Quando o assunto é diversificar na renda fixa, é cada vez maior o número de brasileiros interessados em como investir no Tesouro Direto. Por serem os investimentos mais seguros do mercado, muitas vezes esses títulos são a porta de entrada de quem está saindo da poupança em busca de melhores rendimentos.
No entanto, engana-se quem pensa que o Tesouro Direto é só para os investidores iniciantes ou mais conservadores. Isso porque todas as carteiras podem tê-los, seja para a reserva de emergência ou mesmo como instrumento de proteção do patrimônio.
Entre esses papéis, há opções para diferentes estratégias de investimento, mas é preciso saber escolhê-los de acordo com cada objetivo financeiro. Pensando nisso, preparamos este guia detalhando como funcionam os títulos, quando um ou outro pode ser mais adequado, e tudo o mais que você precisa saber sobre como investir no Tesouro Direto com segurança. Continue a leitura e saiba mais sobre os títulos públicos.
- 7 perguntas frequentes sobre o Tesouro Direto: tire suas dúvidas já!
- 4 erros no Tesouro Direto que você NÃO pode cometer!
- Aportes mensais: por que isso é tão importante nos investimentos?
Como investir no Tesouro Direto: entendendo os títulos públicos
Antes de mais nada, cabe uma breve explicação sobre o que é e qual o propósito desse investimento.
Criado em 2002 pelo Governo Federal em parceria com a B3, o Tesouro Direto é um programa do Tesouro Nacional que vende títulos públicos federais para as pessoas físicas, de maneira online. Ao lançar o programa, o objetivo do governo foi democratizar o acesso a esses títulos, com aplicações mínimas na faixa de R$ 30.
Mais de duas décadas depois, o investimento continua sendo uma excelente alternativa para todos os perfis. Além dos valores acessíveis, o investidor pode adquirir esses papeis por meio de diversos bancos e corretoras, o que os torna ainda mais populares.
Tipos de títulos públicos
De acordo com a forma de remuneração e recebimento dos rendimentos, os títulos do Tesouro Direto são classificados nas categorias que veremos a seguir.
Tesouro Selic (LTF)
O Tesouro Selic, também conhecido como Letra Financeira do Tesouro (LFT), acompanha a variação da Selic, a taxa básica de juros da economia brasileira. Por isso, o seu rendimento só será conhecido quando o investidor fizer o resgate da aplicação.
Esse é o único título do Tesouro Direto que possui liquidez diária. Isso significa que ele pode ser resgatado a qualquer momento, sem prejuízo da remuneração, pois os rendimentos são somados ao montante aplicado todos os dias.
Tesouro Prefixado (LTN e NTN-F)
Já o Tesouro Prefixado é aquele cujo rendimento é definido por uma taxa fixa, que o investidor já conhece no momento da aplicação. Por exemplo, digamos que um título desse tipo, com vencimento daqui a três anos, esteja pagando 13% ao ano. Isso significa que, mesmo que a Selic suba ou caia durante esse período, as suas oscilações não irão interferir na rentabilidade do título.
Dependendo da forma como os rendimentos são pagos, o Tesouro Prefixado também é conhecido por outros dois nomes: Letra do Tesouro Nacional (LTN) e Nota do Tesouro Nacional série F (NTN-F). A diferença entre ambos é que, no caso da LTN, o investidor receberá o principal e os juros somente no vencimento do título. Por sua vez, a NTN-F paga juros semestrais até o vencimento do título. Dessa forma, no momento do resgate, o investidor já terá recebido os rendimentos referentes a todo o período da aplicação.
Diferentemente do Tesouro Selic, o tipo prefixado é sempre de longo prazo, com títulos que vencem de três a dez anos, aproximadamente.
Tesouro IPCA+ (NTN-B Principal e NTN-B)
O Tesouro IPCA+ é a modalidade híbrida dos títulos públicos federais. Isso significa que parte de sua remuneração é composta por uma taxa fixa e a outra parte acompanha o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o índice oficial da inflação brasileira.
Da mesma forma que o Tesouro Prefixado, esse título possui duas formas de distribuir os juros. No caso da Nota do Tesouro Nacional-B Principal, o investidor recebe no vencimento do título o principal capitalizado pelos juros do período. Já na NTN-B, o recebimento dos juros ocorre a cada seis meses durante todo o prazo da aplicação.
Esse também é um título de longo prazo, com opções de vencimentos entre 7 e 30 anos, mais ou menos.
Tesouro RendA+ (NTN-B)
Lançado em janeiro de 2023, o Tesouro RendA+ tem o objetivo principal de auxiliar no planejamento da aposentadoria.
Assim como na previdência privada, quem adquire o esse título recebe um benefício mensal no futuro. Até o momento, o investidor pode optar por oito datas de conversão, ou seja, momento em que começa a receber o benefício acumulado: 2030, 2035, 2040, 2045, 2050, 2055, 2060 e 2065. Já o resgate ocorre em 240 parcelas mensais (20 anos), exatamente como uma renda complementar. Essa é uma grande diferença do Tesouro RendA+ em relação a outros títulos que vimos anteriormente, cujo resgate é feito de uma vez só ou prevê recebimentos de juros a cada seis meses.
Na prática, o Tesouro RendA+ é uma NTN-B, pois parte de seu rendimento é atrelado ao IPCA e parte a uma taxa fixa.
Tesouro Educa+ (NTN-B)
Esse título foi lançado pouco tempo depois do RendA+, em agosto de 2023, e também tem o propósito de programar uma renda futura. Nesse caso, o objetivo do investimento é auxiliar no custeio da educação, seja para pagar a faculdade, cursos técnicos ou de extensão, ou mesmo financiar um intercâmbio depois da formatura.
A estrutura e funcionamento do Tesouro Educa+ são idênticos ao RendA+, ou seja, ele também possui um período de acumulação e outro de conversão. Atualmente, o programa oferece 16 títulos com datas de conversão todos os anos, de 2026 a 2041. Para escolher, basta projetar o período em que se espera começar a utilizar os recursos investidos.
Por exemplo, se os pais esperam que o filho inicie a faculdade em 2035, precisam adquirir títulos do tipo Tesouro Educa+ 2035. O ano do título representa o início do período de conversão, que ocorre em 60 parcelas mensais e consecutivas.
Quanto custa investir no Tesouro Direto?
Quanto adquire títulos públicos, o investidor tem custos com taxas de administração e de custódia do Tesouro Direto. Além disso, também há também a cobrança de Imposto de Renda (IR) sobre os rendimentos dos títulos e, eventualmente, do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF). A seguir, veja como funcionam cada um desses custos.
Taxas de administração e de custódia
A taxa de administração é cobrada pela instituição financeira, e representa um percentual sobre o valor do título adquirido. Essa taxa serve para custear o trabalho que a instituição tem com a venda desses títulos, como o cadastro dos investidores e a intermediação da negociação em si.
No site do Tesouro, você encontra as taxas que cada instituição financeira cobra. Nesse sentido, ela pode chegar a 2% ao ano, e algumas instituições chegam a isentá-la de seus clientes.
Já a taxa de custódia é a taxa que a B3 cobra para guardar e movimentar os títulos dos investidores. No caso do Tesouro Direto, o valor é de 0,20% ao ano sobre o investimento, dividido em duas cobranças semestrais de 0,10% cada.
O débito dessa taxa na conta do investidor ocorre sempre nos primeiros dias úteis de janeiro e julho de cada ano. No entanto, pode haver antecipação dessa cobrança no caso de pagamento de juros semestrais e quando o título chegar no vencimento ou for resgatado antecipadamente.
A exceção da taxa de custódia nos títulos públicos fica por conta do Tesouro RendA+. Isso porque ela não incidirá se o investidor esperar até o vencimento para receber o benefício, e se o rendimento mensal não for superior a seis salários mínimos. Caso contrário, haverá cobrança de 0,1% sobre o valor que exceder a esse limite.
Outro aspecto a observar sobre o Tesouro RendA+ é como a cobrança é feita na venda antecipada do título. Nesse caso, a taxa incide de forma decrescente, sendo 0,5% sobre o montante do resgate para até 10 anos de permanência. Já de 10 a 20 anos, a taxa reduz para 0,2%, e acima de 20 anos até o vencimento, o percentual é de 0,1%.
Imposto de Renda e IOF
O IR incide sobre os rendimentos dos títulos, e segue as alíquotas e prazos da tabela regressiva da renda fixa, da seguinte forma:
Prazo da aplicação | Alíquota do IR |
Até 180 dias | 22,5% |
De 181 a 360 dias | 20% |
De 361 a 720 dias | 17,5% |
A partir de 720 dias | 15% |
Por sua vez, o IOF só será cobrado se houver algum resgate antes de 30 dias da aplicação. Nesse caso, a tributação também será regressiva, com alíquotas iniciando em 96% até chegar a 3% no 29° dia.
O Tesouro Direto tem risco?
Não existe nenhum investimento sem risco, e isso vale também para o Tesouro Direto. No entanto, os títulos públicos federais são considerados o investimento mais seguro do mercado, e por uma razão muito simples. Para que o governo deixe de pagar suas dívidas, a economia precisa estar em uma situação extrema de precariedade, como no caso de uma guerra ou algum outro evento que desestabilize a soberania nacional.
Com maior ou menor probabilidade, é claro que isso pode acontecer em qualquer país. Porém, se as finanças de um governo colapsarem, é sinal de que todos os outros agentes da economia já sofreram esse desastre. Ou seja, diante de uma catástrofe econômica, as empresas (inclusive bancos) se tornam inadimplentes bem antes do poder público.
No caso do Brasil, o governo nunca deu calote em sua dívida interna. Em outras palavras, não há registro em nossa história de investidores do Tesouro Direto que não tenham recebido o seu dinheiro de volta.
Dá para perder dinheiro investindo em títulos públicos?
Quando há mudanças abruptas na economia, como alta da Selic e/ou da inflação, e o investidor possui prefixados de prazos mais longos, isso pode sacrificar a rentabilidade do título. Isso porque, dependendo da intensidade da alta dos juros ou da inflação, essas variáveis podem superar a taxa contratada.
Outra situação na qual se pode perder dinheiro com o Tesouro Direto é quando vendemos um título prefixado ou híbrido antes do vencimento. Isso acontece por causa da marcação a mercado, uma atualização diária feita em alguns investimentos, entre eles os títulos públicos federais. Para entender como isso funciona, utilizaremos um exemplo a seguir.
Exemplo de marcação a mercado
Imagine que hoje você adquiriu um Tesouro Prefixado que paga 13% ao ano e que vencerá daqui a cinco anos. Nessa mesma data, considere que a Selic está em 12% ao ano.
Agora suponha que, daqui a alguns meses, a inflação volte a subir e que o Banco Central comece a aumentar os juros para conter a disparada dos preços. Quando isso acontecer, os títulos que o governo federal no futuro terão juros mais altos do que o que você adquiriu.
Ou seja, se um investidor comprar um Tesouro Prefixado daqui a um ano, a taxa que ele conseguirá será maior do que os 13% que você contratou para o mesmo título. Isso significa que, por causa do aumento dos juros, o seu título ficou menos atraente comparado aos novos lançados pelo Tesouro. Basicamente, esse é o mecanismo da marcação a mercado.
No entanto, você só perderá dinheiro com isso se resgatar antecipadamente o seu título. Caso contrário, se levá-lo até o vencimento, não importa qual o seu valor de negociação diário, pois você receberá os 13% ao ano combinados no início do investimento. A perda ocorrerá somente se tiver que colocar o seu título no mercado junto de outros mais atrativos.
Como escolher o melhor título?
A melhor escolha de um título público dependerá do propósito do investimento. Nesse sentido, quem precisa de recursos para a reserva de emergência, deve optar pelo Tesouro Selic. Como vimos, esse é o único título do Tesouro Direto que possui liquidez diária, ou seja, pode ser resgatado a qualquer momento sem prejuízo para o investidor.
Por outro lado, para quem está pensando na carteira de longo prazo, o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA+ são boas alternativas. Dependendo do cenário econômico, o investidor pode dar mais ênfase a um ou a outro. Por exemplo, se a expectativa é de os juros caiam ou, ao menos, não subam mais, o prefixado é uma forma de garantir juros mais altos. Já se existe perspectivas de inflação, o Tesouro IPCA+ ajuda a preservar o dinheiro da desvalorização da alta dos preços.
Lembrando que os prefixados e híbridos oferecem a possibilidade de recebimento de juros periódicos, o que é interessante para quem está em busca de renda passiva para complementar o orçamento. Porém, se o investidor tiver condições de resgatar todo o recurso só no vencimento, receberá um montante maior. Isso porque, se não houver pagamento semestral de juros, o valor aplicado sofrerá os efeitos positivos dos juros compostos, que incidirão sobre um capital cada vez maior ao longo do tempo.
Como investir no Tesouro Direto?
O primeiro passo é ter uma conta em alguma instituição financeira habilitada, como banco ou corretora de investimentos. O processo é muito simples e rápido, e você pode conferir o passo a passo no link abaixo:
Na Terra Investimentos, você abre sua conta gratuita em instantes e, pelo app Terra Investimentos, passa a ter acesso a todos os títulos do Tesouro Direto disponíveis para aplicação. O investimento pode ser feito facilmente via Portal do Cliente, app Terra Investimentos Digital ou via mesa de operações com um especialista que o ajudará a fechar a operação. Você também poderá consultar sua conta pelo próprio site ou app do Tesouro Direto.
As compras e resgates de títulos no Tesouro Direto funcionam todos os dias úteis, entre 09h30 e 18h.
ACESSE NOSSA PLANILHA DE TÍTULOS DE RENDA FIXA
Convidamos você a baixar nosso exclusivo “Guia de Renda Fixa”, uma planilha completa que reúne todos os CDBs, LCIs, LCAs e LFs disponíveis no mercado, abrangendo uma variedade de estratégias de investimento, incluindo pré-fixado, pós-fixado e híbrido.
Essa ferramenta valiosa ajudará você a entender e comparar as diferentes opções de investimento em renda fixa, permitindo que faça escolhas mais informadas e alinhadas aos seus objetivos financeiros. Não perca esta oportunidade de aprimorar suas habilidades de investimento e expandir seu conhecimento em renda fixa. Baixe nosso “Guia de Renda Fixa” agora mesmo!