Curva de juros: o que é e como ela impacta os investimentos?

Tempo de leitura: 5 minutos

Imagem mostra investidor fazendo cálculos com base na curva de juros
Imagem mostra investidor fazendo cálculos com base na curva de juros

Se você investe em algum título de renda fixa de longo prazo, já deve ter observado que as taxas desses ativos variam de acordo com o prazo da aplicação. Isso acontece por causa da curva de juros, e entender o que ela significa faz toda a diferença na hora de escolher as melhores opções para a carteira.

E a curva de juros não influencia somente o patrimônio dos investidores. Ela também impacta o custo de empréstimos e financiamentos no longo prazo. Portanto, para entender o que esse conceito representa para o seu dinheiro, continue a leitura a seguir.

O que é a curva de juros?

A curva de juros representa a expectativa que o mercado tem para as taxas de juros de um período específico. Em relação aos investimentos, ela exerce influência sobretudo nos títulos de longo prazo.

Se você acompanha a economia e o mercado financeiro, pode estar se perguntando: mas por que expectativa de juros? Afinal, não é o Banco Central quem determina a taxa de juros na economia? Se você pensou isso, está correto, mas em parte, e já explicaremos por quê.

Expectativa de juros e longo prazo: qual a relação?

A cada 45 dias, o Copom (Comitê de Política Monetária do Banco Central) se reúne para decidir sobre os rumos da taxa Selic, a nossa taxa básica de juros. Dependendo da evolução das variáveis macroeconômicas – em especial, da inflação – o colegiado decide pela manutenção, aumento ou redução da Selic.

No entanto, essa decisão só influencia os juros dos investimentos e do crédito no curto prazo. Isso porque, para que possamos precificar o longo prazo, há diversas variáveis a serem consideradas. E, dependendo de quão longo for o prazo analisado, essas variáveis exercerão diferentes graus de risco sobre os investimentos.

Em outras palavras: quem manda nos juros de curto prazo é de fato o Banco Central. Por outro lado, os juros de longo prazo são definidos pela expectativa que o mercado tem sobre tudo o que influencia a economia.

Como funciona a curva de juros?

Suponha que você tenha adquirido um título pós-fixado – como um CDB, LCI ou LCA, por exemplo – com vencimento para daqui a três anos.

A curva de juros vai mostrar quanto o mercado imagina que esse título irá render durante o prazo do investimento. Uma curva inclinada para cima significa que a expectativa é de que os juros estejam mais altos no futuro. Já uma curva com inclinação para baixo corresponde a uma expectativa de queda da Selic.

Teoricamente, quando maior for o prazo de um investimento, mais exposto a riscos estará o dinheiro. Por isso, para que um investidor deixe o dinheiro aplicado por mais tempo, o prêmio que ele receberá por isso deve ser maior do que o de uma aplicação de curto prazo.

Curva de juros normal

Como vimos, os juros futuros projetam o risco esperado para determinado período. Por exemplo, se o governo acha que, daqui a dois anos, a inflação estará mais alta do que hoje, os juros para esse período serão maiores dos que os atuais. Isso porque uma das formas de o BC controlar a inflação é aumentando a taxa básica de juros.

Outro exemplo é quando se tem a expectativa de ocorra alguma turbulência na economia, como aumento de gastos, crises, ou mesmo a troca de um governo. Nesses casos, a incerteza também pode puxar os juros futuros para cima, o que impactará nos investimentos e no custo do crédito de prazo mais longo.

Considerando esses aspectos, temos o seguinte formato para uma curva de juros normal: a curvatura aumenta com o passar do tempo, o que representa juros maiores em prazos mais longos.

Abrir a curva de juros: o que significa?

Na linguagem do mercado, a expectativa de aumento nas taxas de juros de longo prazo também é conhecida como abertura da curva de juros. Esse acaba sendo o movimento normal dos juros, pois, conforme o tempo passa, mais difícil fica prever o que acontecerá no futuro.

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Curva de juros invertida

Quando os juros estão mais altos no longo prazo, isso significa que o mercado está prevendo mais risco para a economia no futuro. Porém, em algumas ocasiões, o risco mais elevado pode estar no curto prazo, ou mesmo no presente. Isso acontece em momentos de crises econômicas que, em última instância, podem preceder uma recessão.

Nesse caso, ocorre uma exceção à tendência normal dos juros, que provoca justamente o fechamento da curva. Ou seja, a curva de juros invertida ocorre quando o cenário atual está ruim a ponto de o mercado acreditar mais no futuro, mesmo com as incertezas do longo prazo.

Na prática, o fechamento da curva de juros não é algo tão frequente. A última vez que isso aconteceu no Brasil foi no final de 2021, quando o mercado ficou em alerta com ações do governo que provocariam o estouro do teto de gastos. Isso fez com que títulos de curto prazo passassem a pagar mais do que os com vencimento mais longo.

Dessa forma, temos a seguinte representação da curva de juros invertida:

Graduações da curva de juros

A curva de juros também pode apresentar graduações entre a normal e a invertida. Por exemplo, em ambos os casos a inclinação pode ser bastante acentuada.

Se o movimento for ascendente, isso indica um período de forte crescimento. Já se a curva for invertida, isso pode sinalizar dificuldade do governo no sentido de financiar suas dívidas de longo prazo.

Outra possibilidade é a curva de juros se manter flat (ou plana), o que acontece quando as taxas de curto prazo estão muito próximas das de longo prazo. Isso demostra que o mercado não sabe exatamente o que esperar da economia no futuro – ou seja, a curva flat normalmente marca um período de incerteza econômica.

Fatores que mexem com a curva de juros

Entre os principais aspectos que impactam diretamente a curva de juros, podemos destacar os seguintes:

  • – expectativas de inflação;
  • – decisões de política monetária do Banco Central (se mais contracionista ou expansionista);
  • – alterações na taxa de câmbio;
  • – variáveis macroeconômicas como PIB, taxa de juros, taxa de câmbio, níveis de emprego, entre outras;
  • – projeções de crescimento econômico;
  • indicadores econômicos dos EUA e de outras economias fortes;
  • – percepção de risco por parte do mercado.

Impacto da curva de juros nos investimentos

Com a abertura da curva de juros (projeção de taxas mais altas no futuro), os rendimentos dos títulos pós-fixados se tornam mais atraentes. Por outro lado, quando a curva inverte, pode ser um bom momento para garantir a remuneração com os prefixados.

No entanto, quem comprou um título de longo prazo antes da alta dos juros e deseja vendê-lo antes do vencimento, pode sofrer perdas com a marcação a mercado. Ou seja, os títulos lançados com juros maiores terão a preferência dos investidores.

A renda variável também acaba sofrendo o impacto dos juros futuros mais altos, pois o investidor pode ter maior remuneração na renda fixa sem se expor ao risco da bolsa. Teoricamente, essa situação faz com que ações e outros ativos de renda variável possam ser preteridos em tempos de abertura da curva de juros.

Por outro lado, esse pode ser um bom momento para a estratégia de stock picking, que consiste em encontrar ações ou outros ativos de renda variável abaixo do preço justo na bolsa.

Vamos te ajudar a cuidar melhor do seu dinheiro!

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