Dividend payout: o que é e como utilizar esse indicador na escolha das ações

Tempo de leitura: 4 minutos

Imagem mostra pilhas de dinheiro crescendo em referência ao dividend payout
Imagem mostra pilhas de dinheiro crescendo em referência ao dividend payout

Quem deseja receber renda passiva com os investimentos, precisa conhecer alguns indicadores fundamentalistas que avaliam a distribuição de lucros de uma empresa. Um deles é o dividend payout, que relaciona os dividendos pagos com o lucro da organização em determinado período.

Pela legislação brasileira, sempre que uma companhia tem lucro, parte desse valor deve ser distribuído aos acionistas. A lei não determina um valor fixo de dividendos, mas na prática, a maioria das empresas adota o percentual de 25% para essa distribuição.

Porém, nem todas distribuem seus resultados com a mesma frequência e nos mesmos valores. De forma geral, as que possuem operações mais consolidadas e atuam em setores mais tradicionais conseguem ter mais sobra de caixa para dividir com investidores. Por outro lado, empresas novatas ou que atuam em setores mais novos precisam investir mais no negócio, até que alcance a maturidade. Nesse caso, costuma sobrar pouco (ou nenhum) resultado para distribuir em alguns períodos.

É justamente aí que entra a importância de indicadores como o dividend payout, para dar uma noção de quanto o investidor pode receber em proventos de uma empresa. Portanto, se você já investe, ou pensa em começar a investir com foco em dividendos, continue a leitura a seguir e saiba como utilizar esse indicador na escolha das ações.

O que é dividend payout?

O dividend payout representa a proporção do resultado da empresa que será distribuída aos acionistas na forma de dividendos. Ao calculá-lo, podemos ter uma ideia se a empresa é uma boa pagadora de dividendos ou não: quanto maior for o indicador, maior será sido a distribuição de lucros do período analisado.

O indicador é expresso em percentual, e a sua fórmula é a seguinte:

Dividend payout = (dividendos totais / lucro líquido) x 100

Como interpretar o payout?

Suponha que, em determinado exercício, uma empresa tenha auferido lucro líquido de R$ 50 milhões. Nesse mesmo ano, distribuiu R$ 12,5 milhões em dividendos aos acionistas. Com essas informações, podemos calcular o payout do período:

Dividend payout = (R$ 12.500.000 / R$ 50.000.000) x 100 = 25%

Um payout de 25% significa que esse foi o percentual do lucro líquido que a companhia distribuiu aos acionistas nos últimos 12 meses. Os 75% restantes ficaram na empresa, para serem utilizados na operação ou para compor as reservas do patrimônio líquido.

Qual o payout ideal de uma ação?

Não existe uma resposta única para essa pergunta, pois a capacidade de pagamento de dividendos dependerá das características da empresa. Como vimos, companhias que já estão consolidadas em seus setores – as chamadas blue chips – têm mais potencial de distribuir proventos do que as novatas (small caps), que precisam investir no negócio de forma mais intensiva.

Além do grau de maturidade da empresa, o segmento de atuação também influencia no pagamento de dividendos. Por exemplo, setores tradicionais como infraestrutura, saneamento ou energia já não têm tanto espaço para crescer. Eventualmente, haverá necessidade de investir em um ou outro projeto específico, mas isso não é algo que costuma ser contumaz. Dessa forma, é comum que empresas desses segmentos paguem mais dividendos do que as que atuam em setores ligados à tecnologia ou outros da nova economia. Isso porque essas últimas necessitam de investimentos constantes, seja para ganhar mercado ou para o desenvolvimento de novos produtos e serviços.

Na bolsa, há muitas empresas que se valorizaram exponencialmente depois da abertura de capital. Nesses casos, quem adquiriu as ações no IPO ou logo depois, possivelmente lucrou mais com o ganho de capital do que com dividendos de empresas mais maduras.

Por essas razões, não há como definir um payout médio ou adequado para uma ação. No entanto, o indicador é bastante útil para comparar empresas que tenham porte semelhante e atuem no mesmo setor. Nesse caso, elas estão expostas às mesmas variáveis de riscos e oportunidades, o que torna mais fácil identificar as que oferecem as melhores oportunidades para a carteira.

Payout muito elevado: atenção!

Por melhor que seja ver dividendos caindo na conta, é perigoso considerar somente esse critério na hora de escolher ações para investir.

Eventualmente, uma empresa pode estar com problemas financeiros ou dificuldades para obter crédito junto a bancos e fornecedores. Para resolver esse problema, ela pode acenar com altos dividendos aos acionistas, justamente para aumentar as suas fontes de financiamento. Porém, no médio e longo prazo, essa estratégia acaba trazendo mais prejuízos do que ganhos, pois compromete as reservas da empresa e fragiliza ainda mais a sua situação financeira.

Logo, quando nos deparamos com um payout muito acima da média para o setor ou estrutura da empresa, isso deve ser analisado de forma muito criteriosa.

Qual a diferença entre dividend yield e dividend payout?

Enquanto o payout indica o quanto do lucro a empresa distribuiu aos investidores em um período, o dividend yield (DY) mostra a relação entre os dividendos pagos e o preço da ação.

Assim como o payout, o dividend yield é expresso em percentual, da seguinte forma:

DY = (dividendos pagos no período / preço da ação) x 100

Basicamente, um dividend yield alto significa que a empresa está pagando um valor algo de dividendos em relação ao preço de suas ações. Quando o Dividend Yield é alto, indica que a empresa está pagando uma grande quantidade de dividendos em relação ao preço de suas ações. Dependendo do contexto, isso pode indicar uma boa oportunidade de investimento, mas também pode ser que os papéis tenham se desvalorizado por algum problema na empresa.

Por isso, a melhor forma de fazer essa análise é utilizar o máximo de indicadores fundamentalistas que pudermos, para que possamos ter uma noção ampla da performance da companhia.

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