a outra ficará com a pós-fixada.

Imagine que você tenha adquirido um CDB prefixado, mas com o passar do tempo, percebeu que os juros subiram mais do que a taxa que você contratou. Nesse caso, você pode contratar um swap de taxa prefixada por CDI, abrindo mão da remuneração fixa para que o seu investimento possa acompanhar a evolução dos juros.

É importante entender que, ao fazer isso, o investidor abre mão definitivamente da taxa original, independentemente de uma eventual mudança da tendência dos juros. Em outras palavras, mesmo que a Selic comece a baixar, o rendimento do CDB acompanhará a nova taxa acordada, que foi a pós-fixada.

Aqui, usamos o exemplo de uma aplicação financeira, mas também é possível fazer swap de taxas de juros em empréstimos.

Swap de commodities

Normalmente, o swap de commodities é feito por empresas exportadoras ou importadoras, e que utilizam alguma matéria-prima que possua preço internacional.

Imagine uma companhia que atua na aviação civil, e que está suscetível às oscilações do petróleo devido ao combustível que utiliza nas aeronaves. Logo, uma eventual disparada do preço do minério no mercado internacional pode comprometer muito os seus resultados. Para se proteger de uma possível alta e ter mais previsibilidade de caixa, a empresa pode fazer um swap trocando o preço flutuante do petróleo por um preço fixo no futuro.

Swap tradicional e swap reverso: o que isso significa?

Dependendo da situação do mercado, o Banco Central pode realizar dois tipos de swap cambial: o swap tradicional e o swap reverso.

O swap tradicional ocorre quando o dólar está em alta e há receio de que isso possa impactar a inflação. Nesse caso, o BC oferece ao investidor a variação cambial mais um prêmio, e, em troca, o investidor se compromete a pagar a variação de juros do período.

Esse tipo de operação é feita quando o investidor acredita que o dólar subirá mais do que os juros. Por outro lado, com o swap tradicional, o BC reduz a demanda por dólar, o que ajuda no controle da inflação.

Agora imagine a situação contrária, ou seja, quando o dólar está em baixa. Dependendo da queda, isso também pode prejudicar a economia, pois penaliza as empresas exportadoras. Para que isso não aconteça, o Banco Central faz o swap reverso. Isso significa que ele paga uma taxa de juros ao investidor e esse, por sua vez, assume a variação cambial do período do contrato.

Resumindo:

  • – Swap tradicional: feito para conter a alta do dólar (o investidor recebe variação cambial + juros e paga só a variação cambial).
  • – Swap reverso: feito para frear a queda do dólar (o investidor recebe uma taxa de juros e paga só a variação cambial)

Tributação

Por fim, é preciso saber que, sobre os rendimentos das operações de swap, incide o Imposto de Renda (IR) de acordo com a tabela regressiva dos títulos de renda fixa. As alíquotas iniciam em 22,5% e, de acordo com o prazo do investimento, vão reduzindo até à mínima de 15%, da seguinte forma:

  • – Até 180 dias: IR de 22,5%
  • – De 181 a 360 dias: IR de 20%
  • – De 361 a 720 dias: IR de 17,5%
  • – Acima de 720 dias: IR de 15%

De acordo com a Receita Federal, as empresas não-financeiras que fizerem swap podem deduzir do IR eventuais perdas que tiverem com essas operações. Porém, precisam comprovar que o swap foi feito com o objetivo de proteção de risco. Caso contrário, se o intuito foi somente obter lucro com especulação financeira, não poderão aproveitar esse benefício fiscal.

Outro tributo que incide sobre as operações de swap é o Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). Nesse caso, haverá cobrança do IOF quando ocorrer a emissão, transmissão, pagamento ou resgate do instrumento negociado.

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