No mundo da renda fixa, existem alternativas que podem aumentar as possibilidades de ganho pelo fato de serem isentas de Imposto de Renda. Entre elas, estão CRI e CRA, os Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio, muito procurados por quem tem um perfil mais arrojado e que deseja diversificação no longo prazo.
Neste conteúdo, explicaremos o que são esses títulos, como funcionam e o que é preciso analisar na hora de investir. Portanto, se você está em busca de alternativas para diversificar o seu patrimônio, continue a leitura e entenda se CRIs e CRAs fazem sentido para sua estratégia de investimento.
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O que são CRI e CRA?
CRI e CRA são títulos de renda fixa estratégicos para o desenvolvimento de dois segmentos muito importantes da economia: o mercado imobiliário e o agronegócio. Na prática, ambos os títulos funcionam da mesma maneira para o investidor. Porém, a diferença entre eles está no tipo de lastro do investimento, conforme veremos a seguir.
O que é um CRI?
O Certificado de Recebíveis Imobiliários (CRI) é um título que se destina ao financiamento das transações do mercado imobiliário, assim como as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs). No entanto, diferentemente da LCI, o CRI não é emitido por uma instituição financeira, e sim por uma companhia securitizadora.
Por exemplo, imagine que você adquiriu um imóvel na planta e pagará a construtora em 20 anos. Assim como você, várias outras pessoas também fizeram esse financiamento, e em prazos igualmente longos. Ou seja, a construtora possui diversos créditos a receber no longo prazo, mas precisa de recursos para concluir a obra e iniciar outros empreendimentos.
Nesse caso, uma alternativa para que ela possa financiar os novos projetos é emitir CRIs, para vender os seus recebíveis a terceiros. Dessa forma, ela consegue antecipar o que receberia em 10, 20 ou 30 anos, e pode dar andamento às novas obras.
Para formalizar essa antecipação, a construtora precisa contratar uma companhia securitizadora, ou seja, uma empresa que converte os recebíveis em títulos para negociação. Essa securitizadora será responsável por colocar esses papéis à venda para investidores interessados e acompanhar todo o processo.
Basicamente, ao adquirir um CRI, é como se o investidor estivesse ajudando a financiar o imóvel que já foi vendido e que ainda está em construção. Em troca disso, receberá juros pelo prazo em que o dinheiro estiver investido, de acordo com a remuneração prevista pelo título.
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O que é um CRA?
No Certificado de Recebíveis do Agronegócio (CRA), a lógica é a mesma do CRI. Porém, nesse caso, os recebíveis que dão lastro ao investimento vêm de operações ligadas ao setor do agronegócio. Os investimentos em maquinários, a industrialização de produtos agrícolas e o aumento da comercialização desses produtos são alguns exemplos de operações que podem dar lastro aos CRAs.
Como funcionam o CRI e CRA?
Como vimos, ambos são títulos de renda fixa que financiam os setores imobiliário e do agronegócio. Porém é necessário conhecermos outras características desses investimentos, como as que veremos a seguir.
Rentabilidade
Da mesma forma que outros títulos de renda fixa, os CRIs e CRAs oferecem três tipos de remuneração aos investidores:
- – Prefixada: nesse formato, a taxa é determinada no momento da aplicação. Ou seja, ao adquirir os papéis o investidor já sabe quanto irá ganhar no vencimento.
- – Pós-fixada: aqui a rentabilidade é atrelada a algum indicador, como CDI ou Selic, por exemplo. O investidor não sabe antecipadamente quanto renderá a aplicação, pois o desempenho do índice escolhido é que determinará o rendimento final do investimento.
- – Híbrida: essa remuneração tem uma parte prefixada e outra pós-fixada. Nesse sentido, a parcela prefixada assegura uma taxa de juros mínima (5% ao ano, por exemplo). Já a pós-fixada corresponde à variação da inflação, medida pelo IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo) ou pelo IGP-M (Índice Geral de Preços – Mercado).
Dependendo do momento da economia e dos objetivos do investimento, uma ou outra forma de remuneração poderá ser mais interessante. Por exemplo, quando há expectativa de alta nos juros, a pós-fixada pode trazer maiores ganhos, pois os rendimentos acompanharão a alta da Selic. Por outro lado, se a ideia é proteger o poder de compra no longo prazo, uma boa ideia é optar por ganhos atrelados a índices de inflação.
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Liquidez
De forma geral, os CRIs e CRAs são considerados investimentos de baixa liquidez. Isso porque tanto o mercado imobiliário quanto o agronegócio trabalham com prazos longos para a execução de seus projetos. Dessa forma, esses títulos costumam ter vencimentos longos, entre 3 a 5 anos em média. No entanto, em determinados casos, esses prazos podem facilmente ultrapassar 10 anos.
Para que possa receber a remuneração acordada no momento da emissão do título, é preciso manter o investimento até o seu vencimento. Não que seja impossível resgatar os recursos antes do prazo, mas, para fazer isso, o investidor precisará recorrer ao mercado secundário de renda fixa. Ou seja, a solução seria tentar negociar o título diretamente com outros investidores, e não há garantia de que haja interessados, ou de que seja possível manter a remuneração original dos títulos.
Por isso, antes de investir em CRI e CRA, é preciso ter bem claro que ambos são títulos que devem compor a carteira de de médio e longo prazos.
Riscos
Pelo fato de financiarem projetos imobiliários e do agronegócio, os certificados de recebíveis lembram as Letras de Crédito Imobiliário (LCIs) e do Agronegócio (LCAs). No entanto, em relação ao risco, existem importantes diferenças entre essas modalidades.
No caso da renda fixa bancária, o risco do investimento é o da instituição financeira que emitiu os títulos. Dessa forma, se o banco tiver problemas de liquidez, isso atinge também os papéis de sua emissão. Para atenuar esse risco, títulos como CDBs, LCIs e LCAs contam com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC), que ressarce até R$ 250 mil por CFP (limitado a R$ 1 milhão) caso a instituição venha a falir.
Já a renda fixa da categoria crédito privado, da qual fazem parte os CRIs e CRAs, não conta com a garantia do FGC. Nesse caso, o risco dos títulos não é o da securitizadora que os emitiu, mas sim de cada devedor das operações imobiliárias e do agronegócio. Em outras palavras, haverá problemas para o investidor se quem tomou o financiamento imobiliário ou fez um empréstimo para comprar uma máquina agrícola ficar inadimplente.
Tributação
Como vimos, uma das vantagens desses títulos é a isenção de Imposto de Renda (IR) e de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre os rendimentos. Ou seja, não é preciso descontar nenhum valor dos rendimentos, pois ele já vem líquido para o investidor.
E vale a pena investir em CRIs e CRAs?
Para responder a essa pergunta, vamos relembrar as principais características dos CRIs e CRAs:
- – Ambos são títulos de renda fixa, com lastro em operações do setor imobiliário (CRIs) e do agronegócio (CRAs).
- – Diferentemente de outros títulos de renda fixa, quem os emite são securitizadoras e não instituições financeiras.
- – Podem ser prefixados, pós-fixados ou híbridos, sendo que a melhor forma de remuneração dependerá do contexto econômico ou objetivo financeiro.
- – Não contam com a proteção do FGC, o que os deixa mais expostos ao risco do que a renda fixa bancária. Por isso, é preciso analisar a qualidade dos recebíveis que dão lastro ao investimento.
- – Ambos têm isenção de IR e IOF, o que torna seu rendimento mais atrativo do que algumas outras aplicações de renda fixa.
- – O investidor poderá sacrificar a rentabilidade caso se desfaça desses títulos antes do vencimento. Por isso, são indicados somente para a estratégia de médio ou longo prazo da carteira.
Em suma, ambos os títulos podem ser boas opções para diversificar seus investimentos de médio e longo prazo. Nesse sentido, você só precisa analisar todos os pontos acima para decidir se são ou não adequadas ao seu perfil e suas expectativas.
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