LCI e LCA: guia completo para investir na renda fixa sem IR

Tempo de leitura: 6 minutos

LCI e LCA: o que são e como investir?
LCI e LCA: o que são e como investir?

Com a Selic em alta, a renda fixa se torna mais atrativa para investidores de todos os perfis, dos mais conservadores aos mais arrojados. Nesse contexto, LCI e LCA surgem com boas alternativas em termos de rentabilidade, e com um interessante diferencial: a isenção de Imposto de Renda sobre os seus rendimentos.

Se você está em busca de diversificação para a carteira, continue a leitura para conhecer as peculiaridades desses títulos: como funcionam, quanto rendem, em que momento podem ser interessantes para a estratégia de investimentos, e assim por diante.

O que são LCI e LCA?

As siglas LCI e LCA vêm de Letra de Crédito Imobiliário e do Agronegócio.

Assim como os CDBs, esses títulos de renda fixa são emitidos por instituições financeiras. Isso significa que, ao adquiri-los, você está emprestando o seu dinheiro a uma instituição em troca de uma remuneração durante o período pelo qual os seus recursos permanecerem aplicados.

Porém, nas letras de crédito, esses recursos têm um destino específico. Em relação à LCI, os valores financiam a carteira de crédito imobiliário das instituições financeiras emissoras. Quanto à LCA, os recursos vão para o financiamento de produtores rurais, cooperativas e projetos do agronegócio. 

Outra peculiaridade das LCIs e LCAs é a isenção de Imposto de Renda sobre os rendimentos, o que garante a esses títulos uma rentabilidade média mais interessante do que outras modalidades conservadoras de renda fixa.

Diferença entre LCI e LCA

Para o investidor, não há diferença entre investir em um ou outro título, pois o que muda de fato é o lastro do papel. Como vimos, no caso das LCIs, os recursos são destinados ao crédito imobiliário, enquanto nas LCAs, as aplicações ocorrem nas atividades ligadas à carteira agro das instituições financeiras emissoras.

Rendimento das LCIs e LCAs

Quanto à rentabilidade, as letras de crédito funcionam da mesma forma que outros títulos de renda fixa, podendo ser prefixadas, prefixadas, pós-fixadas ou mistas (atreladas à inflação). Veja como funcionam cada uma delas.

Prefixadas

Nas letras prefixadas, o investidor já sabe qual será o rendimento bruto (antes de descontado o IR) desde o início da aplicação. Dessa forma, pode calcular a remuneração exata que terá no vencimento do título.

Por exemplo: você investiu R$ 10 mil em uma LCA que paga uma taxa fixa de 13% ao ano. Ao final de 12 meses, o seu rendimento bruto será de R$ 1.300, não importando se a Selic subiu ou caiu durante este período.

Pós-fixadas

Já as letras pós-fixadas seguem um indicador de referência que, normalmente, é o CDI, principal referência dos títulos de renda fixa. 

Nesse caso, a rentabilidade do título irá oscilar de acordo com a performance do CDI que, por sua vez, acompanha a taxa Selic. Logo, o investidor só conhecerá o rendimento do título no momento do resgate

Atreladas à inflação

Por fim, as letras atreladas à inflação têm uma parte da remuneração fixa e a outra parte segue a variação de um índice inflacionário. Normalmente, o mais utilizado é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), o índice da inflação oficial brasileira.

No mesmo exemplo acima, suponha que a remuneração da sua LCA seja IPCA + 6% ao ano, e que o IPCA acumulado de um ano tenha alcançado 5%. Para saber o rendimento bruto, primeiro aplicamos a correção da inflação: R$ 10.000 x 5% = R$ 500.

Depois, fazemos o mesmo com a parte prefixada da taxa: R$ R$ 10.000 x 6% = R$ 600.

A soma IPCA + taxa pré ( R$ 500 + R$ 600) nos dá um rendimento bruto de R$  1.100 para o título.Pelo fato de acompanhar um indicador inflacionário, a letra de crédito híbrida é um investimento interessante em momentos de inflação alta, pois o rendimento atrelado à alta dos preços ajuda a preservar o valor do dinheiro no tempo.

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Por que as Letras de Crédito têm isenção de IR?

Os setores da economia financiados pelas LCIs e LCAs são considerados estratégicos para o país. Por isso, não há incidência de IR sobre os seus rendimentos, e essa é uma das principais vantagens para o investidor.

Para relembrar: a tributação dos títulos de renda fixa segue a tabela regressiva do IR, cujas alíquotas vão de 22,5% e reduzem até o percentual mínimo de 15%, de acordo com o tempo que o dinheiro ficou aplicado, na seguinte escala:

Prazo do resgateAlíquota IR
Até 180 dias22,5%
De 181 a 360 dias20%
De 361 a 720 dias17,5%
Acima de 720 dias15%

Dependendo do caso, mesmo que a taxa desses títulos seja mais baixa do que a de um CDB ou de outro papel de renda fixa, eles ainda podem ser mais interessantes, justamente por não haver IR sobre os rendimentos. É preciso fazer a conta antes da aplicação.

Mas atenção: mesmo os investimentos isentos de IR precisam ser declarados no ajuste anual. Portanto, se você investe em LCIs e LCAs, não esqueça delas no seu acerto de contas com o Leão!

Liquidez das LCIs e LCAs

Outro aspecto a observar na hora de adquirir esses títulos é a sua liquidez, ou seja, quanto tempo leva para transformar o investimento em dinheiro.

As letras de crédito possuem uma carência mínima para resgate, que é de 12 meses para as LCIs e de 9 meses para as LCAs. Se o papel é indexado ao IPCA, a carência é ainda maior – de 36 meses. E há também casos de liquidez somente no vencimento do título.

Caso o investidor precise dos recursos antes do vencimento, existe a possibilidade de negociar esses títulos no mercado secundário de renda fixa. Ou seja, vendê-los diretamente a outro investidor que se interesse em ficar com os títulos até vencerem. 

Mas é preciso saber que, nesse ambiente, os preços estão sujeitos à marcação a mercado, oscilando de acordo com a procura de interessados pelos títulos. Por isso, não há garantia de que se consiga pela LCI ou LCA a mesma remuneração acordada no início da aplicação.

Segurança das Letras de Crédito

Outra grande vantagem das letras de crédito é a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito). No caso de falência da instituição financeira emissora, o FGC garante o ressarcimento de até R$ 250 mil por CPF, limitado até R$ 1 milhão por instituição.

Por exemplo, se o investidor possui R$ 250 mil aplicados em quatro instituições, receberá todo o seu dinheiro de volta no caso de quebra dos bancos.

Ou seja, tanto a LCI quanto a LCA são investimentos seguros e bem mais rentáveis do que a poupança. Se você ainda guarda dinheiro na velha caderneta, esse é mais um motivo para começar a diversificar o seu patrimônio, certo?

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Para quem as LCIs e LCAs são indicadas?

As LCIs e LCAs são uma boa alternativa para diversificar qualquer tipo de carteira de investimentos. Como vimos, ambas contam com a proteção do FGC, e o seu rendimento costuma ser mais interessante do que a média dos títulos conservadores de renda fixa.

Outro ponto a considerar é que esses títulos podem ser emitidos por instituições financeiras de diferentes portes. Isso faz com que existam diversas opções de prazo e remuneração, o que também contribui para o poder de diversificação das letras de crédito.

No entanto, é importante lembrar que esses títulos têm carência que pode ir de 9 meses até o prazo final do investimento. Portanto, para não correr o risco de adquirir LCIs e LCAs e precisar resgatá-las antes do vencimento, esses títulos devem estar na estratégia de médio e longo prazo da carteira, e nunca na reserva de emergência.

Como investir em LCI e LCA?

Agora que já entendemos como funciona a liquidez, remuneração e demais aspectos das letras de crédito, é hora de conhecer o passo a passo para investir nesses títulos.

Escolha a instituição financeira 

Se você tem conta em um banco, possivelmente ele só disponibiliza LCIs e LCAs que ele próprio emite. Por outro lado, as corretoras de investimentos costumam oferecer uma diversidade maior de títulos, pois trabalham com ativos de diversas instituições financeiras. Logo, as chances de você encontrar papeis com diferentes vencimentos e taxas mais atrativas também acabam sendo maiores.

Escolha a forma de remuneração 

Outro ponto importante é observar a forma de remuneração dos títulos. Nesse sentido, os prefixados são indicados quando se espera que os juros caiam ou permaneçam em um patamar mais alto por bastante tempo. Porém, se o cenário econômico aponta para uma alta da Selic, é mais vantajoso investir em pós-fixados, para que os ganhos do título acompanhem a trajetória da taxa básica de juros.

Observe o valor mínimo de aplicação

Além disso, normalmente existe um valor mínimo para investir em LCIs e LCAs, que varia de acordo com o potencial de retorno do título. Ou seja, quanto maior o valor aplicado, maior poderá ser a taxa oferecida pela instituição financeira. Mas geralmente existem opções para valores iniciais menores, logo é bom prestar atenção também nesse ponto.

Fique atento aos limites do FGC

Por fim, nunca deixe de observar os limites do FGC quando for investir em títulos cobertos por essa garantia. Como vimos, é grande a diversidade de LCIs e LCAs que você pode encontrar no mercado, mas é importante entender que um dos aspectos que influenciam a remuneração está diretamente relacionado ao risco do emissor.

Quanto maior o risco de crédito, maior também tende a ser a taxa oferecida. Por isso, se você tiver mais de R$ 250 mil para investir, o ideal é dividir esse valor entre emissores diferentes.

Vamos te ajudar a cuidar melhor do seu dinheiro!

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