Fatores macroeconômicos: por que é importante conhecê-los?

Tempo de leitura: 5 minutos

Imagem mapa e gráfico em alusão aos indicadores macroeconômicos
Imagem mapa e gráfico em alusão aos indicadores macroeconômicos

Não é preciso ser um expert em economia ou no mercado financeiro para perceber os efeitos dos fatores macroeconômicos no dia a dia. Mesmo quem não sabe quem eles são, sente os seus impactos, seja nas idas ao supermercado, na bomba de combustível, no pagamento do aluguel ou mensalidades escolares, e por aí vai.

A macroeconomia afeta diretamente tudo o que tem a ver com as nossas finanças. Logo, para que possamos tomar boas decisões em relação ao dinheiro, é importante conhecer o contexto econômico, e isso passa por saber quais são e como funcionam os seus principais fatores, conforme veremos a seguir.

Quais são os fatores macroeconômicos?

Quando falamos em macroeconomia, estamos nos referindo a variáveis que atingem toda a atividade econômica de uma região ou país. A partir da análise dessas variáveis (ou fatores macroeconômicos), o governo elabora políticas econômicas, embasa as políticas econômicas, e as empresas e investidores podem traçar planos de negócios.

Entre os aspectos macroeconômicos mais importantes, estão o PIB, inflação, taxa de juros, câmbio, taxa de desemprego e consumo. Acompanhe como funcionam cada um deles.

PIB (Produto Interno Bruto)

Costuma-se dizer que o PIB é o termômetro da economia, pois ele representa a soma de tudo o que uma localidade (seja um país, estado ou cidade) produziu em um período específico de tempo.

No Brasil, o PIB é calculado pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) a cada trimestre e também quando o ano encerra. Ao analisarmos o indicador, conseguimos entender como a produção variou no período ao qual ele se refere.

Quando o PIB cresce, é sempre uma sinalização positiva, pois significa que a atividade econômica evoluiu. Ou seja, teoricamente há um ambiente favorável para os negócios, empregos e consumo em geral, o que fortalece a economia do país. Esse contexto também acaba atraindo capital estrangeiro, pois indicadores positivos dão mais segurança ao investidor estrangeiro sobre os rumos da economia local.

Apesar de ser um dos fatores macroeconômicos mais importantes, o PIB não deve ser considerado isoladamente para avaliar a economia de um país. Isso porque o indicador possui limitações, como o fato de não considerar em seu cálculo fatores como distribuição de renda, qualidade de vida e outros igualmente importantes para que se possa determinar a real situação da economia.

Inflação

A inflação é outra importante variável macroeconômica, pois o aumento dos preços afeta em cheio o poder de compra da população. Dependendo da magnitude da alta dos preços e de quanto tempo ela durar, a economia sentirá esses efeitos com maior ou menor intensidade.

Embora o reflexo da inflação seja um só – a alta dos preços – ela pode ocorrer por diferentes razões. Por exemplo, quando as pessoas começam a consumir mais e as empresas não dão conta de produzir bens ou serviços que satisfaça esse aumento de consumo, temos a inflação de demanda. Ou seja, os preços sobem devido à disputa dos consumidores no mercado.

Mas também pode ser que determinados itens fiquem mais caros independentemente da demanda, como acontece com o petróleo, por exemplo, quando há algum conflito internacional. Nesse caso, o aumento do preço está relacionado à escassez do item no mercado, e daí temos o que se chama de inflação de custos ou de oferta.

Para conter a inflação de demanda, o governo utiliza a taxa de juros, conforme veremos a seguir.

Taxa de juros

A taxa de juros é um dos principais instrumentos de política monetária que o governo tem para controlar a inflação, e essa relação é bastante simples de entender.

Quando a economia do país vai bem, as pessoas se sentem mais confiantes em relação ao seu poder aquisitivo. Naturalmente, isso impulsiona o consumo, pois com mais dinheiro no bolso, a população tende a gastar mais. No entanto, quando esse consumo cresce de forma exagerada, as empresas não conseguem produzir bens e serviços suficientes para atender a todos os que desejam adquiri-los. Como vimos anteriormente, isso gera a inflação de demanda, e uma das formas que o governo tem para conter a alta dos preços é aumentar a taxa de juros.

Isso porque juros mais altos arrefecem os ânimos para gastar. Com menos pessoas disputando bens e serviços, os preços tendem a retornar a patamares inferiores.

A situação contrária também pode acontecer, ou seja, quando há crises ou dificuldades na economia, a população retrai os gasto, pois teme pelo emprego e pela manutenção do poder de compra. Se esse período de consumo baixo durar muito tempo, a economia pode desacelerar ainda mais, o que é prejudicial para todos. Nesse caso, para impulsionar o consumo e incentivar investimentos nas empresas, o governo reduz a taxa de juros.

Taxa de câmbio

Outra importante variável macroeconômica é a taxa de câmbio, pois ela está diretamente relacionada à competitividade industrial do país, e também exerce efeitos sobre a inflação.

No Brasil, temos um regime de câmbio flutuante. Como o nome sugere, o Banco Central não adota uma cotação fixa para o dólar em relação ao real, pois o que determina o valor da moeda estrangeira é a oferta e demanda do mercado. No entanto, o BC pode intervir em determinados momentos que julgar necessários, seja para conter uma disparada do dólar (que pode provocar inflação) ou uma queda demasiada (que pode prejudicar as empresas exportadoras). No último caso, uma desvalorização acentuada do dólar pode provocar sérios prejuízos ao PIB brasileiro, pois nossa economia conta com muitas empresas exportadoras, em especial, de commodities.

Política fiscal

A política fiscal engloba todas as ações realizadas pelo governo no sentido de gerir suas receitas e despesas. O seu objetivo é tomar ações de acordo com o desempenho da economia.

Por exemplo, quando a atividade econômica precisa de um impulso, o governo pode adotar uma política de gastos mais expansionista. Isso significa que ele pode reduzir impostos, aumentar investimentos em determinados setores, ou fazer as duas coisas simultaneamente, dependendo do impulso necessário.

Porém, é preciso sempre dosar esses gastos, para que não saiam do controle de forma a prejudicar o equilíbrio das contas públicas. Caso contrário, a economia poderá ser penalizada, pois o desequilíbrio fiscal gera desconfiança por parte de investidores nacionais e estrangeiros.

Indicadores do mercado de trabalho

Medir a taxa de desemprego também é fundamental para que se possa avaliar se uma economia está indo bem ou não. O raciocínio é óbvio: com desemprego elevado, há uma queda geral no consumo, o que desaquece os setores produtivos e retrai ainda mais a economia, e isso tem efeitos diretos no PIB do país.

No Brasil, alguns dos indicadores mais importantes sobre o mercado de trabalho são a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD) e a Relação Anual de Informações Sociais (RAIS). A PNAD é feita pelo IBGE, e serve para estimar a população economicamente ativa e ocupada, considerando seu nível de escolaridade. Já a RAIS, do Ministério do Trabalho, mostra o número de empregados com nível superior, de acordo com grupos selecionados.

Ambas as pesquisas dão um panorama sobre como está a distribuição de cargos no mercado de trabalho brasileiro, e servem como fontes para a elaboração de políticas públicas.

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