ROE: o que é e por que esse indicador é tão importante?

Tempo de leitura: 5 minutos

Imagem mostra o cálculo da eficiência operacional por meio do ROE
Imagem mostra o cálculo da eficiência operacional por meio do ROE

Para quem investe em ações, é natural estar sempre de olho na temporada de balanços, pois um dos principais interesses é acompanhar o resultado das empresas. Porém, mais do que olhar somente o lucro, é importante conhecer o grau de eficiência das companhias, e é justamente isso o que o ROE nos ajuda a entender.

Neste conteúdo, você entenderá o que é e conhecerá a importância desse indicador tão utilizado para avaliar ações. Portanto, se você deseja aperfeiçoar os seus conhecimentos de análise fundamentalista, continue a leitura a seguir!

O que é ROE?

A sigla vem da expressão em inglês return on equity que, na tradução, significa “retorno sobre o patrimônio líquido”. Como o próprio nome sugere, o objetivo do indicador é mostrar o quanto a empresa consegue gerar de lucro líquido a partir do seu capital próprio. Ou seja, o quanto renderam os recursos que os sócios investiram no negócio.

Se você não está muito familiarizado com alguns conceitos contábeis, acompanhe a seguir uma breve explicação sobre os dois componentes do ROE, que são o patrimônio líquido e o lucro líquido.

Patrimônio líquido

Quando falamos em patrimônio líquido (PL), estamos nos referindo ao somatório dos recursos próprios da empresa. Em outras palavras, o PL é nada mais do que a diferença entre ativo (bens e direitos) e passivo (obrigações), informações que você encontra no balanço patrimonial.

Assim, temos a fórmula mais conhecida da contabilidade:

Patrimônio Líquido (PL) = Ativo – Passivo

Lucro líquido (LL)

Já o lucro líquido representa o que sobrou para a empresa depois de deduzir da receita de vendas todos os custos de produção e despesas do exercício em questão. Você obtém essa informação na última linha da Demonstração do Resultado do Exercício (DRE). No entanto, muitas vezes, as empresas não apresentarão lucro, mas sim prejuízo líquido. Inclusive, esse é um dos cuidados que você precisa ter na hora de analisar o ROE, conforme veremos mais adiante.

Como calcular o indicador

Agora que conhecemos os dois componentes do indicador, podemos calculá-lo da seguinte forma:

ROE = (Lucro Líquido / Patrimônio Líquido) x 100

Aqui, vai uma observação importante: para o cálculo do ROE, é preciso considerar o lucro líquido acumulado de todo o ano fiscal, ou seja, de 12 meses. Isso significa que o valor utilizado na fórmula já teve o desconto dos dividendos pagos para as ações preferenciais. Somente depois do cálculo do indicador é que os dividendos das ações ordinárias serão descontados.

Para que serve o ROE?

O objetivo desse indicador é medir a capacidade que a empresa tem de gerar valor para a operação e para os sócios a partir dos seus recursos próprios. Ou seja, sem considerar outras fontes de financiamento do passivo, como empréstimos, fornecedores, e assim por diante. Teoricamente, quanto maior a eficiência operacional, maior também será o potencial de valorização das ações da companhia ao longo do tempo.

Para entender como o ROE pode ser útil na prática, veja a seguir uma comparação fictícia que fizemos entre duas empresas.

Ao final de um exercício, as empresas “A” e “B” possuíam patrimônio líquido de, respectivamente, R$ 300 milhões e R$ 500 milhões. Neste mesmo ano, o lucro líquido de ambas as empresas foi de R$ 30 milhões.

Agora, vamos calcular o ROE de cada uma delas:

ROE empresa “A”: (R$ 30 milhões / R$ 300 milhões) x 100 = 10%

ROE empresa “B”: (R$ 30 milhões / R$ 500 milhões) x 100 = 6%

Agora, vamos à interpretação do indicador: observe que o patrimônio líquido da empresa “B” é superior em R$ 200 mil ao da empresa “A”. No entanto, mesmo com essa diferença, ambas geraram o mesmo resultado. Isso significa que a empresa “A” tem um melhor desempenho quando o assunto é otimizar os recursos próprios. Por isso, o seu ROE é maior do que o da empresa “B”.

Em outras palavras, o grau de eficiência da empresa “A” foi maior do que o da “B” no exercício em questão. Ou seja, quanto mais uma companhia lucrar com menos recursos próprios investidos, mais eficiente será a sua operação.

O que é considerado um bom ROE?

Atualmente, um patamar considerado bom para esse indicador é a partir de 15%. Isso significa que, a cada real investido pelos sócios, a empresa consegue gerar 15 centavos de retorno.

No entanto, não basta analisar isoladamente esse percentual, mas sim acompanhar a sua evolução durante o tempo. Só assim você conseguirá saber se, de fato, a empresa gera retornos consistentes ao longo dos anos.

Cuidados que o investidor precisa ter ao analisar o ROE

Outro ponto importante ao analisar o ROE é nunca fazer isso de forma isolada, e sim junto de outros indicadores da análise fundamentalista. Além disso, existem alguns cuidados necessários para que a análise seja a mais assertiva possível. Confira a seguir.

Observar o endividamento da empresa

Imagine que duas empresas – uma do comércio varejista e outra de tecnologia – tenham o mesmo patrimônio líquido em determinado exercício. Nesse mesmo ano, o lucro da empresa de TI foi três vezes maior do que o da varejista.

Se você analisar somente o ROE de ambas, poderá presumir que a de TI possui mais eficiência operacional do que a varejista. Porém, quem acompanha o mercado acionário, sabe que é bastante comum empresas que atuam em setores de inovação financiarem grande parte de suas atividades com recursos de terceiros. Nesse caso, pode ser que, mesmo com um ROE muito maior, a empresa de TI represente mais risco. E isso você só vai saber se conhecer o a dívida líquida de ambas.

Comparar empresas do mesmo segmento

Como vimos no item anterior, o setor de atuação define algumas características das empresas, e uma delas é o grau de endividamento. Por isso, na hora de utilizar o ROE, é importante que você esteja avaliando empresas que atuam no mesmo setor. Caso contrário, a sua análise poderá sofrer distorções e comprometer a sua decisão de investimento.

Resultado líquido negativo no exercício

Digamos que uma empresa tenha encerrado um exercício com resultado líquido negativo. Quando isso acontece, o ROE do período também é negativo. Nesse caso, você só conseguirá saber se a empresa tem eficiência operacional se entender os motivos do prejuízo.

Por exemplo, pode ser que os custos de produção tenham aumentado, ou que a empresa tenha perdido mercado para a concorrência e, por isso, as suas vendas caíram. Nessa situação, dá para pensar em perda de eficiência operacional, afinal ambas as questões dependem da própria operação.

No entanto, pode ser que um sinistro tenha afetado o parque industrial e impedido a produção por bastante tempo. Ou que a companhia tenha tido algum gasto expressivo com eventos inesperados, como uma multa, por exemplo. Dependendo do tamanho do desembolso, isso pode prejudicar o resultado do exercício. Porém, nada tem a ver com a eficiência operacional da empresa. Ou seja, teoricamente, depois de solucionados os problemas, a organização retomará o fluxo normal de suas atividades.

Qual a diferença entre ROE e ROIC?

Como as duas siglas são muito parecidas, não é raro que se faça confusão entre elas. No entanto, cada um dos conceitos serve para avaliar aspectos distintos da empresa.

Enquanto o objetivo do ROE é mostrar o retorno sobre o patrimônio líquido, o ROIC mede o capital total investido na organização. Em outras palavras, esse último considera em seu cálculo o capital próprio e os recursos de terceiros, como empréstimos e outras exigilidades.

De forma resumida, podemos dizer que o ROE indica o potencial de geração de resultados considerando somente os recursos investidos pelos próprios sócios. Por sua vez, o ROIC considera em seu cálculo todas as fontes utilizadas pela empresa para gerar resultado, sejam elas próprias ou de terceiros.

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