Lucro por ação (LPA): saiba como calcular e utilizar esse indicador

Tempo de leitura: 4 minutos

Lucro por ação

Um dos objetivos de quem investe em ações é encontrar as empresas mais lucrativas da bolsa, pois isso fará com que os títulos se valorizem ao longo do tempo e permitirá o recebimento de dividendos. No entanto, não basta apenas olhar para os lucros da empresa, pois também é preciso saber o quanto cada uma de suas ações representa nesse resultado. Na análise fundamentalista, existem indicadores que facilitam essa busca, e um deles é o lucro por ação (ou LPA).

A seguir, entenda como funciona esse indicador e como você pode utilizá-lo para escolher as ações mais promissoras para a sua carteira.

O que é o lucro por ação (LPA)?

O LPA é um indicador fundamentalista utilizado na avaliação de ações e também de fundos imobiliários. Basicamente, ele mostra a parcela do lucro líquido auferido pela empresa que pertence a cada uma de suas ações, por meio da seguinte fórmula:

LPA = Lucro líquido / n° de ações emitidas

O lucro por ação é uma importante medida de rentabilidade para o acionista, porém não basta analisá-lo isoladamente. Por exemplo, um LPA alto pode sinalizar que a empresa está gerando bons resultados; mas pode ser que o motivo seja a pouca quantidade de ações no mercado, o que também eleva o indicador.

Exemplo de cálculo

Normalmente, o lucro por ação é calculado considerando os resultados que a empresa divulgou no ano anterior (LPA corrente). Mas também podemos calculá-lo com base em projeções, considerando os números do ano atual (LPA atual) e futuros (LPA futuro).

O lucro líquido é a última linha da demonstração de resultado do exercício (DRE), e corresponde ao valor que efetivamente sobra depois de descontados todos os custos, despesas, impostos e provisões do período. Suponha que uma empresa tenha encerrado o ano passado com lucro líquido de R$ 5 bilhões, e que o seu capital está dividido em 2 bilhões de ações. Nesse caso, o lucro por ação seria o seguinte:

LPA = R$ 5 bilhões / 2 bilhões de ações = R$ 2,50

Ou seja, para cada título que a empresa emitiu – estejam eles em circulação ou em poder da própria – ela gerou um lucro líquido de R$ 2,50 no período analisado.

Diferentemente de indicadores como o dividend yield (DY) ou preço sobre lucro (P/L) (veremos ambos na sequência), o LPA não leva em consideração o preço atual da ação, mas sim a geração de resultado da empresa. Dessa forma, ele permite uma análise mais fria do potencial de rentabilidade de uma ação. Por isso, associado ao DY e a outros indicadores fundamentalistas, ele é bastante utilizado para identificar ações boas pagadoras de dividendos.

Como utilizar o LPA na prática?

Agora que já sabemos calcular o lucro por ação, é hora de conhecer os fatores que devemos considerar ao utilizar o indicador na avaliação de empresas. Acompanhe a seguir.

Recorrência de resultados

O ponto de partida é analisar o histórico de resultados da empresa, para entender qual a sua principal origem. Quando a operação é mais estável, os resultados tendem a ser mais constantes. Isso facilita a avaliação do LPA, pois o investidor não tem grandes surpresas com o indicador ao longo dos anos.

Porém, há casos em que transações não recorrentes geram impactos pontuais nos resultados das empresas. Por exemplo, quando há uma venda expressiva de imobilizado, isso pode inflar o lucro de determinado período. Por outro lado, quando a companha realiza um investimento alto com recursos próprios, isso pode a descapitalizar momentaneamente e se refletir na queda do resultado. Por isso a importância de analisar a série histórica do LPA e entender se existem algum fator pontual que possa estar influenciando a sua evolução.

Análise setorial

Outro aspecto importante é considerar as peculiaridades de cada setor na hora de analisar, não só o LPA, mas qualquer outro indicador fundamentalista.

Dependendo do tipo de negócio, as empresas terão estruturas patrimoniais e resultados diferentes. Veja o caso dos setores de tecnologia, que demandam investimentos constantes em inovações. Isso faz com que, normalmente, essas empresas operem mais endividadas e com margens menores do que petrolíferas ou mineradoras, por exemplo.

Quando comparamos o LPA de companhias do mesmo segmento, podemos estabelecer uma média setorial para o indicador. A partir disso, conseguimos estabelecer um parâmetro de comparação entre elas pois, teoricamente, as que estiverem acima da média são as com maior potencial de rentabilidade para o investidor.

Emissões e cancelamentos de ações

Quando há uma emissão de ações, a empresa está colocando mais títulos no mercado, e o LPA acaba diminuindo, pois o lucro líquido é dividido por uma base maior. Para que o investidor possa manter sua participação original, a lei garante a ele o direito de subscrição, ou seja, a preferência na compra das novas ações. Esse direito faz com que o acionista não tenha a sua participação diluída com a entrada de novos investidores.

Existe um evento contrário à emissão de ações, que é a recompra dos títulos. Quando a empresa acredita que seus títulos estão abaixo do valor justo, ela pode recomprá-los para enxugar a quantidade em circulação, o que impulsiona os preços. Outro motivo que leva a esse evento é quando a companhia tem sobra de caixa, mesmo depois de ter distribuído. Caso não haja nenhum projeto em vista para investir, ela pode recomprar as ações para dividir essa sobra com os acionistas.

Tanto as emissões quanto os cancelamentos mexem com a quantidade de ações e, consequentemente, com o LPA. Logo, esses são eventos nos quais o investidor também precisa prestar atenção ao analisar o indicador.

Indicadores que auxiliam na análise do LPA

A seguir, confira alguns indicadores que complementam a análise do lucro por ação:

Dividend yield (DY)

O dividend yield demonstra qual o retorno que uma ação em relação ao seu dividendo. Ele representa a relação entre os proventos distribuídos por uma ação e o preço atual dos respectivos títulos na bolsa.

Preço sobre lucro (P/L)

O indicador P/L demonstra a relação entre o preço atual da ação e o seu lucro acumulado nos últimos 12 meses. O seu objetivo é mostrar o quanto os investidores estão dispostos a pagar pelo lucro da empresa em determinado momento.

Valor patrimonial por ação (VPA)

O VPA também é um indicativo de quanto o mercado está disposto a pagar pelas ações da empresa. Ele representa o valor do patrimônio líquido da companhia dividido pelo número de ações que ela possui. Em outras palavras, o indicador mostra o valor que cada uma das ações representa no total do PL.

Retorno sobre o patrimônio líquido (ROE)

Como o próprio nome diz, o ROE tem como objetivo mostrar o quanto a empresa gera de lucro a partir do seu capital próprio. Ou seja, o quanto renderam os recursos que os sócios investiram no negócio.

Retorno sobre o capital investido (ROIC)

Já o ROIC mostra a geração de lucro da empresa considerando todo o capital investido. Ou seja, o seu cálculo abrange os recursos aportados pelos sócios e o capital de terceiros.

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