Na reunião de agosto, o Comitê de Política Monetária (Copom) do Banco Central promoveu nova alta dos juros. Com isso, A Selic passou de 13,25% para 13,75% ao ano, sendo esse o seu maior patamar desde janeiro de 2017.
Além disso, o Banco Central sinalizou que, para a reunião de setembro, vai avaliar “a necessidade de um ajuste residual, de menor magnitude, em sua próxima reunião”. Ou seja, agora o mercado já está esperando por um novo aumento de juros no próximo mês
Mas o que isso significa? Dá para saber por quanto tempo ainda os juros continuarão subindo? E por quê? É justamente isso o que iremos explicar nesse conteúdo. Portanto, para entender a alta da Selic e o que isso significa para o seu bolso, continue a leitura a seguir.
ENTRE NOS NOSSOS GRUPOS DE WHATSAPP!
Por que o Banco Central promove a alta dos juros?
A taxa de juros é um dos principais instrumentos que os governos ao redor do mundo têm para controlar a inflação.
Uma das causas da inflação é o excesso de circulação de dinheiro na economia. Em outras palavras, quando as pessoas se sentem motivadas a consumir mais, isso gera um aumento na demanda por bens e serviços superior à oferta. Ou seja, há mais gente consumindo do que as empresas são capazes de abastecer.
Em momentos como esse, para conter o consumo, o governo eleva a taxa de juros. Dessa forma, o crédito se torna mais caro e os ânimos para gastar acabam arrefecendo. Teoricamente, isso faz com que os preços comecem a ceder, retomando os patamares anteriores.
Além da inflação, existem outras variáveis que o governo avalia para definir a taxa de juros. Nesse sentido, o nível de atividade econômica, as contas públicas e o cenário externo também contribuem para decidir pela alta dos juros, se for o caso.
E isso não acontece só no Brasil, pois os juros são um importante instrumento de controle de todas as políticas monetárias. Ou seja, o Fed (banco central dos EUA) faz o mesmo, o Banco Central Europeu também, e assim por diante.
Não é só o Brasil que vive um momento de inflação alta
A pandemia de covid-19 fez com que muitas empresas fechassem ou reduzissem a produção ao redor do mundo. Isso causou um desequilíbrio nas cadeias produtivas, em virtude de falta de matérias-primas e componentes para as indústrias de forma geral.
Essa escassez levou ao aumento de preço de muitos insumos importantes para diversas indústrias no mundo inteiro. Com tudo ficando mais caro, os bancos centrais ao redor do mundo começaram a subir os juros.
Além disso, durante a pandemia, muitos países injetaram dinheiro em suas economias para evitar o colapso das atividades. Como vimos, o excesso de dinheiro em circulação também causa inflação.
Ou seja, ao mesmo tempo que tivemos uma inflação de custos (matérias-primas subindo), houve também um aumento de circulação de dinheiro. Tudo isso intensificou a inflação que o mundo vive hoje.
No Brasil, o atual ciclo de alta da Selic começou em 17 de março de 2021. Até o momento, os juros subiram 12 vezes consecutivas, e a Selic passou de 2% a 13,75% em menos de um ano e meio.
Nesse sentido, o objetivo do Copom é fazer a nossa inflação ficar dentro da meta de inflação, cujo conceito veremos a seguir.
Meta de inflação
O regime de metas de inflação no Brasil foi adotado em 1999. Todos os anos, esse regime define uma faixa dentro da qual o IPCA (índice oficial da inflação brasileira) deve oscilar.
Em outras palavras, trata-se de um limite de tolerância para a inflação do ano, que pode variar para mais ou para menos a partir do centro.
Para garantir que a inflação se mantenha dentro da faixa estipulada, os governos se comprometem a tomar ações. Em termos de oscilações, são admitidos na meta de inflação dois pontos para cima ou para baixo do centro. Por isso é que se fala em uma “faixa” predefinida.
Na prática, estipular uma meta para a inflação serve para ajudar a conter a alta dos preços. Ao mesmo tempo, permite que haja um crescimento saudável da economia. Isso porque alguma inflação sempre existirá, e ela é indicativo de movimento da atividade econômica.
Quem define a meta de inflação é o Conselho Monetário Nacional (CMN). Esse é o órgão máximo do Sistema Financeiro Nacional (SFN), que cria as suas principais diretrizes de funcionamento. Em outras palavras, todas as instituições financeiras devem seguir as regras do CMN, pois estão subordinadas a ele.
Principais reflexos da alta dos juros na vida das pessoas
Por tudo o que vimos até aqui, você percebeu que a alta dos juros se reflete diretamente no seu poder de compra, certo? Ou seja, com o dinheiro mais caro, as pessoas gastam mais para adquirir os mesmos itens. Quando os juros permanecem altos por um período muito longo, a economia pode retrair demais e isso é prejudicial para as finanças de um país.
Por outro lado, dá para aproveitar a alta dos juros para encontrar boas oportunidades de investimentos na renda fixa. Nesse caso, títulos vinculados ao CDI ou à Selic se tornam mais atrativos com a alta das taxas. Lembrando que CDBs e Tesouro Selic são boas alternativas para a reserva de emergência de qualquer investidor.
Além disso, os títulos prefixados também são interessantes quando há uma sinalização do BC de baixar as taxas. Nesses momentos, para garantir juros mais altos, é bom pensar em títulos de prazos mais longos. Alguns exemplos são o Tesouro Prefixado, LCIs, LCAs ou mesmo CDBs de longo prazo.
Isso sem falar que, com inflação e juros em alta, os títulos atrelados ao IPCA são uma ótima forma de proteger o dinheiro da inflação.
Por fim, só tome o cuidado de não cair na poupança! Apesar de a modalidade ainda ser a preferida de brasileiros, ela é a pior escolha que você pode fazer para rentabilizar ou mesmo manter o poder de compra do seu dinheiro. Nesse sentido, existem outras opções igualmente seguras e muito mais rentáveis para você conseguir bons ganhos com a alta dos juros!