Entre os indicadores da análise técnica, o IFR – Índice de Força Relativa – é um dos mais populares entre traders e investidores que utilizam a metodologia. Basicamente, ele ajuda a identificar a tendência de um ativo, para que se possa avaliar o melhor momento de negociá-lo.
Se você está em busca de mais informações sobre análise técnica e deseja aprofundar seus conhecimentos, continue a leitura e saiba como utilizar o IFR na análise de ações e outros ativos financeiros.
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O que é IFR (Índice de força Relativa)?
Criado no final dos anos 70 pelo engenheiro mecânico e analista técnico J. Welles Wilder Jr, o IFR ainda hoje é um dos indicadores da análise técnica mais utilizados. Ele possibilita identificar como as forças compradoras e vendedoras do mercado evoluem ao mesmo tempo. Ao analisá-lo, podemos perceber se um ativo está superavaliado ou subavaliado, identificando o enfraquecimento de uma tendência ou o surgimento de outra e antecipando novos níveis de suporte e resistência antes que eles venham a ocorrer.
Em outras palavras, o IFR tira a temperatura do mercado, ao apontar para as chances de os preços subirem ou caírem. Isso ajuda o investidor a se posicionar da melhor forma, pois ele saberá se o momento é mais propício para a compra ou para a venda de um ativo.
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Como o IFR funciona?
Na prática, o IFR varia em uma escala de 0 a 100, sendo que, normalmente, o topo ocorre quando ele atinge 70 e o fundo quando bate 30. Se o ativo em questão superar o topo de 70, é sinal de que ele está sobrevalorizado, ou seja, negociado acima do seu valor justo, o que aponta para um mercado está sobrecomprado. Quando isso acontece, pode ocorrer uma correção do preço a qualquer momento, pois se espera que o movimento de alta comece a perder força.
Já quando o IFR cai abaixo de 30, isso significa que o ativo está subvalorizado – o mesmo que dizer que há sobrevenda no mercado. Nesse caso, a expectativa é de que um novo nível de suporte seja alcançado em breve e, a partir daí, ocorra uma reversão da tendência.
Por exemplo, suponha que as ações de uma empresa tenham aparecido no gráfico com o valor de 20. De acordo com o IFR, esse poderia ser um indicativo de que as ações estão subvalorizadas e, portanto, um sinal para compra. Por outro lado, se as ações alcançassem para um valor na faixa de 80, possivelmente estariam supervalorizadas, sinalizando um momento próprio para venda antes que ocorra a reversão da tendência.
Cálculo do IFR
As fórmulas que mostraremos a seguir são somente para que você entenda o racional do IFR. Não se preocupe, pois não é necessário calcular o indicador para utilizá-lo em suas análises, pois a sua própria corretora fornece o valor do índice.
Para calcular o Índice de Força Relativa de um ativo, é preciso aplicar a seguinte fórmula:
IFR = 100 – 100/(1 + FR) , onde: FR = ganho médio/perda média
O ganho médio corresponde à valorização média de um ativo em determinado período de tempo, e a perda média, a sua desvalorização no mesmo período. Segundo Wilder, criador do índice, o padrão sugerido para o cálculo é de 14 períodos, e as perdas são expressas sempre em valores positivos. Ou seja, no cálculo do ganho médio, os períodos em que o preço cai são contados como zero, e no cálculo da perda média, os períodos de aumento de preço é que são contados como zero.
Com isso, chegamos às seguintes fórmulas para o ganho médio e perda média:
Ganho médio = (ganho médio anterior x 13) + ganho atual / 14
Perda média = (perda média anterior x 13) + perda atual / 14
Na série de 14 períodos, o primeiro cálculo do ganho médio e da perda média corresponde à média simples. Já os cálculos seguintes são baseados na média anterior, e assim sucessivamente.
Interpretação do IFR no gráfico
Na leitura do indicador, os marcos de 70 e 30 são considerados zonas de alerta, pois são justamente os pontos identificados como limites para a sobrecompra e sobrevenda do ativo.
Relembrando: valores a partir de 70 indicam um excesso de compra no mercado, e isso joga o preço do ativo para cima. Logo, as chances de que esteja sobrevalorizado são grandes, o que sinaliza para um bom momento de venda. Já os valores de 30 para baixo remetem a um excesso de vendas e, consequentemente, a preços descontados, o que remete a um potencial momento para compra.
Atenção aos sinais de divergência
Até aqui, entendemos como interpretar o IFR no gráfico, a partir da observação dos valores que indicam sobrecompra (70) e sobrevenda (30). Porém, para lucrar com um ativo, de nada adianta identificar uma tendência quando ela já está no fim, e é aí que entra a importância de conhecer os sinais de divergência.
Quando o IFR e a tendência se movem na mesma direção, dizemos que existe convergência, e isso fortalece e dá velocidade à tendência. No entanto, algumas vezes você poderá observar que o índice e a cotação do ativo se movimentarão em direções opostas. Ou seja, pode ser que o ativo esteja apontando para novas máximas e o IFR indique uma baixa. E pode ser também que o IFR comece a subir mesmo com o ativo caindo.
Essas duas situações opostas (IFR subindo e ativo em queda, e vice-versa) marcam uma divergência. Se o investidor conseguir perceber isso e tomar uma decisão rápida, poderá ganhar ao se antecipar à nova tendência.
Para exemplificar um sinal de divergência, imagine a seguinte linha do tempo:
- – Dia 1: o preço de uma ação atingiu R$ 50 e o IRF bateu 75;
- – Dia 2: a ação recuou para R$ 45 e o IFR acompanhou o movimento, indo a 60;
- – Dia 3: a ação subiu para R$ 48, e o IFR subiu para 62.
Perceba que, mesmo tendo subido no terceiro dia junto com a ação, o índice não teve força para romper a zona de alerta na qual estava no dia 1, que era de 75. Essa situação é considerada uma divergência, e pode ser um indicativo de que a alta da ação não se sustente, e de que inicie uma tendência de baixa.
Logo, ao analisar o IFR, é importante sempre observar possíveis sinais de divergência. E, é claro, utilizar o máximo de indicadores técnicos possíveis, para que possam dar suporte a decisões mais assertivas sobre tendências e momentos certos de entrar ou sair de um ativo, o que é fundamental para quem opera no trade.