Se você está em busca de diversificação de forma simples e acessível, um fundo multimercado pode lhe ajudar a atingir esse objetivo.
Entre os tipos de fundos de investimentos, esse é o mais versátil, pois existem estratégias para todos os perfis de investidores – dos mais conservadores aos mais arrojados. Dependendo da estratégia utilizada (veremos isso com detalhes mais adiante), é possível investir em diferentes ativos de renda fixa e de renda variável, passando por ativos internacionais e até derivativos em alguns casos.
Para entender como funcionam os fundos multimercado e conhecer as vantagens desse tipo de investimento, continue a leitura a seguir.
O que é fundo multimercado?
Os multimercado são aqueles que podem alocar o patrimônio em diferentes categorias de ativos sem que seja preciso respeitar algumas limitações estabelecidas para outros tipos de fundos.
Por exemplo, em um fundo de ações, a legislação obriga que, no mínimo, dois terços do patrimônio estejam investidos no mercado acionário. Já nos fundos cambiais, pelo menos 80% dos recursos precisam estar alocados em ativos atrelados a moedas internacionais (normalmente dólar ou euro).
No caso de um fundo multimercado, o que determinará a escolha dos ativos é a estratégia da gestão. Isso porque não há obrigatoriedade de seguir limites mínimos ou máximos de exposição a um ou outro ativo nesses fundos. Nesse caso, a principal característica do investimento é a total liberdade da gestão – logicamente, sempre seguindo o regulamento do fundo, naturalmente.
Como funciona um fundo multimercado?
O funcionamento dos fundos multimercado segue a dinâmica dos outros tipos de fundos de investimento. Basicamente, um gestor reúne os recursos dos participantes, aplica em ativos de acordo com a estratégia prevista para formar o patrimônio que, posteriormente, é dividido em cotas. Os resultados do fundo (tanto os ganhos quanto eventuais perdas) são divididos entre os participantes, na proporção da quantidade de cotas que cada um possui.
Mesmo depois que formar o patrimônio do fundo, o gestor pode alterá-lo, de acordo com as condições do mercado. Dependendo das alterações do cenário econômico, pode valer a pena adquirir um novo ativo ou se desfazer de algum que não esteja apresentando boa performance, mas sempre se mantendo fiel à estratégia do investimento.
Quais os tipos de fundos multimercado?
A classificação desses fundos leva em conta a estratégia e a forma de alocação dos ativos. Ao todo, são 11 tipos de fundos multimercado, de acordo com a classificação da Anbima (entidade que regula o mercado de capitais brasileiro):
Balanceados
O objetivo desses fundos é obter retorno no longo prazo investindo em diversas classes de ativos e em cotas de outros fundos, não permitindo alavancagem. O gestor deve especificar quais ativos compõem o fundo e de que forma fará o rebalanceamento da carteira.
Dinâmicos
Os multimercado dinâmicos também podem investir em diversas categorias de ativos. Além disso, o gestor não precisa se comprometer com um mix predeterminado e pode utilizar alavancagem, o que os torna mais flexíveis do que os balanceados.
Macro
A estratégia desses fundos é baseada em cenários macroeconômicos de médio e longo prazo. O multimercado macro permite investir em renda fixa, renda variável, câmbio, entre outras classes de ativos.
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Trading
Já os multimercado trading visam lucrar com as oscilações dos preços dos ativos no curto prazo. A exemplo dos macro, eles também podem investir em diferentes classes de ativos.
Juros e moedas
Aqui, a estratégia visa retorno no longo prazo com a renda fixa atrelada a juros, inflação e moeda estrangeira. Esse tipo de fundo multimercado não permite ações ou qualquer outra renda variável no patrimônio.
Long & short direcional
Nos fundos long & short direcional, o gestor monta posições compradas (long) e vendidas (short) ao mesmo tempo, sendo que uma das duas pontas é mais relevante na estratégia. Nesse caso, as operações envolvem ativos e derivativos.
Long & short neutro
Nessa estratégia, o gestor também assume posições compradas e vendidas, porém sem tendência – daí a expressão “neutro”. Quanto aos derivativos, a exposição financeira líquida do fundo é limitada a 5% do seu patrimônio.
Capital protegido
O gestor procura obter retorno em mercados de risco nessa estratégia. Para isso, busca proteção para o capital investido total ou parcialmente.
Estratégia específica
Nesses fundos, o gestor escolhe determinado ativo ou derivativo e dá foco somente nele. A estratégia específica pode envolver commodities ou futuro de índices, por exemplo.
Livre
No fundo multimercado de estratégia livre, o gestor pode negociar todas aas classes de ativos e utiliza todas as estratégias que vimos anteriormente. Essa flexibilidade faz com que esse seja um dos tipos de multimercado que atrai mais investidores.
Investimento no exterior
Para ser considerado um fundo multimercado de investimento no exterior, no mínimo 40% do patrimônio deve estar investido em ativos fora do Brasil.
Custos de um fundo multimercado
Os custos dos multimercado são os mesmos que recaem sobre os outros tipos de fundos: as taxas e a tributação sobre os rendimentos. Veja a seguir como cada um deles funciona.
Taxas
A principal taxa é a de administração, que é fixa e incide sobre o patrimônio total do fundo. Essa taxa serve para remunerar o trabalho do gestor, e pode variar bastante entre os fundos. Embora a taxa de administração seja um percentual anual, ela é cobrada diariamente, de maneira proporcional.
Normalmente, fundos de gestão ativa (como é o caso dos fundos multimercado) cobram taxas de administração mais altas, pois o acompanhamento do gestor é constante. Periodicamente, ele verifica o desempenho dos ativos do fundo para avaliar o seu resultado e substituir um ou outro se for o caso.
Outra taxa comum nos fundos multimercado é a taxa de performance, que não é obrigatória como a de administração. Como o nome diz, essa taxa incide sobre os resultados do investimento, e equivale a um bônus para o gestor que superou o índice de referência do fundo. De forma geral, a taxa de performance costuma ficar entre 10 e 20% do valor que ultrapassou o benchmark.
Tributação
Os fundos multimercado são sujeitos ao come-cotas, uma antecipação de IR sobre os rendimentos que ocorre duas vezes ao ano, sempre no último dia útil de maio e novembro. Para fins de incidência do come-cotas, os fundos são classificados como de curto prazo e de longo prazo.
Os fundos de curto prazo são os que possuem no patrimônio títulos com vencimento médio de até um ano. Nesse caso, a alíquota da antecipação do IR é de 20%. Já os fundos de longo prazo carregam títulos que vencem depois de um ano, em média, e a alíquota que incide semestralmente sobre os rendimentos é de 15%.
Na hora do resgate, os rendimentos são tributados de acordo com a tabela regressiva do IR, que prevê alíquotas entre 22,5% e 15%, de acordo com o prazo da aplicação:
- – resgate em até 180 dias: IR de 22,5%
- – resgate entre 181 e 360 dias: IR de 20%
- – resgate entre 361 e 720 dias: IR de 17,5%
- – resgate após 720 dias: IR de 15%
Se o resgate ocorrer em um período menor – em que o IR pago seria maior do que o recolhido pelo come-cotas – o administrador do fundo fará a retenção da diferença entre o que falta acertar e o que já foi pago no momento do saque.
O Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) também poderá incidir sobre os rendimentos dos fundos multimercado, mas isso só ocorrerá se houver resgate antes de 30 dias do início da aplicação. As alíquotas do IOF iniciam em 96% e vão reduzindo até zerar no 30° dia do investimento.
Qual o risco de um fundo multimercado?
Dependendo da estratégia do fundo multimercado, alguns utilizam derivativos e operam com alavancagem. Por isso, as suas cotas podem apresentar bastante volatilidade em determinados momentos, e tanto o potencial de ganhos quando o de perdas podem ser igualmente significativos.
Vantagens de investir em fundos multimercado
Esse é o tipo de fundo mais versátil do mercado, pois o gestor tem total liberdade para escolher os ativos e a estratégia do investimento. Isso faz com que os fundos multimercados tenham ativos e prazos variados, e possam atender a todos os perfis de investidores.
Ao adquirir cotas de um multimercado, o investidor consegue acessar uma grande variedade de ativos de forma simples. Lembrando que existe sempre uma gestão por trás desses fundos, que seleciona e acompanha o desempenho dos ativos de forma constante, e que, de tempos em tempos, altera a composição do fundo se for necessário para alcançar os objetivos de rentabilidade.
Ou seja, os fundos multimercado são uma das melhores alternativas para diversificar a carteira de forma fácil e acessível.
Como escolher um fundo multimercado?
O primeiro passo é definir o grau de risco ao qual se deseja expor o patrimônio. Como vimos, os multimercado podem atender desde o investidor conservador ao mais arrojado, e todas as informações sobre o funcionamento do fundo (como estratégia e ativos que formam o patrimônio) constam no seu regulamento. Portanto, é preciso ler e entender esse documento antes de investir.
Outro ponto importante é analisar o histórico do fundo e compará-lo a outros da mesma categoria. Embora não se possa prever o desempenho futuro de um fundo, observar a sua performance passada permite entender como ele reagiu em eventuais períodos de turbulências no mercado.
As taxas dos fundos têm reflexos diretos na sua rentabilidade. Dessa forma, o investidor deve conhecê-las e avaliar se fazem sentido ou se podem comprometer os ganhos futuros.
Lembrando que esses fundos investem em ativos de diversos mercados e, por isso, o seu prazo de resgate pode ser maior do que o de outras categorias. Por isso, é importante garantir investimentos com liquidez diária antes de investir em um multimercado, para não comprometer a reserva de emergência.
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