Tudo sobre renda fixa: guia completo para investir

Tempo de leitura: 8 minutos

Imagem mostra moedas e mudas de plantas em alusão à renda fixa
Imagem mostra moedas e mudas de plantas em alusão à renda fixa

Quanto falamos em renda fixa, normalmente associamos o tema à segurança e previsibilidade. Mas essa categoria contempla desde investimentos mais simples e acessíveis até estruturas mais sofisticadas, pois oferece uma grande diversidade de taxas, prazos, emissores, formas de resgate, e por aí vai.

Para mostrar que a renda fixa não é toda igual, preparamos este guia com tudo o que você precisa saber para começar a investir ou diversificar a sua carteira. Continue a leitura e conheça os diferentes investimentos dessa classe e os principais aspectos relacionados a eles – rentabilidade, risco, prazos, como escolher o melhor título, e assim por diante.

O que é renda fixa?

Como o nome diz, renda fixa é uma classe de investimentos que possui a rentabilidade determinada no momento em que se realiza a aplicação.

Por exemplo, se você adquire um título pós-fixado, isso significa que o rendimento será atrelado ao desempenho de uma taxa – normalmente Selic ou CDI. Mesmo que não se saiba quanto essas taxas irão oscilar durante o prazo do investimento, é certo que você receberá um percentual delas como remuneração.

O mesmo ocorre com um título prefixado, que paga uma taxa fixa de, por exemplo, 15% ao ano. Nesse caso, você sabe que receberá os seus 15% ao final do prazo contratado.

Ou seja, o que caracteriza a renda fixa é a sua previsibilidade, seja qual for a taxa acordada para o título em questão.

Rentabilidade da renda fixa

A maioria dos títulos de renda fixa que veremos mais adiante oferece três possibilidades de rentabilidade: pós-fixada, prefixada e híbrida (ou mista). Veja como funciona cada uma delas.

Pós-fixada

Na renda fixa pós-fixada, os indicadores de referência são a taxa Selic e o CDI, que se movimentam no mesmo sentido e são bastante próximos. Essa rentabilidade costuma ser expressa em percentual da taxa – como 98% ou 100% do CDI, por exemplo.

Nesse caso, o rendimento do título acompanha as oscilações dessas taxas, seja para cima ou para baixo. Por isso, momentos de juros em alta favorecem esses investimentos, pois conseguem capturar melhor a rentabilidade.

Prefixada

Já a taxa prefixada é normalmente expressa em percentual ao ano. Por exemplo, se você investe R$ 1.000 em um CDB que paga 15% ao ano, depois de 12 meses o seu rendimento bruto será de R$ 150, não importando se os juros subiram ou caíram no período.

Híbrida

Na rentabilidade híbrida, parte da taxa é fixa e parte acompanha um índice do mercado. Na maioria das vezes, esse indicador é o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor Amplo), índice que determina a inflação oficial do Brasil. Mas pode ser também a Selic, o CDI ou outro indicador do mercado financeiro a parte variável da rentabilidade.

Tributação da renda fixa

Sobre os rendimentos da maioria dos ativos de renda fixa incide o Imposto de Renda (IR), e pode incidir o IOF (Imposto sobre Operações Financeiras).

O IR segue a tabela regressiva, cujas alíquotas começam em 22,5% e vão diminuindo de acordo com prazo do investimento até chegarem à mínima de 15%, na seguinte escala:

Resgate do investimentoAlíquota IR
Até 180 dias22,5%
De 181 a 360 dias20%
De 361 a 720 dias17,5%
Acima de 720 dias15%

Por sua vez, o IOF só é cobrado quando ocorre um saque antes de 30 dias do início da aplicação. Nesse caso, as alíquotas iniciam em 96% sobre os rendimentos, e vão caindo até zerar no 30° dia.

Principais tipos de renda fixa

Para fins de risco, podemos classificar os ativos de renda fixa em três grupos distintos: Tesouro Direto, títulos de emissão bancária e crédito privado.

Essa distinção é muito importante, pois, ao contrário do que muitos pensam, nem toda a renda fixa é igualmente segura, conforme veremos a seguir.

Tesouro Direto

O Tesouro Direto é um programa criado em 2002 pelo Governo Federal, que ajudou a popularizar ainda mais a renda fixa. Esse investimento é bastante acessível, pois exige aportes iniciais baixos, e praticamente todos os bancos e corretoras oferecem esses títulos em seus portfólios.

Essa é considerada a renda fixa mais segura mercado, já que o governo é o próprio garantidor do investimento.

O programa conta com cinco títulos, que se diferenciam basicamente pela rentabilidade, prazo e forma de resgate, conforme veremos a seguir.

Tesouro Selic

Entre os títulos públicos, o Tesouro Selic é o único que possui rendimento pós-fixado (atrelado à taxa Selic) e liquidez diária. Logo, é uma das alternativas para compor a reserva de emergência, fundamental na carteira de todo investidor.

Tesouro Prefixado

No Tesouro Prefixado, o rendimento é definido por uma taxa fixa anual – como 15% ao ano, por exemplo. Esse título é de longo prazo, com vencimento mínimo de três anos, em média. É possível resgatá-lo antecipadamente, pois o Tesouro Direto garante a recompra dos títulos, porém pelo valor de mercado, o que não garante a sua remuneração original.

Dependendo do tipo de Tesouro Prefixado, os juros são pagos junto com o principal no vencimento ou a cada seis meses. A segunda alternativa pode ser interessante para quem está em busca de uma renda extra com investimentos.

Tesouro IPCA+

O Tesouro IPCA+ é a modalidade híbrida do programa, com parte da remuneração fixa e parte atrelada ao IPCA.. Assim como o prefixado, esse título também é de longo prazo, e oferece a possibilidade de receber juros semestrais ou junto com o principal no vencimento.

Tesouro RendA+

O Tesouro RendA+ se destina a formar reservas para a aposentadoria. A sua lógica é a mesma da previdência privada, ou seja, há um período de acumulação, durante o qual ocorrem os aportes, e outro de conversão da renda, que ocorre em 240 meses seguidos (20 anos).

Esse título também é híbrido, com parte da taxa fixa e parte vinculada ao IPCA.

Tesouro Educa+

O Educa+ é o título mais novo do Tesouro Direto, lançado em agosto de 2023, e com o mesmo mecanismo do RendA+. A diferença é que, nesse caso, o investimento visa custear gastos com educação no futuro, e o resgate é feito em 60 parcelas mensais consecutivas (5 anos).

A sua remuneração também é atrelada ao IPCA e a uma taxa fixa anual.

Títulos de emissão bancária

A maioria dos títulos de renda fixa emitidos por instituições financeiras conta com a proteção do Fundo Garantidor de Crédito (FGC). Teoricamente, isso faz com que também estejam entre os investimentos mais seguros do mercado.

Se o banco que emitiu o título vier a quebrar, o FGC garante ao investidor o ressarcimento de até R$ 250 mil por emissor até o limite de R$ 1 milhão. Esse é o caso dos investimentos que veremos a seguir.

CDB

O Certificado de Depósito Bancário (CDB) é emitido por instituições financeiras com a finalidade de captar recursos. Na prática, quando você adquire um CDB, está emprestando dinheiro ao banco emissor por determinado período, e receberá juros por esse empréstimo.

Os CDBs pós-fixados são os que costumam ter liquidez diária ou imediata. Assim como o Tesouro Selic, eles são uma alternativa para a reserva de emergência.

RDB

Na prática, o Recibo de Depósito Bancário (RDB) funciona como um CDB, mas com diferenças importantes quanto à liquidez, disponibilidade e negociação.

Normalmente, o RDB não tem liquidez antes do vencimento, e a sua oferta no mercado é bem menor do que a de CDBs. Além disso, por determinação do Banco Central, eles não podem ser negociados no mercado secundário, o que também restringe a sua demanda entre os investidores.

LCI e LCA

As Letras de Crédito Imobiliário e do Agronegócio (LCIs e LCAs) também seguem a lógica dos dois títulos anteriores. Nesse caso, os recursos captados pelos bancos têm destinação específica, que é o financiamento das carteiras de crédito imobiliário e do agronegócio das instituições emissoras.

Outra peculiaridade das letras de crédito é a isenção de Imposto de Renda sobre os rendimentos para os investimentos na pessoa física. E existe uma carência mínima obrigatória, que é de 12 meses para a LCI e de 9 meses para a LCA.

LCD

Regulamentada em agosto de 2024, a Letra de Crédito do Desenvolvimento (LCD) é o mais novo título de renda fixa do mercado.

“Prima” das LCIs e LCAs, ela também é isenta de IR, e o seu propósito é financiar projetos voltados a micro, pequenas e médias empresas brasileiras. Somente bancos de fomento podem emiti-la, como o BNDES e outras instituições regionais.

Crédito privado

Assim como o governo e as instituições financeiras, as empresas também emitem títulos de dívida para financiar as suas atividades. Essa é a categoria de crédito privado da renda fixa, mais arrojada do que as anteriores porque não conta com a proteção do FGC ou do governo. Em contrapartida, esses títulos normalmente possuem um rating de crédito, para orientar o investidor quanto ao grau de risco.

Devido ao seu propósito (financiamento da atividade empresarial), os ativos de crédito privado costumam ser de longo prazo, muitas vezes com vencimentos superiores aos de emissão bancária. Veja a seguir quais são eles.

Debêntures

Assim como as ações, as debêntures servem para financiar os projetos e a operação das empresas de forma geral. A diferença é que, ao adquirir uma debênture, você não se torna sócio da empresa, e sim credor, pois receberá o dinheiro de volta no futuro acrescido de uma taxa predeterminada. Ao final da operação, o seu vínculo com o emissor do título se desfaz.

Nessa categoria, existe uma modalidade isenta de IR sobre os rendimentos – as debêntures incentivadas. Trata-se de um incentivo fiscal para investir em companhias que atuam em setores importantes para o desenvolvimento nacional, como infraestrutura, saneamento, construção de estradas, entre outros.

CRI e CRA

Os Certificados de Recebíveis Imobiliários e do Agronegócio (CRIs e CRAs) têm o mesmo propósito das letras de crédito que investem nesses setores. No entanto, quem emite esses títulos não são bancos, e sim securitizadoras – empresas que convertem recebíveis em títulos para negociação.

Os CRIs e CRAs também contam com isenção de IR sobre os rendimentos.

FIDC

O Fundo de Investimento em Direitos Creditórios (FIDC) é uma opção mais sofisticada dentro da renda fixa e ainda não tão popular, pois foi liberada para o público em geral somente em outubro de 2023. Antes, só investidores qualificados ou profissionais tinham acesso a esse ativo.

Esse tipo de fundo investe em direitos creditórios, normalmente originados do contas a receber de empresas. Um exemplo é o FDIC da Casas Bahia, lançado em fevereiro de 2025. Segundo informações da empresa, a operação tem o objetivo de ampliar sua capacidade de financiamento e fortalecer o crediário nas lojas.

Apesar do nome, o FDIC não é um fundo de investimento tradicional. Isso porque ele possui peculiaridades que envolvem estrutura, tipo de cotas e prazos, por exemplo. Embora sejam mais comuns os voltados ao comércio, há FDICs que contemplam recebíveis da indústria, do setor imobiliário, do agronegócio, entre outros.

E a poupança?

Decidimos falar sobre a poupança em um capítulo à parte, pois ela ainda é a aplicação mais popular entre os brasileiros. Isso não é bom para as finanças, pois existem alternativas tão seguras e acessíveis – e bem mais rentáveis também.

O rendimento da poupança é o mesmo em todas as instituições financeiras, e o seu cálculo considera dois períodos: um antes e um depois de 4 de maio de 2012. Aplicações feitas antes dessa data rendem 0,5% ao ano + TR (Taxa Referencial). Já os aportes feitos depois são remunerados conforme a seguinte regra:

  • – Para Selic abaixo de 8,5% ao ano: 70% da taxa Selic + TR;
  • – Para Selic acima de 8,5% ao ano: 0,5% ao mês + TR

Para se ter uma ideia, a TR ficou zerada de 2018 a 2020 e, de lá para cá, não atingiu 2% ao ano, tendo encerrado 2024 em 0,814%. Outro ponto importante a considerar é a inflação, que chegou a ultrapassar o rendimento da poupança de 2019 a 2021.

E, com a Selic acima de dois dígitos, a caderneta se torna ainda menos interessante do que os títulos conservadores de renda fixa que vimos anteriormente. Ou seja, opções não faltam para você sair da poupança e investir com mais rentabilidade!

Como escolher a melhor renda fixa?

Na hora da escolha, um dos principais pontos a observar é o risco do investimento.

Como vimos, existem títulos de renda fixa mais arrojados, que não contam com a garantia do governo ou do FGC. Logo, esses investimentos são adequados para perfis mais arrojados, com maior tolerância ao risco. Já para a carteira de um investidor mais conservador, os títulos públicos e de emissão bancária fazem mais sentido.

Outro aspecto importante é o objetivo do investimento, que, normalmente, está ligado ao prazo do título. Por exemplo, para a reserva de emergência, o fundamental é segurança e alta liquidez. Nesse caso, duas alternativas que atendem a esses critérios são os CDBs pós-fixados de grandes bancos (menor risco) e o Tesouro Selic.

Por outro lado, se o foco é o longo prazo, dá para pensar em CDB de prazo mais longo, letra de crédito, Tesouro Prefixado ou IPCA+ (para proteger contra a inflação) ou em crédito privado, se isso for compatível com o perfil de risco.

Para obter renda extra de tempos em tempos, o Tesouro Direto com juros semestrais pode ser uma boa opção. Se o plano for complementar a renda no futuro, o Tesouro RendA+ cumpre com esse papel. E por aí vai.

Vamos te ajudar a cuidar melhor do seu dinheiro!

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