De acordo com novas regras da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais), haverá mudanças na marcação a mercado da renda fixa que entrarão em vigor em 2023.
A partir de 2 de janeiro, distribuidores de investimentos, como bancos e corretoras, serão obrigados a marcar a mercado Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs), debêntures e títulos públicos adquiridos pela tesouraria. Ficam de fora das novas normas os Certificados de Depósito Bancário (CDBs), Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs). O novo procedimento vale para investidores pessoas físicas e jurídicas, ficando de fora da obrigatoriedade as empresas de médio e grande portes e os investidores qualificados. De acordo com a Anbima, o objetivo da nova marcação a mercado é deixar mais visível os valores pelos quais esses títulos estão sendo negociados.
“Com a novidade, os investidores terão mais transparência em relação aos valores dos títulos de renda fixa que estão na sua carteira. A ideia é que, ao perceberem a oscilação no preço desses ativos, eles possam identificar eventuais oportunidades de compra ou venda antes do vencimento do papel e se conscientizem sobre a importância de saber mais sobre o emissor”, informou Luciane Effting, vice-presidente do Fórum de Distribuição da Anbima.
Ainda não ficou claro como a nova marcação a mercado da renda fixa funcionará? Então, continue a leitura que explicaremos o que muda para o investidor na prática.
Marcação a mercado da renda fixa: como é atualmente e como ficará?
Se você possui fundos de investimento, ou adquiriu algum título público prefixado ou híbrido por meio do Tesouro Direto e costuma acompanhar os extratos das aplicações, já se deparou com a marcação a mercado. Esse processo nada mais é do que uma atualização diária desses investimentos, que pode ocorrer para cima ou para baixo, e cujos efeitos você só sentirá se resgatar antecipadamente essas aplicações.
Isso significa que, se você mantiver o investimento até o vencimento, a marcação a mercado não causará nenhum efeito, pois você receberá o rendimento inicialmente contratado. A novidade é que, a partir do ano que vem, a marcação a mercado atingirá também outros títulos de renda fixa não bancária, como debêntures, CRIs, CRAs e Tesouro Direto adquiridos via tesouraria.
Atualmente, a maioria das instituições financeiras atualiza os preços da renda fixa pela chamada “marcação na curva”, que considera a mesma taxa que o investidor contratou no momento da aplicação. No entanto, essa marcação só faz sentido para quem ficar com o investimento até o vencimento, pois não considera as oscilações diárias do mercado.
Por outro lado, com a marcação a mercado da renda fixa, a taxa deverá modificar todos os dias. Isso porque ela refletirá o que os investidores estão efetivamente pagando pelo título, de acordo com as atuais condições do mercado.
Por que a nova regra de marcação a mercado não vale para todos os títulos de renda fixa?
Como vimos, CDBs, LCIs e LCAs permanecerão com o atual sistema de marcação na curva depois de janeiro de 2023. Segundo Luciane, isso acontecerá porque os títulos de renda fixa bancária garantem a recompra baseados na marcação na curva.
Por outro lado, no caso de títulos emitidos por empresas – como debêntures (incentivadas ou não), CRIs e CRAs – o investidor não consegue vendê-lo para o emissor no momento em que deseja. Por isso, caso queira resgatá-los antecipadamente, deverá procurar o mercado secundário de renda fixa.
Relembrando: é por meio do mercado secundário que os investidores conseguem negociar os seus títulos com outros investidores. Para isso, é preciso utilizar os serviços de uma corretora, como a Terra Investimentos. Além de conseguir resgatar antecipadamente o título, o investidor encontra diversas oportunidades no mercado secundário, com prazos e taxas diferenciadas.
Por que a Anbima mudou as regras de marcação a mercado?
O principal motivo que levou a Anbima a mudar as regras de marcação a mercado da renda fixa foi o expressivo aumento na oferta de títulos privados no mercado nos últimos anos. Além de terem o risco de empresas privadas, esses títulos costumam ter vencimentos longos. Por isso, a marcação a mercado é uma forma mais adequada de acompanhar a evolução dos seus preços no mercado do que a marcação na curva.
Como essa mudança na marcação a mercado vai aparecer na carteira do investidor?
A partir de 2 de janeiro de 2023, o investidor verá no extrato os preços de mercado dos ativos alcançados pelas novas regras. Se o preço de mercado do título estiver abaixo do preço marcado pela curva, o valor demonstrado no extrato será menor. Por outro lado, se o preço de mercado estiver acima, ele será maior do que o marcado pela curva.
Dá para perder dinheiro com a nova marcação a mercado da renda fixa?
Você só perderá dinheiro com a marcação a mercado no caso de resgate antecipado do título e se, eventualmente, o mercado estiver pagando menos por ele na data de resgate. Caso contrário, se você levar o título até o vencimento, receberá por ele a taxa contratada no momento da aplicação. Isso vale para toda a sistemática de marcação a mercado, inclusive para os títulos que recentemente foram incluídos na metodologia.
Ou seja, o que muda com as novas regras é somente a forma de apresentação das taxas, não havendo alteração na remuneração do título. Da mesma forma, a nova marcação a mercado não afeta a segurança dos títulos de renda fixa, só demonstra de forma mais clara os seus preços à medida que o tempo passa.
