A cada 45 dias, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central se reúne para deliberar sobre os rumos da taxa de juros do Brasil. Sempre que isso acontece, uma das perguntas que mais se faz a analistas, assessorias de investimentos ou mesmo ao Google é como investir de acordo com a taxa Selic.
Acompanhar os movimentos da Selic é fundamental para traçar uma estratégia de investimentos eficiente, e é sobre isso que falaremos neste conteúdo. Continue a leitura e entenda quais os aspectos que influenciam na taxa de juros e de que forma investir de acordo com cada cenário econômico.
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Afinal, como investir de acordo com a taxa Selic?
Para responder a essa pergunta, primeiro é preciso entender de que forma a Selic afeta o mundo dos investimentos e o nosso bolso de forma geral.
A taxa Selic é um dos principais instrumentos de controle da inflação, e ela se apoia no sistema de metas de inflação. Por sua vez, esse sistema representa um conjunto de procedimentos que servem para garantir a estabilidade de preços no país.
Quando a economia está aquecida, com níveis de emprego e produção das empresas em alta, as pessoas têm mais disposição para consumir. Sem dúvida, isso é bom para o país, mas quando a procura por bens e serviços supera a capacidade produtiva das empresas, ocorre o que chamamos de inflação de demanda. Nessas horas, uma das ações que o governo executa para frear o consumo é aumentar a taxa de juros. Isso porque, com a Selic mais alta, o dinheiro mais caro, o que arrefece o ânimo para gastar. Logo, com menos dinheiro circulando na economia, a tendência é de que os preços também comecem a recuar.
Por outro lado, em tempos de economia desaquecida, uma das formas que o governo tem de incentivar o consumo é reduzir os juros. Com o dinheiro mais barato, as pessoas acabam retomando a disposição para gastar, o que, teoricamente, volta a movimentar a economia gradualmente.
Resumindo:
- – Excesso de consumo: pode gerar inflação de demanda e, nesse caso, o governo aumenta a Selic.
- – Desaquecimento da economia: as pessoas deixam de gastar e, para motivá-las a consumir, o governo reduz a Selic.
Relação Selic e CDI
Conhecidos os fatores que levam os juros a se movimentarem, para cima ou para baixo, agora é hora de entendermos a relação entre Selic e CDI.
Tanto a Selic quanto o CDI são referenciais para a remuneração de investimentos. Nesse sentido, a Selic mais utilizada em títulos públicos e o CDI, em fundos de investimentos e em títulos de renda fixa. Por exemplo, se a remuneração de um CDB é 130% do CDI, isso significa que o investidor ganhará com o título o valor cheio do CDI acrescido de 30%.
Para o investidor, é importante saber que, em relação aos valores, CDI e Selic estão sempre muito próximos. Normalmente, o CDI costuma ficar 0,10 ponto percentual abaixo da Selic Meta, definida pelo Copom.
E o que tudo isso tem a ver com a Selic e os investimentos?
Dependendo de como a Selic se movimenta, teremos diferentes efeitos nos investimentos, e isso vale tanto para a renda fixa quanto para a renda variável. A seguir, veja o que acontece em cenários de alta e de baixa.
Selic em alta
Quando temos uma inflação alta e persistente, a expectativa é de que os juros também acompanhem essa trajetória, pelos motivos que vimos anteriormente. Nesse caso, com a Selic em alta, os títulos públicos pós-fixados acabam ficando mais atrativos. Ou seja, esse pode ser um bom momento para aumentar os aportes no Tesouro Selic, pois os rendimentos acompanharão o aumento da taxa básica de juros.
Como o CDI tem valores próximos à Selic e se movimenta na mesma direção, os juros altos também favorecem investimentos atrelados ao indicador. Alguns exemplos são os fundos DI, os títulos de renda fixa, sejam eles emitidos por instituições financeiras – como CDBs, LCIs e LCAs – ou de crédito privado – como debêntures, CRIs e CRAs.
De forma geral, um cenário de Selic em alta favorece mais os títulos de renda fixa. No entanto, você também pode encontrar boas oportunidades na renda variável nesses momentos. Por exemplo, muitos fundos imobiliários (FIIs) de papel possuem títulos indexados ao CDI. Com juros em alta, os rendimentos desses fundos tende a aumentar, e isso se reflete positivamente nos dividendos pagos aos cotistas desses FIIs.
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Em relação às ações, normalmente lembramos dos bancos em momentos de Selic alta. Porém, a alta dos juros também beneficia seguradoras, pois essas empresas costumam manter grandes volumes de recursos investidos em renda fixa atrelada ao CDI. Logo, isso aumenta o rendimento de suas aplicações, o que impulsiona o seu resultado.
Selic caindo
Por outro lado, em um cenário de juros em queda, investir em títulos prefixados é uma forma de garantir rentabilidade. Imagine que o Copom tenha sinalizado com corte de juros depois de sua última reunião, considerando que a inflação esteja sob controle. Isso acaba se refletindo diretamente na precificação dos títulos de renda fixa, que passam a oferecer juros menores em função do prognóstico.
Nesse momento, quem adquire Tesouro Prefixado consegue travar a Selic em patamares superiores aos que o mercado espera para os próximos tempos. O mesmo vale para os títulos bancários e privados que vimos anteriormente.
No universo da renda variável, a maioria dos ativos se beneficia da Selic mais baixa. Isso porque a bolsa volta a ser atrativa, pois o investidor percebe que será necessário se expor a mais risco para aumentar suas chances de ganhos. No mercado acionário, as ações de small caps são algumas das que mais se beneficiam com a queda dos juros. De forma geral, essas empresas necessitam de investimentos intensivos até que alcancem a maturidade das blue chips. Com o dinheiro mais barato, fica bem mais fácil tomar financiamento para executar a sua estratégia de crescimento.
Além disso, juros mais baixos incentivam o investidor a olhar mais para o mercado internacional, onde também há excelentes oportunidades. Inclusive, para diversificar em ativos internacionais, não é preciso ter conta lá fora:
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Selic x ganho real: atenção!
Até aqui, entendemos como investir de acordo com a taxa Selic, ou seja, observando a relação de sua trajetória com o cenário econômico. No entanto, outro aspecto muito importante a ser compreendido é o ganho real, ou seja, o quanto o investimento está pagando acima da inflação.
Como vimos, a Selic é uma das principais ferramentas das autoridades monetárias para o controle da inflação. Logo, se os investimentos estão atrelados a essa taxa, ou ao CDI, é importante que se faça uma comparação entre a evolução dessas taxas e da inflação no mesmo período.
Por exemplo, digamos que a média da Selic em determinado ano tenha alcançado 13%, e que o IPCA acumulado desse mesmo ano tenha fechado em 10%. Nesse caso, o ganho real do investimento foi de 3%.
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