Recessão econômica: o que é e por que isso acontece

Tempo de leitura: 5 minutos

Imagem mostra dinheiro perdido com a estagflação
Imagem mostra dinheiro perdido com a estagflação

Quando ouvimos notícias sobre recessão econômica, não é preciso entender sobre o tema para associarmos a expressão a uma crise, a algo ruim. Na prática, todos sentimos os seus efeitos imediatos – queda da renda, aumento do desemprego e piora generalizada nas finanças pessoais e do país.

Mas afinal, o que causa uma recessão e como saber se um país está nessa situação? E o que acontece se ela se estende por prazos mais longos? Se você tem ouvido notícias a respeito e está preocupado como tema, continue a leitura e entenda por que esse fenômeno acontece e como se pode investir melhor nesses momentos.

O que é recessão?

Historicamente, a economia é formada por ciclos, que costumam ser divididos em quatro: expansão, pico da expansão, recessão e depressão. Quando falamos em recessão, estamos nos referindo ao ciclo econômico no qual a renda das famílias diminui, assim como o nível de emprego e a atividade das empresas. Tudo isso reduz o Produto Interno Bruto (PIB) de um país, o que, na prática, representa a queda na oferta de bens e serviços de forma geral.

Em outras palavras, todos nós sentimos os efeitos de uma recessão econômica em nossas finanças, em maior ou menor grau.

O que causa uma recessão?

Não há como apontar uma razão única para que ocorra uma recessão econômica, assim como não se pode saber exatamente quando ela terminará. Uma grave crise sanitária pode causar um forte desaquecimento da economia como foi durante a pandemia de Covid-19, por exemplo. Além disso, conflitos internacionais ou mesmo problemas no cenário interno podem levar a uma forte desaceleração na economia.

Seja por que motivo for, o fato é que a população reduz radicalmente seus gastos durante uma recessão, devido à insegurança generalizada em relação à economia. Dessa forma, a prioridade passa a ser exclusivamente gastos de primeira necessidade, como alimentação, moradia, saúde, e assim por diante.

Porém, essa contração no consumo afeta as empresas de forma geral, pois toda a economia é interligada. Normalmente, os gastos com lazer são alguns dos primeiros que cortamos durante uma crise econômica, certo? Agora imagine se todas as pessoas fizerem o mesmo, ou seja, deixarem de viajar, ir a restaurantes, cinemas e atividades afins. A consequência disso será a redução drástica das atividades dessas empresas, que acabarão cortando salários ou, na pior das hipóteses, demitindo seus funcionários. Por isso, o corte abrupto de gastos gera uma espiral negativa e crescente quando há uma recessão econômica. Quando essa situação se estende por muito tempo, o que acontece é o agravamento da crise, o que chamamos de depressão.

Recessão técnica e recessão de fato: qual a diferença?

Se você acompanha notícias sobre economia, provavelmente já ouviu algo sobre recessão técnica. Essa situação acontece quando o PIB de um país recua por dois trimestres seguidos. Por sua vez, o PIB funciona como um termômetro da economia, pois se ele aumenta, significa que a atividade empresarial também está em crescimento. Ou seja, um PIB em alta teoricamente representa bons níveis de emprego e poder aquisitivo suficiente para gastar.

No entanto, quando há retração do PIB em determinado período, é sinal de desaquecimento da atividade econômica.

Já a recessão de fato não se prende ao indicador, pois analisa outras variáveis macroeconômicas. Nesse sentido, nível de empregos, salários, produção industrial, são itens considerados para o seu cálculo.

Pelo fato de considerar um espectro mais amplo, o conceito de recessão de fato é mais adequado do que o de recessão técnica para avaliar a situação da economia. Para entendermos por que, podemos utilizar o exemplo das commodities, produtos muito importantes para o PIB brasileiro. Imagine que o mercado esteja passando por um ciclo de baixa das commodities agrícolas. Dependendo do quão ruim esteja o desempenho desse setor, países como o Brasil – fortemente dependente do agronegócio – podem apresentar recessão técnica. Porém, se o resto da economia estiver indo bem, o momento pode não ser tão preocupante.

Em outras palavras, pode-se dizer que a recessão técnica funciona como um alerta sobre algo no cenário econômico que merece atenção. No entanto, é a recessão de fato que alcança todos os setores da economia, e, por isso, costuma ter maior duração.

Como saber quando um país está em recessão?

Eventualmente um país pode passar por uma crise econômica sem, necessariamente, entrar em recessão. No entanto, uma recessão econômica é sempre fruto de uma crise.

Mas como identificar cada um desses eventos? Nesse sentido, a primeira diferença é que as crises são menos duradouras e, por isso, afetam menos a economia em termos estruturais. Já as recessões se estendem por prazos mais longos e são difíceis de solucionar, pois causam os seguintes efeitos na economia:

Queda do consumo

De forma geral, esse costuma ser o primeiro sinal que caracteriza uma recessão. Isso porque, quando a população não tem segurança sobre o cenário econômico, o primeiro passo é cortar gastos que não sejam prioritários.

Aumento do desemprego

Quando o consumo retrai, as empresas diminuem a produção de bens e serviços. Dessa forma, a sua receita líquida e os seus resultados também ficam, e isso faz com que a sua receita e seus lucros também caiam. Nessa situação, uma das primeiras ações para o controle de custos é a redução de salários e, em última instância, o corte de empregos.

Queda de investimentos produtivos

Além do corte de empregos, também há uma redução dos investimentos produtivos em tempos de recessão. Também chamados de despesas de capital, esses são os gastos que as empresas realizam para manter ou incrementar a sua atividade. Aqui, entram aquisições de máquinas, ampliação ou construção de novas unidades, e outros do tipo. Em períodos de recessão, o esforço maior acaba sendo no sentido de manter a operação com custos menores. Por isso, as empresas deixam esse tipo de investimento em segundo plano, até que o cenário macroeconômico melhore.

Aumento da pobreza e da fome

A combinação dos itens anteriores (consumo menor, queda de renda e do nível de empregos e menor investimento por parte das empresas) leva a efeitos nefastos. Um dos piores e mais difíceis de solucionar é o aumento generalizado da pobreza, que pode comprometer a segurança alimentar do país.

Diminuição da oferta de crédito

Com o desemprego e a insegurança geral em relação à economia, há mais receio por parte dos bancos em emprestar dinheiro, tanto para pessoas físicas quanto para empresas. Por isso, a oferta de crédito acaba reduzindo fortemente em tempos de recessão econômica.

Dá para investir em momentos de recessão?

Por um lado, é possível encontrar boas oportunidades de investimentos em momentos de crises e recessões. Isso porque empresas com fundamentos econômicos sólidos e outros bons ativos também são atingidos por esses períodos de instabilidade. Dessa forma, ao comprar ações, fundos imobiliários ou outros ativos financeiros na baixa, o investidor consegue ter um bom retorno quando esses investimentos voltarem a subir.

No entanto, é preciso ter cuidado redobrado para investir em momentos de recessão. Além de analisar criteriosamente os indicadores de ações e fundos, é mais importante ainda acompanhar de perto a evolução do cenário macroeconômico. Nesse sentido, contar com uma assessoria especializada é uma forma mais segura de escolher e gerir os investimentos nessas horas.

Para quem investe no mercado acionário, as ações defensivas são a melhor alternativa em períodos econômicos conturbados. Esses são os títulos de empresas que atuam nos setores não-cíclicos da economia, aqueles que produzem bens e serviços considerados essenciais. Como esses itens nunca deixam de ser consumidos mesmo em épocas de crises, essas empresas conseguem manter desempenhos mais constantes, mesmo com as oscilações da economia.

Já para quem é mais conservador, pode ser um bom momento para aumentar a participação na renda fixa. Independentemente da escolha, o mais importante, além de ser ainda mais diligente com os investimentos, é ter foco no longo prazo em momentos de crise. Ou seja, não espere resultados rápidos pois, como vimos, é impossível saber quando uma recessão chegará ao fim.

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