Com a Selic em dois dígitos, a renda fixa se torna ainda mais atrativa quando o assunto é encontrar opções para rentabilizar os investimentos. No entanto, além dos ganhos, existem outros aspectos importantes para avaliar na hora de escolher um título de renda fixa.
Na prática, quem adquire um título de renda fixa está “emprestando” dinheiro para alguém em troca de uma remuneração previamente estabelecida. Por sua vez, o emissor desse título pode ser uma instituição financeira, uma empresa ou o próprio governo federal.
Esses papéis podem ter diferentes características, de acordo com o emissor, vencimento, possibilidade ou não de resgate antecipado e assim por diante. Por todas essas peculiaridades, a renda fixa não é toda igual como muitas pessoas pensam, pois pode oferecer graus de risco e potencial de rentabilidade distintos.
Diante de todas essas informações, como fazer a melhor escolha? É justamente sobre isso que falaremos a seguir. Portanto, se você está em busca de diversificação e quer conhecer melhor a renda fixa, fique conosco até o final desta leitura!
Como escolher um título de renda fixa?
No universo da renda fixa, podemos encontrar as mais diversas opções de emissores, prazos, aportes mínimos, e assim por diante. Nesse contexto, destacamos quatro aspectos fundamentais que se deve observar para a escolha, que são: objetivo do investimento, risco, tributação e momento da economia.
Todos eles são importantes para que se possa tomar a decisão mais adequada diante de cada contexto financeiro, conforme veremos agora.
1 – Objetivo do investimento
Quanto ao objetivo, dois aspectos importantes para se avaliar são o prazo do investimento e a forma de resgate.
Quanto ao prazo, há títulos de renda fixa que possuem liquidez diária ou imediata; outros podem levar meses para que se possa fazer o primeiro resgate; e há títulos que só podem ser resgatados no vencimento, sob pena de perda de rentabilidade.
Em relação à forma de resgate, alguns papéis oferecem a possibilidade de entradas de caixa periódicas, para quem busca uma renda passiva com investimentos. Veja alguns exemplos:
Reserva de emergência
Por exemplo, se o seu objetivo é formar a reserva de emergência, a sua prioridade ao escolher um título de renda fixa deve ser a liquidez. Isso porque de nada adianta optar por uma alternativa mais rentável e não conseguir resgatar os recursos no caso de um imprevisto financeiro.
Nesse caso, os CDBs com liquidez diária e o Tesouro Selic são boas alternativas para compor a reserva de emergência.
Reservas para o médio e longo prazo
Por outro lado, se você já tem reservas para o curto prazo e pode deixar o dinheiro investido por mais tempo, pode optar por um título de prazo mais longo. Aqui, já dá para pensar em um CDB prefixado de longo prazo, em Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs), ou em títulos de crédito privado no caso de investidores mais arrojados, conforme veremos no próximo tópico.
Caso seja necessário resgatar um título de longo prazo antes do vencimento, o investidor poderá fazer isso no mercado secundário de renda fixa. Porém, a remuneração que ele conseguirá nesse ambiente dependerá do interesse de outros investidores.
Com sorte, se as condições de mercado estiverem favoráveis, pode-se conseguir uma boa taxa. Mas, na pior das hipóteses, o título pode sofrer um ajuste negativo referente à marcação a mercado, que é uma atualização diária que ocorre em alguns ativos de renda fixa.
Na marcação a mercado, o ajuste diário no preço dos títulos pode ser para cima ou para baixo. Tudo vai depender das condições de mercado, e é justamente aí que se pode perder dinheiro em momentos desfavoráveis.
É muito importante entender como funciona essa sistemática de ajuste, pois ela afeta diretamente a rentabilidade dos investimentos. Clique abaixo e confira nosso artigo que fala especificamente sobre isso:
Marcação a mercado: como isso impacta os seus investimentos
Renda passiva com investimentos
Na renda fixa, é mais comum que o investimento seja resgatado todo de uma vez só. Porém, existem títulos que pagam juros durante o período da aplicação – a cada seis meses, mensalmente ou de acordo com outro fluxo.
O exemplo mais conhecido é o Tesouro Direto. Entre os títulos disponíveis, o Tesouro Prefixado e o Tesouro IPCA+ oferecem a possibilidade de receber juros trimestrais. E há também duas alternativas para quem deseja resgatar o investimento em parcelas, como uma renda complementar: o Tesouro RendA+, voltado à aposentadoria, e o Tesouro Educa+, pensado para custear gastos com educação no futuro.
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2 – Risco
Outro ponto importante a observar na hora de escolher um título de renda fixa é o risco do investimento. Normalmente, essa categoria é associada a perfis mais conservadores, no caso de CDBs, LCIs e LCAs e Tesouro Direto, por exemplo.
Porém, na renda fixa, existem os títulos de crédito privado, como debêntures, Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs) e Fundos de Investimento em Direitos Creditórios (FIDCs). Esses títulos são emitidos por empresas e não contam com a proteção do FGC (Fundo Garantidor de Crédito), o que torna o seu risco maior do que o da renda fixa bancária. Por isso, normalmente oferecem um rendimento mais atraente do que a renda fixa conservadora, sendo indicados para um perfil de investidor mais arrojado.
Além disso, os títulos de crédito privado costumam ter vencimentos mais longos, justamente por financiarem projetos de longo prazo. Isso também contribui para elevar o risco desse tipo de papel.
3 – Tributação
Quanto à tributação, um dos aspectos a conhecer na hora de escolher um título de renda fixa é a tabela regressiva do Imposto de Renda (IR). De acordo com o prazo da aplicação, as alíquotas do tributo sobre os rendimentos variam, iniciando em 22,5% até chegar à mínima de 15%.
Ou seja, quanto mais tempo você levar para resgatar o seu título de renda fixa, menos IR pagará sobre os rendimentos, na seguinte proporção:
Prazo do investimento | Alíquota IR |
Até 180 dias | 22,5% |
De 181 a 360 dias | 20% |
De 361 a 720 dias | 17,5% |
Acima de 720 dias | 15% |
Outro tributo que pode incidir sobre os títulos de renda fixa é o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras), mas somente quando ocorrer algum saque antes de 30 dias do início da aplicação. Nesse caso, as alíquotas iniciam em 96% e vão caindo até zerar no 30° dia do investimento.
Renda fixa isenta de IR
Na renda fixa, existem alguns títulos que são isentos de IR sobre os rendimentos, independentemente do prazo do investimento. É o caso, por exemplo, das LCIs e LCAs, dos CRIs e CRAs e das debêntures incentivadas.
Por conta dessa isenção, muitas vezes as instituições financeiras oferecem remunerações menores para esses títulos. Vale a pena fazer a conta caso a caso, pois a ausência de IR pode compensar a taxa mais baixa.
4 – Momento da economia
Dependendo das variáveis que influenciam a economia, haverá um ou outro investimento mais adequado para o momento.
Por exemplo, os títulos pós-fixados se beneficiam em um cenário de Selic alta, pois os seus rendimentos acompanham a trajetória dos juros. Nesse caso, o Tesouro Selic e os CDBs que pagam um percentual do CDI acabam sendo boas opções, pois garantem rentabilidade em linha com os juros mais altos.
Por outro lado, quando há expectativa de queda dos juros, adquirir um título prefixado é uma forma de garantir rendimentos mais altos. Isso porque, mesmo que a Selic venha a cair, quem investiu em um CDB pré ou no Tesouro Prefixado receberá a remuneração contratada no início da aplicação.
A inflação também é outro fator importante a ser avaliar na hora de investir. Quando as perspectivas são de preços em alta, investir em títulos atrelados ao IPCA ou IGP-M, por exemplo, garantem um retorno atrelado a esses índices, o que protege o dinheiro da desvalorização causada pela alta dos preços.