Para quem tem uma estratégia de investimentos com foco em dividendos, é muito importante conhecer determinados indicadores financeiros que auxiliam a encontrar ativos para esse fim. Nesse sentido, o dividend yield (DY) é um dos mais conhecidos e utilizados no mercado de forma geral.
Neste conteúdo, você saberá de que forma calcular e utilizar esse indicador na escolha de ativos que pagam dividendos, como ações e fundos imobiliários (FIIs). Além disso, conhecerá os diferentes fatores que podem influenciar na distribuição de resultados dos ativos financeiros. Portanto, se você está pensando em montar uma carteira de dividendos, ou se já tem uma e deseja mais informações sobre o assunto, continue a leitura a seguir!
O que é dividend yield
O dividend yield (ou simplesmente DY) é o indicador financeiro que demonstra qual o retorno de uma ação ou fundo imobiliário em relação ao seu dividendo. Nesse sentido, ele representa a relação entre os proventos distribuídos por uma ação ou FII e o preço atual dos respectivos títulos na bolsa de valores.
Como calcular o dividend yield
Para calcular o DY de uma ação, você precisará do valor de dividendos que a empresa pagou no período que deseja analisar e do preço da ação antes da distribuição dos dividendos. Com esses dados, basta aplicar a seguinte fórmula:
DY de ações = (dividendos pagos no período / preço da ação) x 100
No caso dos fundos imobiliários, a lógica é exatamente a mesma. Ou seja, basta relacionar os resultados distribuídos pelo FII em determinado período com o preço da cota:
DY de fundos imobiliários = (dividendos pagos no período / preço da cota) x 100
Exemplo
Veja agora um exemplo de cálculo do dividend yield de uma ação:
Suponha que a ação da empresa “X” estivesse sendo negociada na bolsa ao preço de R$ 40 antes da distribuição dos dividendos. Considere também que essa ação pagou R$ 5 de dividendos aos acionistas no último período analisado.
Nessa situação, o dividend yield da ação será o seguinte:
DY = (R$ 5 / R$ 40) x 100 = 12,5%
Ou seja, as ações da empresa “X” tiveram rendimento de 12,5% sobre o valor investido inicialmente. Esse é o significado do dividend yield nos investimentos.
Mas atenção: mesmo que o objetivo principal de sua estratégia de investimentos seja receber dividendos, não basta analisar somente o DY para escolher ações ou fundos imobiliários. Além disso, é preciso conhecer os diferentes aspectos que impactam na geração de resultados desses ativos, conforme veremos a seguir.
Como analisar o DY nos investimentos
Agora que já sabemos como calcular o dividend yield, é hora de entender o que pode estar por trás da geração de resultados de uma ação ou fundo imobiliário. A seguir, conheça algumas das principais variáveis que interferem na distribuição de lucros desses investimentos.
Resultados não recorrentes
Imagine que uma companhia fez uma revisão de sua estratégia comercial e decidiu que não era mais interessante atuar em determinada região do país. Nessa região, a empresa tinha um grande parque industrial, com prédios e maquinário próprios. Ao vender esse imobilizado, o lucro do exercício aumentou em relação a anos anteriores, justamente por causa da receita não operacional com a venda desses ativos.
Agora imagine essa mesma situação com um fundo imobiliário. Digamos que um FII tenha vendido um imóvel de seu patrimônio e não adquiriu outro em substituição. Nesse caso, os recursos dessa negociação fez com que o resultado do fundo fosse superior ao de outros períodos que não tiveram venda de imobilizado.
Em ambas as situações acima, o lucro na venda do imobilizado fez com que houvesse mais recursos a serem distribuídos para os investidores. Ou seja, tanto as ações quanto os FII terão dividend yield superiores nos exercícios em que ocorreram a negociação dos imóveis. No entanto, essas negociações não são recorrentes, pois o investidor não pode contar com uma venda expressiva de imobilizado o tempo todo. Por isso, além de observar o indicador em si, é preciso entender de onde veio o resultado que possibilitou uma distribuição maior de dividendos quando for esse o caso.
Setores da economia
Outro aspecto que impacta diretamente os dividendos de ações e de FIIs é o segmento da economia.
No caso das ações, é muito mais frequente a distribuição de resultados entre companhias de segmentos mais consolidados e tradicionais. Entre eles, podemos citar banco, telecomunicações, alimentos, infraestrutura, infraestrutura, entre outros. Normalmente, as empresas que atuam nesses setores já estão há bem mais tempo no mercado em comparação às da nova economia, como as de tecnologia, por exemplo. Nesse caso, a demanda por investimentos na operação acaba sendo menor, o que favorece o pagamento de dividendos mais robustos aos acionistas.
Por sua vez, empresas novatas e que atuam em setores de inovação precisarão investir pesadamente até que colham os primeiros resultados. Nesse sentido, não são poucos os casos de small caps que apresentam prejuízos nos primeiros anos de vida. No entanto, se essas empresas têm bons fundamentos, são bem geridas e se o cenário econômico for favorável, pode ser que tenham crescimento bem maior do que as gigantes da bolsa. Por isso, é importante entender que uma empresa que não paga dividendos pode sim ser um bom investimento.
Em relação aos FIIs, também podemos observar setores com mais regularidade na geração de resultados. Por exemplo, os fundos de galpões logísticos costumam apresentar mais previsibilidade em seus lucros, normalmente sem muitas alterações. Por outro lado, há FIIs cujos resultados apresentam mais oscilações, como os de shopping centers. Isso porque os aluguéis desses fundos (ou parte deles) estão atrelados às receitas das vendas dos lojistas. Lembrando que o comércio de shoppings é extremamente dependente do bom resultado da economia. Logo, em momentos de desaceleração do consumo, esses FIIs costumam sofrer com a alta vacância das unidades, o que impacta diretamente a distribuição de resultados aos cotistas.
Geração de caixa da empresa
Outro ponto importante a observar para entender o DY é de onde vêm os recursos utilizados pela empresa para distribuir dividendos. Eventualmente, algumas empresas podem estar utilizando o próprio caixa para isso, e não os resultados do exercício.
Isso pode acontecer quando uma companhia tem dificuldades de captar recursos no mercado, seja por já estar muito alavancada ou porque seus indicadores financeiros não estão bons. Nessa situação, acenar com um bom dividend yield é um atrativo para o investidor que só costuma ver o indicador e não analisar outros aspectos sobre a saúde financeira da empresa.
Por isso, o DY nunca deve ser utilizado isoladamente para selecionar uma boa ação. Nesse sentido, há diversos outros indicadores da análise fundamentalista que permitem uma avaliação mais completa da empresa, considerando aspectos internos e da macroeconomia.
Dividend yield e dividend payout: qual a diferença?
Além do DY, o dividend payout é outro importante indicador para quem investe com foco em dividendos.
Enquanto o DY mostra o quanto representam os dividendos pagos em um determinado período em comparação ao preço da ação, o payout fala sobre a política de dividendos em si de uma companhia. Em outras palavras, ele indica o quanto do lucro da empresa será distribuído aos seus investidores.
Da mesma forma que o DY, o dividend payout é expresso em percentual, e a sua fórmula é a seguinte:
Dividend payout = (dividendos totais / lucro líquido do período) x 100
Por exemplo, se o payout de uma empresa em determinado exercício foi de 25%, quer dizer que, no referido período, ela distribuiu 25% do seu lucro aos acionistas.
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