Escolher entre CDB ou fundo DI é uma dúvida que surge com frequência, principalmente entre as pessoas que buscam alternativas para a reserva de emergência.
Ambos são investimentos muito simples e acessíveis, mas existem diferenças entre eles que precisam ser conhecidas e avaliadas na hora de tomar uma decisão. Além disso, as características de cada CDB podem variar, assim como as taxas e a composição dos fundos DI.
Neste conteúdo, mostraremos como funcionam CDB e fundo DI, quais suas semelhanças e diferenças, vantagens e desvantagens e quando um ou outro podem ser mais interessantes para a sua carteira. Portanto, se você tem dúvidas e deseja mais informações sobre esses investimentos, continue a leitura a seguir!
Como funciona o CDB?
O CDB (Certificado de Depósito Bancário) é um título de renda fixa que instituições financeiras emitem para captar recursos. Em outras palavras, quem adquire um CDB empresa dinheiro para a instituição emissora por um determinado tempo, e recebe de volta o valor que investiu acrescido de juros.
Quanto aos rendimentos, o CDB pode oferecer taxas prefixadas, pós-fixadas ou pré e pós ao mesmo tempo. No CDB prefixado, a taxa é expressa ao ano – como 10% ou 11%, por exemplo – e, com isso, já se sabe qual será o rendimento bruto do título (antes do Imposto de Renda) no momento da aplicação.
No caso de um CDB pós-fixado, o rendimento representa um percentual do CDI, que é bem próximo da taxa Selic. Esse tipo de CDB não tem a mesma previsibilidade de ganhos do prefixado, pois o seu rendimento acompanhará os movimentos da taxa de juros.
Ao lado dos fundos DI, o CDB pós-fixado é uma das aplicações mais utilizadas para a reserva de emergência, pois normalmente possui liquidez diária ou imediata.
Por fim, o CDB que é pré e pós-fixado ao mesmo tempo (também chamado de misto ou híbrido), possui parte da remuneração atrelada a uma taxa fixa e a outra parte normalmente ligada ao IPCA, principal índice de inflação do Brasil. Por exemplo, um CDB que remunera 7% ao ano + IPCA, vai garantir ao investidor 7% acima da inflação anual durante o tempo que o dinheiro permanecer aplicado.
Como funciona o Fundo DI?
O fundo DI faz parte da categoria dos fundos de renda fixa. Para ser considerado como de renda fixa, um fundo precisa ter, ao menos, 80% de seu patrimônio formado por ativos atrelados à variação dos juros, a índices de preços (como IPCA e IGP-M, por exemplo), ou a juros e índices ao mesmo tempo.
O objetivo dos fundos DI é acompanhar o CDI, seu índice de referência, que representa a taxa média dos empréstimos de curtíssimo prazo feitos entre os bancos. Para conseguir isso, os gestores escolhem títulos indexados à Selic ou ao CDI.
Dentro dos fundos DI, podem existir categorias distintas, dependendo da característica dos títulos que formam o patrimônio. Por exemplo, os fundos DI simples devem ter, no mínimo, 95% dos recursos investidos no Tesouro Direto ou em títulos de instituições financeiras de baixo risco. Outra classificação possível são os que possuem, pelo menos, 80% de títulos públicos federais ou outros de baixo risco de crédito, com prazo médio de vencimento de até 21 dias.
Seja como for, todas essas composições são de baixo risco – uma das principais características dos fundos DI.
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Tributação do CDB e fundo DI
Sobre os rendimentos do CDB e do fundo DI incide Imposto de renda e pode incidir IOF (Imposto sobre Operações Financeiras. Veja como funciona.
Imposto de Renda
os rendimentos são tributados de acordo com a tabela regressiva do Imposto de Renda. Conforme o tempo passa, a alíquota do imposto vai diminuindo, e será cobrada da seguinte forma no momento do resgate:
Prazo do resgate | Alíquota IR |
Até 180 dias | 22,5% |
De 181 a 360 dias | 20% |
De 361 a 720 dias | 17,5% |
A partir de 721 dias | 15% |
No caso do fundo DI, existe também a cobrança do come-cotas. Trata-se de uma antecipação do IR que ocorre a duas vezes por ano, sempre nos últimos dias úteis dos meses de maio e novembro. Nesse tipo de tributação, há duas alíquotas: uma de 20%, para os fundos de curto prazo e uma de 15% para os de longo prazo.
São classificados como de curto prazo os fundos que possuem no patrimônio líquido títulos com vencimento médio de ate um ano. Já nos de longo prazo, o patrimônio é formado por ativos com vencimento médio acima de 12 meses.
A cobrança do come-cotas independe do resgate, pois ela é feita recolhendo cotas do fundo – por isso, o seu nome.
Quando o investidor for resgatar os recursos do fundo, é feito um ajuste para verificar quanto de IR ainda é preciso pagar. Imagine que o saque de um fundo DI de longo prazo seja feito em menos de um ano, período que pressupõe uma alíquota de 22,5%. Como o come-cotas utiliza a menor alíquota (15%), no resgate seria cobrado o adicional de 7,5%. Dessa forma, fechariam os 22,5% de IR devidos pelo investidor.
IOF
Outro tributo que pode ser cobrado no CDB e no fundo DI é o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), mas só se for feito algum resgate antes de 30 dias no início da aplicação. Nesse caso, as alíquotas iniciam em 96% sobre os rendimentos e vão reduzindo até chegar a zero no 30.° dia.
Afinal, CDB ou fundo DI? Qual o melhor investimento?
As duas opções podem fazer parte da sua estratégia de diversificação da carteira. Mas, na hora da escolha, é preciso avaliar os pontos que veremos a seguir.
Segurança
Embora os fundos DI sejam formados, predominantemente, por títulos de baixo risco, eles não possuem a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC) que existe no CDB e em outros títulos de renda fixa.
No caso do CDB, se o banco emissor quebrar, o FGC garante o ressarcimento de até R$ 250 mil por CFP para cada emissor (até o limite de R$ 1 milhão). Ou seja, se você tiver quatro CDBs de bancos diferentes de até R$ 250 mil cada, terá direito a receber de volta os valores que investiu.
Podemos dizer que, mesmo sem o FGC, o fundo DI é considerado um investimento seguro, pois ele é formado predominantemente por títulos públicos federais e de bancos com risco equivalente ao do governo. Porém, eventualmente, podem existir no patrimônio desses fundos títulos de crédito privado (emitidos por empresas), e esses não possuem a cobertura do FGC. Portanto, existe sim algum risco de perda se essas empresas não pagarem os títulos.
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Liquidez
Como vimos, os fundos DI costumam ser utilizados para a reserva de emergência, pois normalmente possuem liquidez diária. Quanto aos CDBs, se a intenção for utilizá-lo para o mesmo fim, é preciso confirmar o prazo de resgate no momento da escolha, pois nem todos oferecem liquidez diária.
Por outro lado, se o investimento for para o longo prazo, há chances de que você encontre CDBs com remuneração mais atrativa do que fundos DI. Quanto maior o prazo do investimento, mais altas tendem a ser as taxas oferecidas.
Diversificação
Quanto você adquire um CDB, o risco é concentrado em uma única instituição financeira, ao passo que, no fundo DI, existem diferentes emissores, como o governo federal, bancos e empresas, em alguns casos.
Ou seja, com o mesmo valor investido, pode-se conseguir mais diversificação com os fundos DI do que com os CDBs. Por isso, é importante conferir a composição do patrimônio do fundo, para saber em que títulos o gestor investe, quais os prazos desses fundos, etc.
Custos
Os fundos DI possuem dois custos que não existem nos CDBs: o come-cotas e a taxa de administração.
Embora o come-cotas seja uma antecipação do IR (você não vai pagar o tributo novamente no resgate, somente a diferença devida), ele reduz o montante investido a cada seis meses. No longo prazo, isso acaba fazendo bastante diferença, se compararmos com um investimento que não possui essa sistemática de tributação. Ou seja, o valor capitalizado pelos juros sempre será menor quando existe o come-cotas, pois ele reduz a cada seis meses.
Já a taxa de administração é um percentual anual cobrado sobre todo o investimento. Quanto mais alto for o montante, maior será o valor dessa taxa.
Esse é um dos principais pontos de atenção que se precisa ter em relação a todos os fundos de investimento. Uma taxa de administração alta sacrifica a rentabilidade do investimento. E uma taxa elevada se justifica menos ainda nos fundos de gestão passiva, como os fundos DI. Portanto, fique de olho na taxa de administração, e compare com as taxas de outros fundos e com o rendimento oferecido pelo CDB para saber o que vale mais a pena.