Investimentos high yield e high grade: o que isso significa?

No mundo dos investimentos, uma das lógicas mais conhecidas é a relação direta entre risco e retorno. Em outras palavras, quanto maior a disposição para assumir riscos, maior também será o potencial de rentabilidade que se pode alcançar. Nesse contexto, high yield e high grade são duas expressões muito importantes que você precisa conhecer para tomar as melhores decisões, de acordo com o seu perfil de investidor.

Quando falamos em risco nos investimentos, não estamos nos referindo só à bolsa de valores. Isso porque existe sim risco na renda fixa, e ele está associado a alguns fatores como emissor do título, liquidez, entre outros. Dependendo do nível de risco, esses ativos terão diferentes classificações, e é isso o que veremos na sequência deste conteúdo. Portanto, se você quer entender mais sobre a relação entre risco e potencial de ganhos nos investimentos, continue a leitura a seguir e conheça os ativos high yield e high grade.

O que é high yield?

O primeiro dos conceitos que conheceremos é high yield, que, na tradução literal, significa “alto rendimento”. Como o nome sugere, esses ativos são os que pagam rendimentos acima da média do mercado.

Você pode se perguntar: afinal, qual a razão para que um título pague taxas superiores ao que o mercado pratica? A resposta é muito simples: basicamente, porque esses ativos oferecem mais risco de crédito ao investidor.

Por exemplo, imagine uma empresa iniciante no mercado, ou que está passando por alguma dificuldade específica em sua operação. Nessa situação, ela terá mais dificuldade para captar recursos no mercado. Logo, para que os investidores se interessem por seus títulos, precisará oferecer juros mais altos do que empresas com boa saúde financeira.

Para determinar se um título como high yield, o mercado avalia a sua nota de risco, também chamada rating de crédito. Normalmente, os ativos dessa categoria são classificados como grau especulativo, e quem determina essa classificação são as agências de rating.

No mercado, temos três principais: Standard & Poor´s (S&P), Moody´s e Fitch. Cada uma delas utiliza o seu próprio sistema de códigos para atribuir as notas de risco, como BB+, Ba1, BB, entre outros, conforme escala a seguir:

Grau especulativo

Para fazer essa avaliação, as agências de risco consideram diversos aspectos e indicadores fundamentalistas das empresas. Entre eles, estão o histórico de vendas e resultados, EBITDA, evolução da dívida líquida, inadimplência, e assim por diante.

Características dos investimentos high yield

Como vimos, esses títulos oferecem rentabilidade acima da média do mercado, justamente pelo maior risco que carregam. Nesse sentido, é importante entender que, dependendo da evolução da empresa e do momento da economia, tanto o rating quanto a remuneração desses ativos podem variar ao longo do tempo.

Além do alto risco e rendimentos acima da média do mercado, esses títulos costumam apresentar elevada volatilidade. Isso porque a incerteza sobre a capacidade de pagamento dos emissores faz com que os preços desses ativos oscilem bem mais do que títulos menos arriscados.

Outro fator diretamente relacionado ao risco é a baixa liquidez, pois eles acabam sendo menos procurados do que investimentos mais seguros.

Quais são os investimentos high yield?

Você encontra opções desse tipo de investimento tanto na renda fixa quanto na renda variável. Na renda fixa, alguns exemplos são debêntures e Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs) de emissores que possuem rating de crédito mais baixo. Já na renda variável, temos ações de algumas small caps e alguns fundos imobiliários (FIIs) de papel classificados na categoria.

No caso dos fundos imobiliários de papel, eles são considerados high yield quando possuem CRIs e cotas de outros FIIs de rating mais baixo no seu patrimônio. Para quem busca mais rentabilidade, investir nesses ativos é uma forma de aumentar o dividend yield do fundo. Porém, lembrando sempre que a maior chance de ganho traz também maior risco para a carteira.

O que é high grade?

Já os investimentos high grade representam exatamente o oposto do que vimos no conceito anterior. Traduzindo a expressão, esses são os títulos com “alto grau de investimento”, pois possuem as melhores classificações de risco do mercado.

Diferentemente do que vimos no conceito anterior, os títulos high grade são emitidos por empresas mais consolidadas no mercado e estáveis financeiramente. Por serem mais seguros, oferecem rentabilidade menor do que a dos ativos de alto risco.

Da mesma forma que acontece com os ativos high yield, os investimentos high grade também possuem a classificação das agências de rating. Nesse caso, as suas notas correspondem ao grau de investimento concedido por essas agências, que são os seguintes:

Grau de investimento:

Alguns investidores costumam mesclar títulos high yield e high grade em suas carteiras. Dessa forma, conseguem equilibrar o risco total e aumentar as chances de rentabilidade do portfólio.

Características dos investimentos high grade

Como vimos, esses títulos são emitidos por empresas com baixo grau de risco. Isso por causa de sua capacidade financeira, potencial de geração de receita e resultados, bom posicionamento frente à concorrência, entre outros fatores.

O fato de oferecerem baixo risco ao investidor faz com que a remuneração desses títulos também seja menor se comparada aos high yield. Afinal, ao fazer um investimento high grade, pode-se ter maior tranquilidade em momentos de crises, pois essas empresas costumam enfrentá-los com maior resiliência. Ou seja, esses investimentos possuem menor volatilidade se comparados a títulos de maior risco.

Outra característica dos ativos high grade é possuírem maior liquidez do que os high yield. Pelo fato de serem mais seguros, costumam ser mais procurados por investidores de forma geral.

Quais são os investimentos high grade?

Nessa categoria, estão os títulos emitidos por empresas e instituições financeiras com bom rating de crédito. Assim com os ativos high yield, os títulos high grade podem ser de renda fixa ou variável. Por exemplo, ações e debêntures de blue chips, CRIs e CRAs de emissores com boa classificação de risco, fundos imobiliários de papel formados por títulos de baixo risco, e assim por diante.

High yield ou high grade: afinal, o que escolher?

Por tudo o que vimos, podemos concluir que a escolha entre uma ou outra modalidade dependerá principalmente da disposição para assumir riscos. Ou seja, se você tem um perfil de investidor mais conservador e não deseja correr maiores riscos, é natural que opte por ativos high grade. Por outro lado, se o objetivo for priorizar a rentabilidade, os títulos high yield serão opções mais atraentes. No entanto, nada impede que você tenha as duas estratégias na carteira, justamente para potencializar as chances de retorno.

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