Minicontratos: o que são e como fazer essas operações?

Tempo de leitura: 6 minutos

Imagem mostra no gráfico a performance de minicontratos na bolsa
Imagem mostra no gráfico a performance de minicontratos na bolsa

A bolsa de valores oferece diversas formas de rentabilizar os investimentos além das ações e outros ativos mais conhecidos. Uma dessas alternativas são os minicontratos, que tanto podem ser utilizados para obter lucro quanto para hedge (proteção) do patrimônio.

Neste conteúdo, veremos as principais informações sobre esse instrumento financeiro, como ele funciona e em que situações ele pode ser interessante para o investidor. Portanto, se você está em busca de mais conhecimento para aumentar os seus ganhos, continue a leitura a seguir!

O que são minicontratos?

Para entendermos o que são esses instrumentos financeiros, primeiro precisamos conhecer o mercado futuro, pois os minicontratos estão inseridos nesse contexto.

Mercado futuro é o ambiente no qual são negociados os contratos futuros, que são um tipo de derivativo – ou seja, os seus valores são derivados de um ativo de referência. Por sua vez, os contratos futuros representam o compromisso de negociar esse ativo de referência em uma data futura e por um preço previamente estabelecido.

O ativo subjacente pode ser de diferentes naturezas. Na bolsa, temos contratos futuros de commodities, índices (como Ibovespa), moedas (como dólar, euro ou iene), e assim por diante.

As negociações de contratos futuros não envolvem, inicialmente, o ativo subjacente, mas sim o direito de negociá-lo em determinada data mais adiante. Por exemplo, na data de hoje, um produtor verifica que a saca da soja está custando R$ 150, e, com esse valor, ele consegue cobrir seus custos de produção e auferir algum lucro. Porém, ele só terá o produto para entregar daqui a alguns meses. Para fixar esse preço, ele faz um contrato futuro que lhe garante um valor predeterminado, independentemente de qual for o preço da soja no mercado quando ele tiver que entregar as sacas ao comprador.

Outra característica dos contratos futuros que dá segurança nas negociações é a sua padronização. Isso significa que a soja entregue por um produtor brasileiro deve ser exatamente a mesma negociada nos EUA ou em qualquer outro lugar do mundo.

Minicontratos são contratos futuros fracionados

Os contratos futuros (ou “cheios”) exigem aportes elevados, e isso, muitas vezes, inviabiliza o acesso de pequenos investidores a esse instrumento. Para tornar essas operações mais acessíveis é que foram criados os minicontratos, que negociam frações dos contratos cheios.

A seguir, conheceremos os tipos de minicontratos, e você verá como funciona esse fracionamento na prática.

Tipos de minicontratos

Os minicontratos podem ser como referência diferentes tipos de bens, índices ou ativos financeiros. Os dois principais negociados na bolsa brasileira são os vinculados ao dólar (mini dólar) e ao Ibovespa (mini índice).

Mini dólar

Os minicontratos de dólar têm como objetivo negociar a variação entre o real e o dólar em uma data futura. Esse tipo de operação é bastante utilizada por quem busca lucrar com a diferença de preços entre as duas moedas ou como forma de proteção contra a variação cambial.

Suponha que você tenha um pagamento a realizar em dólar no futuro, mas tem receio de que a moeda dispare. Para garantir a cotação da moeda e ter mais previsibilidade no seu desembolso, pode fechar um contrato futuro para fixar a taxa do câmbio no momento do pagamento.

O valor financeiro de um minicontrato de dólar é US$ 10.000, o que corresponde a 20% do contrato cheio (US$ 50.000). Já a sua cotação é de reais por US$ 1 mil, sendo que cada ponto equivale a R$ 10, e a sua cotação varia de meio em meio ponto. Mesmo que as cotações variem diariamente, essas proporções não mudam.

Exemplo

Imagine que um investidor tenha adquirido um minicontrato de dólar com a moeda cotada a R$ 5,00, o que equivale a 5.000 pontos. Isso representa um valor total do contrato de US$ 50.000 (R$ 5,00 x US$ 10.000).

Tempos depois, o dólar chegou a R$ 5,20, e o contrato passou a ser cotado em 5.200 pontos. Então, o investidor vendeu o contrato no valor atual de US$ 52.000 (R$ 5,20 x US$ 10.000), realizando um lucro de R$ 2.000 na operação.

Perceba que, nesse caso, o investidor lucrou com a alta do dólar, pois ele estava em uma posição comprada (long). Mas também dá para obter ganhos assumindo uma posição vendida (short), quando se acredita na queda da moeda.

Mini índice

Já os minicontratos de índices negociam as flutuações do Ibovespa, o índice que representa as principais empresas listadas na bolsa brasileira. Ou seja, quem negocia um mini índice tem determinada expectativa sobre a performance do indicador em determinado período, seja de valorização ou queda.

Em um contrato cheio, a cotação é de R$ 1 para cada ponto do índice. Por exemplo, se o Ibovespa está hoje a 100 mil pontos, cada contrato futuro de índice custará R$ 100.000. Já no mini índice, cada ponto vale R$ 0,20, logo um minicontrato do índice vale R$ 20.000 para a mesma pontuação.

Exemplo

A lógica é a mesma dos minicontratos de dólar que vimos anteriormente. Suponha que um investidor adquira um mini índice hoje a R$ 20.000, com o Ibovespa a 100.000 pontos e que, daqui a algum tempo, a bolsa se valorize e o índice chegue a 110.000. Nesse caso, o minicontrato passará a valer R$ 22.000 e, quando vender, o investidor terá lucrado R$ 2.000 com a operação.

Assim como no mini dólar, os minicontratos de índice possibilitam assumir posições compradas ou vendidas, para que se possa lucrar com a alta ou com a queda do Ibovespa. Outro aspecto que vale para ambos os tipos de minicontratos é que não é preciso desembolsar o valor total do contrato, pois o que fica (ou sai) na conta do investidor é só a diferença entre o preço de venda e de compra.

Margem de garantia nos minicontratos

As operações do mercado futuro sofrem ajustes diários, ou seja, os seus resultados são auferidos todos os dias. No caso dos minicontratos, se o dólar ou o Ibovespa subiu no dia, o investidor terá um crédito na conta. Mas se a moeda ou o índice recuaram, haverá um débito na conta proporcional à desvalorização do dia.

Para dar cobertura a esses ajustes, a bolsa exige o depósito de uma margem de garantia nessas operações, pois todos os dias esses contratos estão expostos ao lucro ou prejuízo, até o seu vencimento. Desde janeiro de 2022, o valor mínimo de margem de garantia exigido pela bolsa no day trade para minicontratos de índice é de R$ 100, e para mini dólar, de R$ 150. No entanto, cada corretora pode determinar com qual valor trabalhará, a partir do mínimo determinado pela B3.

Códigos dos minicontratos

Os minicontratos possuem códigos de negociação que os identificam, formados por quatro letras e dois números. As três primeiras letras se referem ao ativo referência do contrato, sendo WDO para mini dólar e WIN para mini índice.

A quarta letra do código representa o mês de vencimento do contrato, e aqui cada um deles tem uma peculiaridade. No caso do mini dólar, os vencimentos ocorrem todos os meses, sempre no primeiro dia útil de cada mês. Já no mini índice, há vencimentos a cada dois meses, sempre nos meses pares e na quarta-feira mais próxima do dia 15.

Por fim, os dois números ao final do código correspondem ao ano de vencimento do contrato. Veja abaixo como ficam os códigos do mini dólar (WDO) e mini índice (WIN):

Mês de vencimentoMini dólar (WDO)Mini índice (WIN)
JaneiroF
FevereiroGG
MarçoH
AbrilJJ
MaioK
JunhoMM
JulhoN
AgostoQQ
SetembroU
OutubroVV
NovembroX
DezembroZZ

Considere um mini dólar e um mini índice com vencimento em agosto de 2024. Os seus códigos ficariam assim:

  • Mini dólar: WONQ24
  • Mini índice: WINQ24

Vantagens e riscos de operar minicontratos

Os minicontratos são um interessante instrumento para a diversificação da carteira. Além de serem bem mais acessíveis do que os contratos cheios, permitem ao investidor operar alavancado, ou seja, somente mediante o depósito da margem de garantia. Para quem busca esse tipo de alternativa, essa é uma das vantagens dessas operações.

Além disso, há um grande volume desses contratos sendo negociados diariamente, e isso significa que possuem boa liquidez. Ou seja, se algum investidor decidir se desfazer se sua posição, dificilmente não conseguirá fazer isso rapidamente. Essa facilidade é importante para quem opera no day trade e precisa, eventualmente, ter dinheiro em mãos com maior velocidade.

Por outro lado, o mercado futuro possui grande volatilidade, e é preciso entender que isso é um risco a ser considerado. Se o mercado se movimentar de forma oposta às previsões do investidor, as suas perdas poderão ser maiores do que as que teria no mercado à vista. Dependendo do caso, a bolsa pode chamá-lo a complementar a margem de garantia, ou até mesmo mudar as regras dessa exigência, o que acontece com certa frequência. Por isso, o ideal é já ter certa experiência e contar com uma assessoria especializada para operar no mercado futuro com mais segurança.

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